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JORNAL dos BAIRROS

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<strong>JORNAL</strong> <strong>dos</strong> <strong>BAIRROS</strong><br />

ANO I - N 0 5 - RECIFE, DEZEMBRO DE 1978 PREÇO CR$ 2,00<br />

POLUIÇÃO ATACA EM<br />

GOIANA E CAMARAJIBE<br />

ETEMPO<br />

DE FESTAS.<br />

MAS, CADÊ<br />

A ALEGRIA<br />

DO POVO<br />

O Jornal <strong>dos</strong> Bairros<br />

entrevistou muita gente<br />

sobre o Natal.<br />

Leia nas páginas 4 é S<br />

©sfiairrosd<br />

Duas fábricas, a Ponsa<br />

em Goiana e a Cia.<br />

Industrial Pernambucana<br />

em Camarajibe, estão<br />

prejudicando a vida de<br />

milhares de pessoas.<br />

Em Goiana, pescadores e<br />

agricultores fizeram uma<br />

Assembléia e em<br />

Camarajibe já existe a<br />

proposta de um<br />

abaixo-assinado.<br />

Leia nas páginas 2 e 7.<br />

» c


Carta aos leitores Ponsa polui em Goiana- pescadores protestam<br />

Temos um boa noticia para os nos-<br />

sos amigos e leitores: conseguimos<br />

term inar o ano fazendo o Jornal <strong>dos</strong><br />

Bairros no Recife. Agora não é mais<br />

preciso mandar para o Rio ou São<br />

Paulo, o que quer dizer que pode-<br />

mos trabalhar com mais tempo e<br />

melhore, ainda, eliminar os atrasos<br />

que têm atrapalhado o Jornal.<br />

Outra novidade é que o Jornal <strong>dos</strong><br />

Bairros está lançando uma cam-<br />

panha de assinaturas: você paga<br />

Cr$ 40,00 e recebe o jornal na sua<br />

casa todo mês, durante um ano; ou<br />

paga vinte e faz uma assinatura<br />

semestral. Que tal dar uma assina-<br />

tura do Jornal <strong>dos</strong> Bairros de pre-<br />

sente neste Natal?<br />

Outra inovação que o Jornal vai<br />

apresentar já em janeiro de 1979 é<br />

escolher um bairro todo mês e fazer<br />

diversas reportagens sobre aquele<br />

bairrora história do bairro, seus<br />

problemas, suas festas, seus per-<br />

sonagens famosos, tudo que inte-<br />

ressar aos moradores e aos leitores<br />

do Jornal <strong>dos</strong> Bairros.<br />

Também pretendemos melhorar o<br />

sistema de venda do Jornal, para<br />

que, aliás,a sua colaboração é mui-<br />

to importante. Hoje já estamos ven-<br />

dendo uma média de sete mil jor-<br />

nais por número, o que é muito bom<br />

para um jornal que começou há seis<br />

meses. Mas temos certeza que po-<br />

demos chegar- a--muito, mais que<br />

isso.<br />

Enfim, 1979vai ser um ano de muito<br />

trabalho<br />

<strong>JORNAL</strong> DOS <strong>BAIRROS</strong><br />

COLABORADORES<br />

Severina Ramos<br />

Amadeu Nascimento<br />

'Vicente Amado<br />

Maria José Oliveira<br />

Yolanda Carveret<br />

Filomena Ramos<br />

Platão<br />

Vilson<br />

Abimael Galindo<br />

iJanina Adamenas<br />

Paulo Santos<br />

Maria José Lemos<br />

Luiz Alves<br />

Vera Regina Baroni<br />

Augusto Pimentel<br />

Homero ponseca<br />

Manoel Inácio de Lira<br />

Nila Cordeiro<br />

Antônio Carlos<br />

Eduardo Homem<br />

Emerson Xavier da Silva<br />

Severina Aliança<br />

Claudionor Gomes<br />

Edson de Lima<br />

Maria da Penha Silva<br />

Mareio di Pietro<br />

Margarida Serpa<br />

Valdecira Maria Vieira<br />

Paulo Andrade<br />

José Maria Andrade<br />

(Editor Responsável)<br />

Jornal <strong>dos</strong> Bairros - é uma publica-<br />

ção da Editora Nossa Ltda. Redação<br />

e Administração: Rua <strong>dos</strong> Coelhos,<br />

317 - Recife - Pe - Diretores: Amadeu<br />

Nascimento, Margarida Serpa, Ve-<br />

ra Regjna Baroni. Composto e Im-<br />

presso nas oficinas do Jornal da<br />

Semana. Rua Prof. Andrade Bezer-<br />

ra, 1442, Saígadinho, Olinda, Pe.<br />

2 - Jornal <strong>dos</strong> Bairros<br />

No domingo, dia 10 de dezem-<br />

bro, pescadores e agricultores do<br />

município de Goiana reuniram-se<br />

na frente da sede da Colônia de<br />

Pesca - que está sob intervenção há<br />

mais de cinco anos - para protestar<br />

contra a poluição do rio Goiana e do<br />

litoral da região.<br />

A Assembléia contou com o<br />

apoio da Pastoral <strong>dos</strong> Pescadores e<br />

estavam presentes pescadores de<br />

diversas regiões, inclusive de João<br />

Pessoa. Também compareceu o<br />

bispo D. José Maria Pires e o presi-<br />

dente da Companhia de Preserva-<br />

ção <strong>dos</strong> Recursos Hídricos de Per-<br />

nambuco, que foi prestar contas<br />

aos pescadores e agricultores de<br />

porque o governo não proíbe que<br />

empresas industriais e usinas de<br />

açúcar despejem seus detritos nas<br />

águas <strong>dos</strong> rios e do mar, provocan-<br />

do a mortandade <strong>dos</strong> peixes e a<br />

miséria das pessoas que vivem da<br />

pesca.<br />

Durante a Assembléia falaram<br />

diversos pescadores e agricultores<br />

que contaram os problemas por que<br />

estão passando. Segundo seus de-<br />

poimentos, a maior responsável pe-<br />

la poluição do rio Goiana é a Ponsa,<br />

uma fábrica de papel do grupo in-<br />

dustrial do senhor Israel Klabin. Ela<br />

despeja soda cáustica no rio, que<br />

mata peixes, camarões, caranque-<br />

jos, e deixa um horrível cheiro nas<br />

águas de Goiana.<br />

Também durante a Assembléia<br />

foi lido e aprovado o texto de uma<br />

carta que os pescadores enviaram<br />

para o presidente da República, ge-<br />

neral Ernesto Geisel, solicitando<br />

providências urgentes contra a po-<br />

luição. Outras cartas já foram en-<br />

Natal<br />

Presa<strong>dos</strong>amigos<br />

Querem os conv idá-los, vocês da<br />

equipe do Jornal, para a festa de<br />

Natal que anossa Associação pro-<br />

movera no dia 16 de dezembro pró-<br />

ximo, às 20 horas. Haverá sorteio de<br />

uma cesta de Natal e um jantar de<br />

confraternização. Queríamos tam-<br />

bém aproveitar do Jornal para con-<br />

vidar a todasdomésticas para virem<br />

também à nossa festinha, à rua<br />

Conde da Boa Vista, 647.<br />

Até lá.<br />

Associação.das Empregadas<br />

Domésticas do Recife<br />

Não perderemos a ocasião de<br />

estar presentes comemorando jun-<br />

tos o Natal. Até lá e bom trabalho!<br />

Puebla<br />

Presado Editor<br />

Saudações. A Editora Vozes acaba<br />

de publicar o folheto intitulado<br />

"Vamos To<strong>dos</strong> a Puebla", prepara-<br />

do após ampla consulta, todo ilus-<br />

trado, mostrando, através de um<br />

"desafio" entre um peregrino e um<br />

caminheiro, a diferença entre a I-<br />

grejaantigaea Igreja nova que vai a<br />

Puebla no ano que vem.<br />

Este folheto pode ser encomenda-<br />

do diretamente á Editora Vozes (Cx.<br />

P. 23 - 26.000 - Petrópolis RJ). O<br />

