Margarida Ottoni - O Planeta dos Homens Sem Cor (pdf(rev)
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— Mamãe, fique comigo!<br />
Ela se sentou a meu lado e me acariciou os cabelos. Em poucos<br />
minutos, adormeci.<br />
5<br />
Acordei sobressaltada, como se alguém me houvesse sacudido.<br />
Havia claridade no quarto, embora muito suave. Começava a raiar um<br />
novo dia.<br />
Um só pensamento me veio: o de abrir a janela e olhar para fora.<br />
Surpreendentemente, o mal-estar que me prostrara na véspera se<br />
convertera em boa disposição.<br />
Finquei os cotovelos no peitoril e percorri com os olhos to<strong>dos</strong> os<br />
cantos avistáveis do clube. Depois, fixei a praia distante: o mar agitado,<br />
a areia branca, o Sol nascente e um bando de gaivotas que ia e vinha, a<br />
pouca altura, para mergulhar e, rápido, emergir...<br />
Divisei um vulto que caminhava devagar, ao longo da orla<br />
marítima. De quando em quando, abaixava-se e recolhia algo que<br />
guardava nos bolsos. Observando-lhe o físico e o traje, reconheci-o.<br />
Troquei de roupa às carreiras e saí porta afora, em direção à<br />
praia. E fui correndo, receosa de que desaparecesse. Mas, enquanto<br />
corria, minha cabeça voava dessa a outra idéia: seria certo ir ao<br />
encontro de alguém cuja presença tantas dúvidas semeava em meu<br />
espírito? Talvez houvesse perigos que eu ignorava.<br />
Ele me avistou de longe. Acenou para mim e veio alcançar-me a<br />
meio caminho. Reparei que seus pés não se enterravam na areia, como<br />
os meus. Pareciam pairar a alguns centímetros do solo. E as pegadas?<br />
Óh, Deus! Não as vi!