pacote de 100 unidades a Cr$ 3,00<br />

cada com os descontos de praxe.<br />

Adélia O, de Carvalho - Recife<br />

viadas para autoridades do governo<br />

federal, mas até aqui nada aconte-<br />

ceu que aliviasse a situação <strong>dos</strong><br />

pescadores. Apenas a promessas<br />

de que o senhor Israel Klabin está<br />

com muito boa vontade de resolver<br />

o problema. Mas, como não é ele<br />

que pesca para sobreviver nem<br />

quem está sentindo o cheiro do rio<br />

Goiana, nem a sua mulher está im-<br />

pedida de lavar roupa nas águas do<br />

rio, não está com pressa de tomar<br />

alguma providência.<br />

O presidente da Companhia aqui<br />

de Pernambuco encarregada de<br />

controlar a poluição diz que não<br />

pode fazer nada de um dia para<br />

outro. Soque tem anos que a Ponsa<br />

polui o Goiana. Ele alega também<br />

que se a fábrica fechar vai deixar 800<br />

pais de família sem emprego. Está<br />

certo, os pescadores não querem<br />

que os operários percam seus em-<br />

pregos, mas eles, os pescadores,<br />

sã o 3.500 e ninguém parece se preo-<br />

cupar com a fome que estão pas-<br />

sando.<br />

Abaixo o Jornal <strong>dos</strong> Bairros<br />

transcreve a carta que os pescado-<br />

res de Goiana enviaram ao presi-<br />

dente da República:<br />

Ao Exm " Sr. Presidente da Repúbli-<br />

ca e a todo o Povo de boa vontade<br />

Nós, pescadores {homens e mu-<br />

lheres) de toda a bacia do Rio Goia-<br />

na, que abrange as localidades de<br />

Goiana, Carne de Vaca, Tejucupapo<br />

e São Lourenço (PE), Barreiras<br />

Grande, Pitimbú e Acaú (PB), esta-<br />

mos lhe escrevendo para lembrçros<br />

nossos problemas de poluição do<br />

Rio Goiana.<br />

Descaso<br />

Sou do Córrego do Genipapo e<br />

venho observando, como também<br />

sofrendo, as conseqüências das<br />

coisas tão essenciais que nos fal-<br />

tam.Que descaso,Deus meulFar-<br />

mácia, coletor de lixo e posto de<br />

saúde nem se fala. As ruas são um<br />

eterno lamaçal de inverno. E sabe?<br />

A Sunab deve dar umas voltinhas<br />

por aqui, tem gente se aproveitan-<br />

do. Passaram as eleições, quero ver<br />

agora o que os pobres eleitores irão<br />

ganhar com tudo isso. Espero que o<br />

M DB agora mostre que irá cumprir<br />

suas promessas. Afinal, somos to-<br />

<strong>dos</strong> filhos de Deus e, quem prome-<br />

te, deve. Parece que aqui é um lu-<br />

garzinho esquecido, porém, eu es-<br />

tou satisfeita com a vitória do Au-<br />

gusto Lucena, ele merece. Na mi-<br />

nha opinião, foi um <strong>dos</strong> melhores<br />

prefeitos.<br />

MariaJoséümadeOliveira-<br />

Rua Doralice, 57- Macaxeira<br />

Apelo<br />

Companheiros<br />

Venho por meio desta pedir para<br />

fazer um apelo. No Pronto Socorro<br />

Velho, vai uma pessoa humilde fa-<br />

zer um Hemograma de Sangue ou<br />

exame de urina, cobram Cx% 200,00.<br />

Eu faço uma pergunta: - Quem faz<br />

biscaite, como cuida da saúde?<br />

José Ribeiro<br />

Não é só nós, mas também to-<br />

<strong>dos</strong> que precisam do peixe para<br />

comer e atualmente não tem, como<br />

acontece nas cidades vizinhas de<br />

Caaporã, Alhandra etc.<br />

Essa poluição de que falamos ó<br />

causada principalmente pela fábri-<br />

ca PONSA que solta no rio todas as<br />

suas descargas de soda cáustica e<br />

acaba com to<strong>dos</strong> os nossos meios<br />

de vida que é a pesca.<br />

Ao mesmo tempo, Sr. Presiden-<br />

te, essa poluição causa sérios pro-<br />

blemas de saúde aos pescadores,<br />

na pele e com um terrível mau<br />

cheiro.<br />

Também acusamos o recebi-<br />

mento de uma carta do Secretário<br />

do Meio Ambiente, Dr. Paulo No-<br />

gueira Neto que nos escreve o se-<br />

guinte:<br />

"Falamos pessoalmente sobre o<br />

problema da PONSA com o Enge-<br />

nheiro Israel Klabin, Diretor do Gru-<br />

po Econômico ao qual pertence a<br />

fábrica. O Dr. Israel mostrou a<br />

maior boa vontade em encontrar<br />

uma solução para o caso..."<br />

Foi isso que nos escreveu o ur.<br />

Paulo Nogueira Neto. Mas, até aqui<br />

nada foi feito contra a poluição. È<br />

por essas injustiças que estamos<br />

reuni<strong>dos</strong> no Balde do Rio Goiana,<br />

para um debate com várias autori-<br />

dades sobre o problema da polui-<br />

ção.<br />

Esperamos que V. Excia. o mais<br />

cedo possível tome as providências<br />

necessárias contra essa poluição<br />

criminosa que mata a gente á min-<br />

gua.<br />

Assinam esta carta pescadores e<br />

o povo solieláriorr- * - „.„.<br />

Olinda, 10 de dezembro de 1978.<br />

Pedros e M árias<br />

(Uma história)<br />

Maria sonhou certo dia<br />

que um dia iria casar<br />

com Pedro; operário cansado,<br />

sem dentes ou força pra amar<br />

com Pedro, operário sem eira<br />

nem beira. Besteira pensar...<br />

Talvez Pedro pense que a vida<br />

é o tempo de apenas trabalhar<br />

talvez Pedro pense num samba<br />

talvez nem enxergue a canção<br />

que existe nos olhos de Maria<br />

no seu rosto aflito de paixão.<br />

Maria que lava no rio<br />

Maria operária banguela<br />

Maria ex-amante de João<br />

Maria que é filha da terra<br />

Maria GRANDEZA DA NAÇÃO<br />

que ama seu Pedro faminto<br />

um Pedro, um mulato danado,<br />

um Pedro tão endividado<br />

um Pedro que paga caução<br />

um Pedro operário calado<br />

um Pedro querido Patrão<br />

um Pedro de samba de Chico<br />

um Pedro que ergue construção.<br />

Quem sabe se um dia esse Pedro -<br />

medita Maria co'afeição -<br />

se lembre que não é brinquedo<br />

que não paga a pena o refrão<br />

dum samba que efeito com sangue<br />

com leite e suor do Pedrão.<br />

Talvez Pedro pense na vida:<br />

Maria trabalho e justo pão,<br />

Maria alegria e uma canção,<br />

Maria com Pedro e com nação.<br />

Emerson Xav ler daSilva


J .B. - Desde quando a fábrica do<br />

Zumbi está fechada?<br />

Zé - Oficialmente fechou no dia<br />

11 de novembro, mas já faziam 3<br />

semanas que a gente carimbava o<br />

cartão sem produzir. A direção da<br />

fábrica todo dia prometia a chegada<br />

do material oara o dia seguinte e<br />

assim foi cozinhando a turma du-<br />

rante todo esse tempo.<br />

J B - Quantos operários a fábri-<br />

ca tinha no dia que fechou?<br />

Zé - A fábrica rodava com apro-<br />

ximadamente 600 ooerários, porém<br />

de novembro de 77 para cá começa-<br />

ram as demissões. De mês em mes<br />

saía uma turma, variava entre 30 e<br />

60 demiti<strong>dos</strong> de cada vez.<br />

No dia li de novembro, dia do<br />

fechamento, tinha 120 operários.<br />

J.B. - Qual é a situação desses<br />

operários agora?<br />

Zé - Dos que saíram primeiro,<br />

tem uma média de 250 que não foi<br />

resolvido ainda a situação. Tem<br />

gente que já fâz 1 ano que saiu e<br />

ainda não recebeu nada. Muitos já<br />

deram por perdido e deixaram de ir<br />

na justiça. Estão trabalhando em<br />

outrocantoou viajaram. Dos120de<br />

agora, <strong>dos</strong> quais eu faço parte, a<br />

questão ainda nem foi encaminha-<br />

da para a justiça. O último salário<br />

que a fábrica pagou foi no dia 21 de<br />

outubro e ainda está devendo 2<br />

meses de abono de família, sem<br />

falar que tem uma questão na justi-<br />

ça prá receber o abono de família de<br />

Todo mundo sabe que a situação<br />

está péssima.Que o salário, e até<br />

mesmo três, quatro, cinco, salários<br />

não estão dando pra nada.<br />

Carne hoje em dia ô uma festa.<br />

Quem tem casa própria corre<br />

menos risco de morrer de fome.<br />

Mas quantos têm casa própria?<br />

Por essas coistas, e por muitas<br />

outras mais, que 300 mil operários<br />

de São Paulo,e de dois municípios<br />

do lado da capital paulista, Osasco<br />

e Guarulhos, entraram em greve no<br />

dia 31 de outubro passado. Os tra-<br />

balhadores metalúrgicos e seus<br />

Sindicatos exigiam <strong>dos</strong> patrões<br />

70% de aumento e o governo man-<br />

dava dar pouco mais de 40% .<br />

Como os patrões não aceitaram<br />

as reivindicações <strong>dos</strong> trabalhado-<br />

res, os operários, em cada fábrica,<br />

realizaram suas Assembléias, que<br />

decidiram decretar a greve pelos 70<br />

% de aumento e estabilidade sindi-<br />

cal para os operários membros das<br />

comissões do fábrica.<br />

Essas comissões de fábrica,es-<br />

colhidas pelos trabalhadores de ca-<br />

da uma delas, foram, aliás,uma das<br />

maiores conquistas <strong>dos</strong> operários<br />

de São Paulo. Elas foram a forma<br />

que os trabalhadores encontraram<br />

de organizar a discussão <strong>dos</strong> seus<br />

problemas de cada indústria de en-<br />

caminhar suas reinvindicações e<br />

movimentos.<br />

Greve em Osasco durou 7 DIAS.<br />

AZumbMechou:<br />

120famílias passam prhsaç jt^-t<br />

novembro e dezembro do ano pas-<br />

sado.<br />

J.B. - Por que vocês ainda nas<br />

entraram com a questão na justiça?<br />

Zé - Tem um sr. de nome José<br />

Silva que foi colocado na fábrica<br />

como sindico pelo Juiz da RV^ncia.<br />

Esse senhor, junto com alr , en-<br />

carrega<strong>dos</strong> botou na cabeç,-, ■ po-<br />

vo fazer um abaixo-assinadd para a<br />

fábrica voltar a rodar. Mas. para ela<br />

rodar, tem que sustar o processo de<br />

falência e nisso perdemos muito<br />

tempo com a história do roda-não-<br />

^<br />

roda. A nossa situação é calamito-<br />

sa . São 120 pais de família passando<br />

fome e não vendo decisão de nada,<br />

Nem deram baixa nas nossas cartei-<br />

ras. Disse o presidente do Sindicato<br />

que só davam baixa nas carteiras<br />

com ordem do Juiz e ninguém sabe<br />

quando, nem ao menos a gente<br />

pode procurar emprego em outro<br />

canto.<br />

J.B. - Vocês tem recebido alguma<br />

ajuda?<br />

Zé - No começo nós queríamos<br />

sair em grupo para pedir nos Super-<br />

merca<strong>dos</strong>, nas feiras, mas para isso<br />

precisava ter autorização de algu-<br />

maautoridade. Nós combinávamos<br />

para falarcom o presidente do Sindi<br />

cato. A resposta foi essa: "Não digo<br />

que peça nem que não peça, mas<br />

vou telefonar para o Delegado Re-<br />

gional do Trabalho para ver se ele<br />

autoriza?" E ele disse que o Delega-<br />

do disse que de jeito nenhum a<br />

gente saísse na rua pedindo. Que<br />

ele ia mandar uma ajuda. E essa<br />

ajuda que tocou prá nós foi de Cr$<br />

50,00 por semana. Tivemos noticias<br />

que saiu num jornal que a gente<br />

estava recebendo ajuda da Delega-<br />

cia Regional do Trabalho, <strong>dos</strong> Su-<br />

permerca<strong>dos</strong>, do Sindicato e tíos<br />

Industriários, dando a entender cuc<br />

a nossa feira estava garantida. 6<br />

tudo mentira, a situação é ost."<br />

são 120 famílias passando -- vacc.-<br />

Fechou mais uma fábrica no Re-<br />

cife e desta vez foi a Ca. Text.Scio<br />

Santa Maria, conheciaa como Zum-<br />

bi, que fazia sacos de linhagem. A<br />

Zumbi empregava, no ano passado,<br />

aproximadamente, 60C ooerários.<br />

Quando fechou, em 11 de novem-<br />

bro, só trabalhavam 120 pessoas,<br />

que estão agora, como as que fo-<br />

ram demitidas antes, quer dizer,<br />

brigando na iustiça para receber os<br />

seus direitos.<br />

O Jornal <strong>dos</strong> Bairros entrevistou<br />

o Delegado Sindical naZumbi, José<br />

Antônio, que conta direitinho a si-<br />

tuação.<br />

300 mil operários em greve<br />

A greve <strong>dos</strong> 300 mil metalúrgicos<br />

paulistas foi a maior que aconteceu<br />

no Brasil desde 1964. Se ela fosse vi-<br />

toriosa, era capaz de to<strong>dos</strong> os tra-<br />

balhadores do pais exigirem 70 por<br />

cento de aumento de seus patrões.<br />

Por isso a reação <strong>dos</strong> industriais foi<br />

muito forte e até meèmd violenta.<br />

f4a Metalúrgica Alfa por exemplo,o<br />

seü proprietário assassinou o ope-<br />

rário Nelson Pereira de JesUs com<br />

um tiro á queima roupa, fem Outras<br />

indústrias, como na Brown Boveri e<br />

na Toshiba, todas as duas estran-<br />

geiras, alguns operários membros<br />

das comissões de fábrica foram de-<br />

miti<strong>dos</strong>.<br />

Na metalúrgica Alfa, os operá-<br />

rios, fem protesto pelo assassinato<br />

do seu colega entraram ém greve é<br />

fexigtfam a substituição dô direto-<br />

ria.<br />

Enquanto tudo isso acontecia<br />

fias fábricas, o presidente do Sin-<br />

dicato <strong>dos</strong> Metalúrgicos de São<br />

Paulo, que só permitia voto aoá<br />

operários sidicaliza<strong>dos</strong>,desrrespeitou<br />

decisão de uma Assembléia e fez<br />

um acordo com os patrões por 58%<br />

de aumento, mais ainda permitia<br />

que as indústrias descontassem os<br />

aumentos do abono que os traba-<br />

lhadores tinham conquistado em<br />

junho.<br />

Sem o apoio do Sindicato e pres-<br />

siona<strong>dos</strong> pelos patrões e pelo o<br />

governo, os trabalhadores de São<br />

Paulo foram voltando ao trabalho.<br />

Logo depois o Sindicato <strong>dos</strong> Meta-<br />

lúrgicos de Guarulhos também a-<br />

ceitou oacordoficando somente os<br />

operários de Osasco em greve. So-<br />

zinhos, a pressão sobre eles era<br />

muito maior, então, na segunda-feira<br />

dia 6 de novembro último os operá-<br />

rios decidiram aceitar os 58% de au-<br />

mento e voltar ao trabalho.<br />

O movimento não atingiu to<strong>dos</strong><br />

os seus objetivos, mas demonstrou<br />

aos trabalhadores de todo país que,<br />

discutindo democraticamente os<br />

seus problemas e reivindicações,<br />

organiza<strong>dos</strong> de forma independen-<br />

te nas comissões de fábrica e ten-<br />

do um sindicato que os apoie. Os<br />

trabalhadores falam de cabeça er-<br />

guida com seus patrões. E, qUando<br />

necessário, entram em grév/e para<br />

defender os seus direitos, porque a<br />

gVev/e é um direito dós trabalhado-<br />

res no mundo todo.<br />

Jornal <strong>dos</strong> Bairros - 3


Natal: Cadê a alegria do povo? Cadê a alegria •<br />

O Natal é uma festa para todo<br />

mundo, e alegria para to<strong>dos</strong>. É o<br />

nascimento de Jesus e cada um<br />

festeja como pode. Antigamente,<br />

toda casa tinha um Ceia de Natal,<br />

isto era na casa do rico e do pobre.<br />

Também neste tempo não se distin-<br />

guia muito o rico do pobre, eles<br />

eram mais pareci<strong>dos</strong>. Os pobres<br />

O sr. Arnaldo é operário e reside<br />

em Estância.<br />

È uma festividade de fim de ano,<br />

que geralmente traz alegria para o<br />

lar de toda pessoa de bom senso.<br />

Para quem tem boas condições, o<br />

Natal é bom em todas as épocas e<br />

passa sempre muito bem. Se diz<br />

que tempo bom era o de antiga-<br />

mente, mas eu discordo disso.<br />

Quando eu era criança a vida sem-<br />

pre foi apertada, meus pais não<br />

tinham condições de terem vida<br />

boa. Hoje, vivendo por minha con-<br />

ta, apesar de toda carestia, aindo<br />

vivo um pouco melhor do que vivia<br />

antigamente. Mas, a verdade fe que<br />

em época nenhuma o pequeno teve<br />

vez, prá dizer a verdade, nunca tive<br />

vez, seja agora, seja antigamente.<br />

também tinham suas mesas fartas,<br />

as igrejas tinham suasfestinhas que<br />

divertiam todo mundo: pastoril, a<br />

queima da lapinha.<br />

Mas hoje, sim, eles são muito<br />

diferentes. Mcju a festa do pobre é<br />

comprar uma galinha, trazer para<br />

casa e encher a cara logo cedo. Está<br />

< < O pequeno não tem vez<br />

ytsA<br />

0<br />

pronta a festa do pobre. Hoje em dia<br />

tirando o nascimento de Jesus, o<br />

resto é uma merda. S6 tem propa-<br />

ganda e publicidade; o verdadeiro<br />

não existe mais: cadê a alegria do<br />

povo".<br />

Dona Gilvanete, dona de casa,<br />

mora em Estância.<br />

Natal para mime tempo de sacri-<br />

fício. Tenho 6 netinhos em casa,<br />

sou viúva; tudo é dobrado pelo Na-<br />

tal. Os preços sobem que só avião.<br />

Fico aperriada, tenho muitas dívi-<br />

das, e vem os meninos pedindo<br />

roupa nova, um brinquedinho..."<br />

(D. Maria da Paz- Alto Santa Terezi-<br />

nha)<br />

O sr. Cordeifo é otimista:<br />

Eu sinto na própria pele não<br />

poder dar um conforto maior aos<br />

meus familiares. Mas como sou<br />

otimista, acho que os salários <strong>dos</strong><br />

brasileiros vão aumentar em 79.<br />

Confiando no bom Deus e nos ho-<br />

mens que governam, que o Natal 79<br />

seja bem melhor que os anterio-<br />

res."<br />

Pobre só festeja Fina<strong>dos</strong><br />

D. Inalda, residente na Vila da<br />

Sudene - IPSEP, costureira.<br />

—"O Natal é uma festa muito<br />

boa, muito bonita, é o nascimento<br />

de Jesus, mas só é alegre para<br />

quem tem dinheiro, para quem não<br />

tem é triste. Aqui na Vila as pessoas<br />

enfeitam as ruas, eu trabalho mui-<br />

to, pois o que meu marido ganha<br />

não dá. Quando vou sair da máqui-<br />

na já são onze horas da noite e a<br />

dona da roupa está do lado esperan-<br />

do que eu termine pra ela vestir.<br />

Que o próximo ano as coisas<br />

melhores, pois, todo ano trabalho<br />

muito e o dinheiro não dá para<br />

nada. Que Deus ilumine o ano de 79.<br />

Célia, mãe de 6 filhos, trabalha<br />

que só:<br />

—O meu Natal na parte senti-<br />

mental, é uma reunião de família, e<br />

jia minha casa tem que ter Ceia<br />

segundo a tradição.<br />

O Natal, hoje, acho que melho-<br />

rou, porque agora nós temos mais<br />

contacto com os vizinhos. Agora, o<br />

nosso nível é melhor, é questão de<br />

posição social, a gente tem mais<br />

condições. Só prá mim não melho-<br />

rou, eu trabalho que só, dou um<br />

duro danado na cozinha.<br />

Eu sei que pra o pobre não está<br />

nada bem. A gente chega nas casas<br />

e não vê oferecer nada. Q pessoal se<br />

queixa muito do custo de vida.<br />

Natal hoje é Pecado Rasgado<br />

"Aptigamente o pessoal usava<br />

lapinha com o nascimento de Je-<br />

sus, as meninas ensaiavam e dança-<br />

vam pastorife depois tinha a Missa<br />

do Galo que era às zero horas<br />

Também tinha folclore e bumba-<br />

meu-boi, mas tudo e ícabou.<br />

Hoje é nos clubes com o tal de<br />

Pecado Rasgado. Ninguém se lem-<br />

bra do Natal <strong>dos</strong> pobres que ficam a<br />

mendigar pelas ruas; quantos pais<br />

de família que vão à uiade pensan-<br />

do no décimo que é pdra mil coisas,<br />

e, quando chega janeiro vão devol-<br />

ver as peças que compraram na<br />

prestaçc a não vão poder pagar.<br />

Fazem estas compras para não en-<br />

vergonhar suas esposas diante das<br />

outras companheiras e no fim aca-<br />

bam perd ; ido metade d^ Hécimo e<br />

a peça também. Mobiliar casa e<br />

vestir bem é prá quem pode e não<br />

prá quem quer. Isto é Natal?<br />

A sociedade veio acabar com o<br />

Natal, com essas discoteque Dan-<br />

cin' Days. Hoje em dia ninguém<br />

quer ser pobre. Aquela lapinha que<br />

está na igreja de Santo Antônio,<br />

aquilo é somente uma estátua, não<br />

resolve a situação. Nem um rama-<br />

Ihete de flores podemos comprar<br />

mais para enfeitar nossas casas. O<br />

custo de vida é muito caro.<br />

O jeito que a gente está vendo<br />

daqui a dez anos, se estivermos<br />

sobrevivi<strong>dos</strong>, é que o Natal e o<br />

salário são simples recordações."<br />

(Maria Luiza - Rua Cabo Eutrôpio -<br />

Coque)<br />

Jfò*- '<br />

1 ! s9m<br />

M ária J osefa M endes, mãe de 7<br />

filhos, doméstica residente " no<br />

Monte-Qlinda.<br />

J .d.B - Como é D. Zefa, está anima-<br />

da para o Natal?<br />

— Qlhe minha filha, animação<br />

foi na campanha de Jarbas. Agora<br />

só queria que chegasse janeiro. Por-<br />

que, me diga, onde é que eu vou<br />

arranjar dinheiro pra fazer as fes-<br />

tas? O homem tá encostado, o Se-<br />

verino ganha somente o salário prá<br />

9 bocas...<br />

J .d.B - Estão este ano não vai dar?<br />

— Nem neste nem nos outros<br />

que vão vir, se as coisas continua-<br />

rem do jeito que estão. Acho que os<br />

pobres só festejam Fina<strong>dos</strong> porque<br />

no dia da morte a gente para de<br />

sofrer desse jeito.<br />

«Kl»<br />

"Deixe nascer o Natal que existe<br />

dentro de você"<br />

D. Maria José, do Coque pergunta:<br />

"- Quem pode festejar o Natal com<br />

a carestia do jeito que está?<br />

Elizabete Santos Costa, mora-<br />

dora do Coque, acha que está ruim<br />

e vai piorar. Antigamente o Natal<br />

era de linho, hoje é de chita. Mas eu<br />

sou muito diferente: tive dois ou<br />

três vestidinhos de chita tá bom<br />

demais, porque sei que daqui a<br />

cinco anos nem esta chitinha pode-<br />

remos comprar.<br />

Ésó comércio<br />

Ridete mora na Vila da Sudene -<br />

IPSEP e tem uma opinião muito<br />

crítica:<br />

O Natal já não tem o espírito<br />

cristão de antigamente, pois as fes-<br />

tas que se fazia, como pastoril,<br />

estão desaparecendo. O Natal de<br />

hoje é lucro, pois a própria televisão<br />

quando fala em Natal é em recla-<br />

mes de casas comerciais.<br />

O Natal é um troca-troca de pre-<br />

sentes, quanto maior o valor do<br />

presente, maior é a amizade; quan-<br />

do não se recebe presente igual ao<br />

dado ficam com raiva. As pessoas<br />

faziam Ceia de Natal com parentes<br />

e amigos vizinhos; hoje isto está se<br />

tornando raro. À missa do gafo, só<br />

vão as pessoas de idade, ,.ois os<br />

jovens vão é para a discoteca."<br />

Camarajibe faz festa popular<br />

Quando chega o mes de outubro<br />

o senhor Nias e o senhor Cordeiro,<br />

juntamente com outras pessoas co-<br />

meçam a trabalhar.Elas são encar-<br />

regadas de organizar uma das maio-<br />

res festas que se conhece em Ca-<br />

marajibe. Eles são membros da co-<br />

missão de festas que há mais de 10<br />

anos vem mobilizando pessoas pa-<br />

ra participar da festa máxima da<br />

cristandade: o Natal.<br />

O Jornal <strong>dos</strong> Bairros traz<br />

para nossos leitores a história de<br />

uma festa que já se tornou tradi-<br />

cional em Camarajibe e quem vai<br />

começar a nos contar é o próprio sr.<br />

Cordeiro no relato que segue abai-<br />

xo:<br />

"Antigamente a Festa de Natal<br />

era patrocinada pela Cia. Industrial<br />

Pernambucana ou a Fabrica como<br />

ela é conhecida no bairro, mas há 11<br />

anos ela deixou de tomar a iniciati-<br />

va de realizar a festa e aconteceu<br />

qae chegou um Natal e não houve a<br />

tào esperada comemoração. Então<br />

o povo se organizou e até hoje não<br />

houve Natal sem festa aqui em Ca-<br />

marajibe.<br />

Em outubro a comissão organi-<br />

z ora se reúne e decide como vai<br />

S8i a frente de arrecadação; geral-<br />

rwnte é feita através de rifas, livro<br />

de ouro e ofícios para o comércio<br />

local, prefeitura, a fábrica, etc. O<br />

povo participa comprando as rifas.<br />

ajudando na arrecadação e na divul-<br />

gação; mas o desejo maior da co-<br />

missão é que houvesse maior parti-<br />

cipação popular nas reuniões sema-<br />

nais.<br />

Mas a participação maior mes-<br />

mo é durante a festa, que são oito<br />

noites entre o Natal e o Ano Novo.<br />

São pessoas passeando, participan-<br />

do de Pastoril, ciranda ou se diver-<br />

tindo no Parque de diversões. O<br />

desejo da comissão é que o Natal<br />

seja de to<strong>dos</strong>, <strong>dos</strong> mais categoriza-<br />

<strong>dos</strong> aos mais humildes.<br />

Este ano a festa vai ser na gruta,<br />

acrescenta o Sr. Nias, que é "um<br />

lugar tradicional e existe um desejo<br />

do povo que a própria Missa do<br />

Galo seja celebrada no local da fes-<br />

ta e este também é o pensamento<br />

de toda a comissão, mas isto terá<br />

que ser discutido em reunião. Tudo<br />

é feito com o conhecimento da<br />

Prefeitura e da Fábrica, a qual atual-<br />

mente contribui com 25 a 30% nas<br />

despesas da festa. Depois que se<br />

realiza tudo a gente presta contas à<br />

população através de reuniões, avi-<br />

sos durante a missa e cartazes.<br />

O que eu lamento neste Natal de<br />

1978, como acontece em outros Na-<br />

tais, são aqueles que estão vivendo<br />

em condições precárias, os desem-<br />

prega<strong>dos</strong>; pois estes não tem condi-<br />

ções de festejar o Natal, lamento<br />

também pelos enfermos, por aque-<br />

les que são injustiça<strong>dos</strong>, pelos que<br />

estão presos, impedi<strong>dos</strong> de passar<br />

o Natal com seus familiares."<br />

• •<br />

13° salário: Nem bem chega já<br />

tá indo embora<br />

Chegando o Natal, quem recebe<br />

salário tem direito ao 13°, que é um<br />

abono obrigatório das empresas.<br />

Mas não adianta nada, com os pre-<br />

ços como estão, pela hora da mor-<br />

te! Ainda mais quando o salário<br />

vem dividido, em parcelas, como é<br />

o caso da maioria que pega no<br />

batente, o Jornal <strong>dos</strong> Bairros ouviu<br />

moradores da periferia e trouxe o<br />

que eles disseram.<br />

Seu Inocêncio Alves de Lima,<br />

que trabalha em curtume, diz que,<br />

com o 13° vai fazer um muro em sua<br />

casa: "É de muita necessidade. Mi-<br />

nha esposa também andou que-<br />

brando uns galhos com umas cos-<br />

turas para a gente poder realizar<br />

esta tarefa tão necessária.<br />

Seria bom a gente poder usar<br />

este abono de Natal para preparar<br />

uma festa bonita, comprar uns pre-<br />

sentinhos, a roupa nova <strong>dos</strong> meni-<br />

nos, mas... cadê que sobra dinheiro<br />

prá isso? O que chega mal dá para<br />

um concerto mais sério na casa,<br />

pois durante o ano mesmo é que<br />

não dá. É tanto aperreio!"<br />

O metalúrgico Alberto Luiz mos-<br />

tra que, apesar de ter vindo prá<br />

ajudar, o 13° não resolve nada: "O<br />

que tem de bom é que foi uma<br />

conquista <strong>dos</strong> trabalhadores. No<br />

tempo que o Parlamento fazia as<br />

leis, foi um grupo de delega<strong>dos</strong> <strong>dos</strong><br />

operários até lá para pressionar os<br />

deputa<strong>dos</strong> que terminaram votan-<br />

do esse abono de Natal. Lá em casa<br />

quando ele chega, é tanta coisa<br />

esperando que não dá prá quase<br />

nada e o nosso Natal, se a gente não<br />

faz uma viraçãozinha, fica por isso<br />

mesmo".<br />

i i<br />

P CHEGANDO E SAINDO...<br />

"'.' na Construtora tem um ne-<br />

gócr que é ruim prá gente. Eles<br />

pagiihi o 13° em duas parcelas. Ai a<br />

gente fica apertado. Se tenho que<br />

com- ar uma coisa de 200 cruzeiros<br />

e só i^nho 100, não dá. Quando os<br />

outros 100 cruzeiros chegam, já é<br />

tarde demais, pois já gastei a pri-<br />

meira parcela. Cadê gue pobre pode<br />

guardar dinheiro? E chegando e<br />

saindo..."<br />

Antônio Manoel de Lima, operá-<br />

rio em construção.<br />

ODINHEIRO VAI PARA<br />

OBANHEIRO...<br />

"Lá na Telpe é a mesma coisa, só<br />

que bem pior: a gente recebe uma<br />

parcela do 13° quando tira férias e a<br />

outra em dezembro. Ora minhas<br />

ferias são no mês de São João... já<br />

viu que deste dinheiro não sobra<br />

nada para o tempo de Natal. Neste<br />

ano o que vai chegar vai todinho<br />

para o banheiro novo lá de casa."<br />

Joaé Nascimento, da Telpe.<br />

PEDREIRO NÃO PÔE A<br />

MÃO NA MASSA...<br />

Manoel Gomes <strong>dos</strong> Santos, pe-<br />

dreiro, quase não faz uso do seu<br />

salário e diz: "Assim que tiro meu<br />

13°, boto logo no banco. Só separo<br />

pouca coisa para mim. Com o di-<br />

nheiro compro material para ir ajei-<br />

tando a minha casa."<br />

Tá chegando o fim do mundo<br />

Maria Teodora <strong>dos</strong> Santos é ven-<br />

dedora ambulante no mercado S.<br />

José.<br />

J.d.B. - Como vão indo suas ven-<br />

das, D. Maria?<br />

- Minha filha, o negócio não anda<br />

bom não. Acho que ninguém tem<br />

dinheiro.<br />

J.d.B. - Nem pelo Natal?<br />

• José Florêncio Sobrinho, é co-<br />

merciante e sua loja fica no Coque.<br />

Antigamente o Natal era me-<br />

lhor. Nós podíamos dar uma lata de<br />

doce ao freguês. Se hoje fazemos<br />

isso; é prejuízo para nós.<br />

Há dois anos atrás eu dei CrS<br />

1.000,00 de presentes. Já no ano<br />

passado e nesse eu não dei e nem<br />

vou dar porque a situação não está<br />

boa. To<strong>dos</strong> querem ganhar presen-<br />

— Nesta ocasião melhora um<br />

pouquinho mas é muito difícil.<br />

J.d.B. - Foi sempre assim no Natal?<br />

— Isso não, antes era melhor,<br />

mas ag ora está cada vez mais fraco.<br />

J.d.B - Por que será?<br />

— O povo diz que a culpa é do<br />

governo, mas não é não. É que<br />

estão chegando os tempos do fim<br />

mesmo.<br />

tes, mas se a gente ganha pouco<br />

não podemos presenteá-los.<br />

Há uma diferença <strong>dos</strong> fregueses<br />

de Afoga<strong>dos</strong> para os daqui do Co-<br />

que. Os de Afoga<strong>dos</strong> fazem com-<br />

pras e retalho mais graúdas do que<br />

os daqui do Coque. As condições<br />

aqui são muito fracas. Acho que<br />

eles vivem do salário mínimo e ou-<br />

tros vivem apenas de blscaites e por<br />

isso se alimentam como devem."<br />

J 5<br />

l .~.._»l _j r» .


As plantas também curam<br />

O Jornal <strong>dos</strong> Bairros continua rece-<br />

bendo colaboraç&es para a coluna<br />

"As Plantas Também Curam". Nes-<br />

te Número, publicamos as colabo-<br />

rações enviadas por Isabel Maria<br />

Viana e Maria Severina da Silva.<br />

Verga morta o chá serve para dor<br />

em geral.<br />

Arruda Miúda - muito bom para<br />

dores musculares quando fervida<br />

juntamente com azeite de oliveira.<br />

Deixa-se esfriar e. quando estiver<br />

morno, massageia-se o local dolo i-<br />

do.<br />

Ta/o de Jerimum - ótimo para solu-<br />

ço forte.<br />

Manga Espada ■ o chá da folha da<br />

mangueira serve para inchação.<br />

Mandacaru o chá é bom para os<br />

rins. Assim como o chá de capim<br />

santo.<br />

Mastruço - Toma-se com leite para<br />

combater os vermes. Tamarindo - o<br />

chá da folha serve para tosse e<br />

coqueluche.<br />

Verga-morta três olhinhos dentro<br />

de uma xícara com água fervendo,<br />

todas as manhãs, é bom remédio<br />

para o ovário.<br />

Corona Branca - com hortelã c'a<br />

folha grossa, cozinhada, coada e<br />

misturada com açúcar, cura o ca-<br />

tarro nos brônquios.<br />

Chuchu - chá ou suco é bom para<br />

pressão alta.<br />

Casca de Atoeira - para incômo<strong>dos</strong><br />

de senhoras: fazer a lavagem vagi-<br />

5? .. *&■ ÇDUtAcio^r^<br />

4p|i<br />

Cantinho do Hélio<br />

Tem os melhores tira-gosto para<br />

CANA.<br />

Mão de Vaca - Passarinha - Fígado<br />

-Sururú - Galinha - Camarão - Maris-<br />

co - Carangueiro - Salgadinhos, etc.<br />

Endereço: Rua Fernandinho, 223 -<br />

Córrego do Genipapo - Macaxeira -<br />

Recife. HÉLIO agradece a preferên-<br />

cia.<br />

nal todas as noites; para garganta<br />

inflamada: fazer o chá com a casca<br />

e gagarejar. Serve também para<br />

lavar a boca quando extrair dente<br />

ou para lavar qualquer ferimento.<br />

Casca do Cajueiro Roxo ■ o chá é<br />

bom para acalmar o coração e tam-<br />

bém para inflamções. Faz o mesmo<br />

efeito que a aroeira.<br />

Quixabeira - coloque dentro de á-<br />

gua fria (não se faz o chá), depois de<br />

algumas horas pode tomar. Serve<br />

para pancadas violentas e quedas.<br />

Raiz de Pega Pinto - o chá serve<br />

para problemas urinários.<br />

Abacate e Carambola - o chá dar;<br />

folhas é bom nara os rins.<br />

Erva Cidreira - o chá é indicado para<br />

anemia.<br />

Casca de Canela - o chá faz parar o<br />

vômito.<br />

Acônito - chá fira a febre.<br />

Salsas do Campo - toma-se banho<br />

com água das folhas fervi<strong>dos</strong>. É<br />

bom para o tratamento díis equi<br />

zemas e írcitaç&es da pele.<br />

FAÇA VOCÊ MESMO<br />

Cássia Virginica - Raízes de mamii-<br />

rroba misturadas com álcool, dei<br />

xando de três a quatro dias enterra<br />

da em uma garrafa e depois coada.<br />

ElixirSanativo Misture canapu.an<br />

gico, mandacaru ea entre-casca da<br />

aroeira, com álcool. Deixe apurar<br />

durante oito dias e depois coe.<br />

Mas...<br />

nem sempre<br />

as plantas<br />

curam<br />

Jornal <strong>dos</strong> Bairros<br />

Ê lido por mais de<br />

50 mil pessoas<br />

que moram no<br />

Grande Recife<br />

Anuncie no Jornal <strong>dos</strong> Bairros<br />

Página indeterminada:<br />

Página determinada<br />

Última Página<br />

Meia Página<br />

1/4 Página<br />

1/8 Página<br />

Você pode colocar um anúncio pe-<br />

queno, sobre um objeto que quer<br />

vender, uma casa que quer alugar,<br />

um serviço que sabe executar. De-<br />

pendendo do tamanho elé custa Cr$<br />

150,00, ou CrS 100,00 ou CrS 50,00.<br />

6 - Jornal <strong>dos</strong> Bairros<br />

CrS 7.500,00<br />

CrS 10.000,00<br />

CrS 15.000,00<br />

CrS 4.000,00<br />

CrS 2.250,00<br />

CrS 1.250,00<br />

Baratinho mesmo. Converse com<br />

nosso pessoal, com os distribuido-<br />

res do Jornal ou em nossa sede, na<br />

Rua <strong>dos</strong> Coelhos, 317. das 14,30 às<br />

18,00 horas.<br />

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O f3|.'>tí-i r rf;Vr. '..vi/H lM6£H0WUy<br />

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Çòfi Ali ^ÇMT/^Ãb PW<br />

P^NC/OMAK PlReiTO--<br />

■''íKA' qoe O 30^oi/Mt1<br />

TOPO P/A, PR A<br />

PASSATEMPO Você é bom de música?<br />

bnlâo coloque na coluna <strong>dos</strong> com-<br />

positores e cantores as músicas de<br />

que eles são autores ou que can-<br />

iam.Depois mande sua respota pa-<br />

t;i o Jornal <strong>dos</strong> Bairros, porque nós<br />

vamos sor tear uma resposta e se ela<br />

1 Pesadelo<br />

2 Lamento<br />

3 Sabiá<br />

4- Gabriela<br />

5 Cavalgada<br />

6 Fantasia<br />

7 Otelo<br />

8 Sinal Fechado<br />

9 Benvinda<br />

10 Desafio<br />

11 Menina<br />

12 Trocando em Miú<strong>dos</strong><br />

13 Viola Enluarada<br />

14 Universo em teu corpo<br />

15 ■ Jura Secreta<br />

16 Moca<br />

17 Reza<br />

18 Roda<br />

19 Presepada<br />

20 Fica Mau com Deus<br />

estiver certa o autor vai ganhar um<br />

discu de presente do Jornal <strong>dos</strong><br />

Bairros. Não deixe de concorrer.<br />

No próximo número, o nome do<br />

vencedor e a resposta certa. Não<br />

P'írr,a.<br />

( ) Maranhão e MPB-4<br />

( ) Roberto Carlos e Éramos<br />

( ) Maurício Tapajós e Paulo Pinheiro<br />

( I Paulinho Nogueira<br />

( ) Benito di Paula<br />

( ) Chico Buarque de Holanda<br />

( ) Taiguara<br />

( I Alcione e Luiz Américo<br />

( ) Pixinguínha e Vinícius de Moraes<br />

( I Paulinho da Viola<br />

( ) Antônio Carlos Jobim e Chico<br />

( ) Simone e João Bosco<br />

( ) Wando<br />

( ) Francis Hime<br />

() Marcos Valle e Milton Nascimento<br />

( ) Antônio Carlos e Jocafi<br />

( ) Sueli Costa e Simone<br />

( ) Edu Lobo e Elis Regina<br />

( I Gilberto Gil e Torquato Neto<br />

( ) Geraldo Vandreè<br />

Colaboração de Regínaldo -Duque de Caxias, 540 - Abreu e Lima<br />

Resposta do Passatempo do número 3: 11,7,18,1,13;16,20 8 2 10 15 19 5<br />

6,12,17,4,9,14,3.


vN«<br />

,O v<br />

Os moradores de<br />

Camaragibe, há várias<br />

semanas, estão sendo obri<br />

ga<strong>dos</strong> a conviver com um<br />

vizinho muito incômodo, que<br />

várias vezes durante o dia lhes faz<br />

visitas nada agradáveis.<br />

Este vizinho é a fumaça expelida<br />

pelas cinco chaminés das caldeiras<br />

da Cia. Industrial Pernambucana -<br />

Cl PER -, e que vem causando aos<br />

moradores inúmeros problemas de<br />

saúde e higiene. Começaram a apa-<br />

recer as reclamações e a equipe do<br />

Jornal <strong>dos</strong> Bairros foi até lá para<br />

constatara realidade <strong>dos</strong> fatos, en-<br />

trevistando pessoas, escutando as<br />

histórias da tal da poluição da fábri-<br />

ca, das pessoas doentes e também<br />

os rumores da morte de uma crian-<br />

ça de seis anos. Nós respiramos por<br />

uns instantes a fumaça que aquele<br />

povo infelizmente, tem que respirar<br />

diariamente. Para você sentir me-<br />

lhor o problema, eis os depoimen-<br />

tos colhi<strong>dos</strong> pela nossa equipe com<br />

alguns <strong>dos</strong> moradores.<br />

O Sr. Arlindo mora na rua M uniz<br />

Machado e diz que a fumaça inco-<br />

moda muito e que tem escutado<br />

várias donas de casa comentarem<br />

que assim que acabam de limpar a<br />

casa vem a sujeira e estraga tudo,<br />

principalmente a fumaçapTétarque<br />

sai da caldeira de óleo.<br />

"Conheço uma menina que teve<br />

que ir ao médico, pois estava com<br />

um problema na garganta e nunca<br />

se curava. O médico perguntou á<br />

mãe dela se havia alguma indústria<br />

perto de sua casa pois a infecção é<br />

provocada por algum tipo de polui-<br />

ção."<br />

"Um <strong>dos</strong> diretores da fábrica, o<br />

sr. Antônio Carlos, diz que já con-<br />

tratou técnicos de fora, alemães,<br />

gente especializada, par? tentar re-<br />

solver o problema da fumaça das<br />

caldeiras, mas toda vez que eles<br />

mexem em alguma coisa lá dentro a<br />

fumaça parece que piora", finali-<br />

zou o "seu" Arlindo.<br />

V<br />

V<br />

$?<br />

*&<br />

Na edição passada do Jornal <strong>dos</strong><br />

Bairros, fizemos um debate com<br />

vários candidatos a deputado fede-<br />

ral e estadual, e a 15 de novembro<br />

todo mundo foi e depositou seu<br />

voto nas urnas, de acordo com os<br />

programas apresenta<strong>dos</strong> pelos can-<br />

didatos. Cinco <strong>dos</strong> que participa-<br />

ram do debate foram eleitos: Ro-<br />

berto Freire e Marcus Cunha, fede-<br />

raisHugoMartins, Eduardo Pandol-<br />

fi e Sérgio Longman, estaduais.<br />

To<strong>dos</strong> eles foram unânimes ao<br />

afirmar que o trabalho parlamentar<br />

Eo filtro somos nós?<br />

EOPOVOQUEM SOFRE<br />

Outro morador da Rua Muniz<br />

Machado, o Sr. Sebastião da Silva<br />

já está indignado com a sitação em<br />

que se encontra sua saúde e a de<br />

seus vizinhos; "Desde que esta fu-<br />

maça apareceu começaram imedia-<br />

tamente ardeduras no nariz, muita<br />

tosse e irritações na garganta e nos<br />

olhos. A fumaça branca é a que<br />

mais cheira e talvez a que faz mais<br />

mal, e a preta suja tudo. Já ouvi<br />

várias vezes que o pessoal estava<br />

com vontade de fazer um abaixo-<br />

assinado, mas eu não sei se isto<br />

resolve, porque o abaixo-assinado<br />

vai para o M insitério da Saúde, que<br />

por sua vez manda algum funcioná-<br />

rio aqui, na hora que não tem fuma-<br />

ça e tem também o dono da fábrica,<br />

que fala que vai resolver a situação<br />

das caldeiras e dai fica tudo certo,<br />

tudo resolvido e só não se resolve o<br />

problema da fumaça que fica tudo<br />

na mesma e é o povo quem sofre.<br />

Lembrem o exemplo do açúcar Es-<br />

trela, no Cais José Mariano, no<br />

Recife. Durante muito tempo o pes-<br />

soal se mobilizou e não consegui-<br />

ram nada.Eu acho que quem tem<br />

que forçar a barra são os repórteres<br />

'mostrando o problema para a opi-<br />

nião pública".<br />

DEPOIS DE45ANOS...<br />

Para explicar melhor ainda a si-<br />

tuação entrevistamos um antigo o-<br />

perário da fábrica, Humberto, que<br />

também mora na Rua Muniz Ma-<br />

chado.<br />

"Trabalhei na fábrica durante 45<br />

anos, desde os 16 anos de idade e<br />

hoje sou proprietário desta casa<br />

localizada bem em frente a estas<br />

quatro chaminés. Veja se isto é vida<br />

de gente? Passei os 15 aos 61 anos<br />

indo e vindo, da casa para o traba-<br />

lho, do trabalho para casa, enfurna-<br />

A fumaça suja tudo, até o pulmão das pessoas.<br />

do o tempo todo dentro de uma<br />

fábrica. Isto é atraso, só faz empo-<br />

brecer as pessoas, e agora depois<br />

de tudo sou obrigado a agüentar<br />

esta poluição danada. Cada caldei-<br />

ra cuida de seis canos que vão dar<br />

nas câmaras de compressão. No<br />

fundo da fábrica tem outra caldeira<br />

que cuida deIScâmaras. De madru-<br />

gada, de 2 em 2 horas as caldeiras<br />

são obrigadas a fazer descom pres-<br />

são no pequeno riacho que ladeia a<br />

fábrica. Nestas horas o barulho é<br />

tão ensurdecedor que chega ao<br />

ponto de assustar as pessoas desa-<br />

visadas."<br />

"Sei de um caso que aconteceu<br />

com dona Lindalva, que mora perto<br />

do riacho.Ela tinha dois carneiros e<br />

um dia eles foram beber água, co-<br />

mo sempre faziam, no riacho: pou-<br />

co tempo depois os dois estavam<br />

mortos".<br />

E todo dia acontece o seguinte,<br />

diz Humberto: "Quando a fábrica<br />

solta a fumaça, chega a formar um<br />

bolo de óleo e poeira nos cantos da<br />

casa. Agoraeu pergunto". Porque a<br />

fábrica não colocou ainda os filtros<br />

da chaminés? Ou ela acha que o<br />

filtro somos nós?"<br />

È hora de c •<br />

deve ter ligação direta com os seto-<br />

res populares. Enfim, que têm de<br />

trabalhar uni<strong>dos</strong> com o povo e para<br />

o povo. Poise, elesforam eleitose é<br />

chegada a hora de ficarmos de olho<br />

na atuação de cada um e cobrar o<br />

que foi prometido.<br />

"ESTA ELEIÇÃO FOI<br />

UMA PALHAÇADA"<br />

Esta eleição foi uma palhaçada,<br />

porque não foi respeitada a vontade<br />

do povo. Eu sou nascido e criado<br />

aqui em Pernambuco e nunca vi<br />

uma coisa dessa. Mas eu espero<br />

chegar o dia de votar pra governo,<br />

pra prefeito.<br />

Benedito - operário - quatro filhos.<br />

• rar<br />

QUEM VAI ASSUMIRTENHOATÉ<br />

VERGONHA DE DIZER O NOM E"<br />

Estou danado da vida. Nunca<br />

votei e, pela primeira vez que fui às<br />

urnasvotei em Jarbas Vasconcelos<br />

para senador porque ele no Senado<br />

ia lutar contra a cerestia, por uma<br />

constituinte imediata, pela liberda-<br />

de sindical e o direito de greve.<br />

Na mesma hora vi a maior cor-<br />

rupção eleitoral. Jarbas, é nosso<br />

senador, mas quem vai assumir te-<br />

nho até vergonha de dizer o nome.<br />

Vou rasgar meu titulo para não<br />

participar pessoalmente de outra<br />

situação destas. Viva nosso sena-<br />

dor Jarbas!<br />

José Ribeiro-Coelhos<br />

ÉPRECISOUNIÃO<br />

m wnmm<br />

"Se as pessoas se reunissem e<br />

fizessem um abaixo-assinado eu<br />

acho que resolveria alguma coisa.<br />

Como eu sou aposentado não tenho<br />

medo, mas os outros moradores,<br />

meusvizinhos que trabalham e de-<br />

pendem dafábrica para poderviver,<br />

pensam no que ela poderá então<br />

fazer com eles. Como se não bas-<br />

tasse o que já está fazendo."<br />

outra moradora presta seu de-<br />

poimento. É dona Maria Rodrigues<br />

que mora na Ladeira da Gruta.<br />

"Quando a fumaça começa a<br />

sair imediatamente um cheiro forte<br />

aparece e a casa toda fica cheia de<br />

fuligem. Minha menina que tem<br />

oito meses já teve branqueolite e<br />

sof reconstantemente de gripe alér-<br />

gica. O médico que cuida dela já<br />

conselhou até que agente se mude<br />

para outro lugar, antes que aconte-<br />

ça alguma coisa pior, como um<br />

caso de uma criança de seis anos,<br />

que eu ouvi falar mas não presen-<br />

ciei, que morreu de bronqueolite,<br />

no pronto-socorro,por causa da po-<br />

luição."<br />

EUNÃOSEIDENADA...<br />

— Achei a campanha muito fra-<br />

ca aqui em Beberibe. Acho até que<br />

o M DB nem sabia que a gente exis-<br />

tia. Não tinha nenhum cartaz da-<br />

queles grandôes aqui.<br />

J.d.B. - Mas, e o comício final?<br />

— Ah! Aí a gente botou pra que-<br />

brar. Foi uma beleza. A gente tinha<br />

se virado por aqui levando propa-<br />

ganda pelas ruas, de casa em casa,<br />

e o meu pessoal tava todo lá.<br />

J .d.B - E depois, como é que foi?<br />

— A sra. viu? Teve uma urna ali<br />

no Pedro Celso que deu to<strong>dos</strong> os<br />

votos pra Jarbas. Todinhos, visse?<br />

Não sei pçrque tão dizendo que ele<br />

perdeu...É muito esquisito, mas eu<br />

José Ferreira - estudante.<br />

Jornal <strong>dos</strong> Bairros - 7


©s Bairros dão Notícia<br />

Santana<br />

Lata cfágua na cabeça<br />

Em Santana, Casa Forte, os mo-<br />

radores das ruas Henrique Macha-<br />

do, Franco Gondim e Travessa Hen-<br />

rique Machado, estão se reunindo e<br />

discutindo o problema da falta de<br />

água encanada.<br />

O cano-mestre da COM PESA<br />

passa por perto, mas a uma distân-<br />

cia de pouco mais de 30 metros. Por<br />

isso essa Cia. permite que os mora-<br />

dores puxem os canos para suas<br />

casas.<br />

Através de um abaixo-assinado<br />

estão reivindicando a instalação de<br />

um cano-mestre junto daquelas<br />

ruas, afim deque, em breve tempo,<br />

possam deixar de carregar lata d'<br />

água na cabeça.<br />

Abreu e Lima<br />

Cegos criam Associação<br />

A C.A.C.N. (Cruzada de Assi-<br />

tência aos Cegos do Norte/Nordes-<br />

te) teve início em Abreu e Uma, no<br />

dia 15 de março de 1977, com o<br />

objetivo de atender à situação difí-<br />

cil <strong>dos</strong> cegos.<br />

Atualmente a Cruzada vem se<br />

desenvolvendo com muita dificul-<br />

dade. Não existe uma assistência<br />

por parte das autoridades Munici-<br />

pais, Estaduais ou Federais. Ela é<br />

mantida pelos próprios deficientes<br />

visuais pois alguns deles trabalham<br />

e no fim do mês dividem o dinheiro<br />

com to<strong>dos</strong>. Por isso, seu presidente<br />

Edson Maciel sempre diz: "No fim<br />

do mês nossa conta no Banco sem-<br />

pre fica a zero". A luta <strong>dos</strong> 300<br />

associa<strong>dos</strong> da C.A.C.N. exige uma<br />

força de vontade que merece uma<br />

maior atenção daqueles que têm<br />

visão perfeita e se sentem respon-<br />

sáveis pelo sofrimento de cada um;<br />

8-Jornal <strong>dos</strong> Bairros.<br />

já que as autoridades não tomam<br />

nenhuma providência. O povo em<br />

geral pode ajudarem muitoaCruza-<br />

da e para isso tem condições, dan-<br />

do, em primeiro plano mais apoio e<br />

confiança ao deficiente. Um defi-<br />

ciente visual é uma pessoa normal<br />

que precisa participar do quadro<br />

social em que vivemos e nao ser<br />

tratado como um inútil, como uma<br />

pessoa à margem da sociedade.<br />

A C.A.C.N. vem funcionando na<br />

casa do seu presidente na rua da<br />

Glória, n 0 72, em Abreu e Uma.<br />

Para corpemorar o "Dia do Defi-<br />

ciente Visual", realizou-se uma Ses-<br />

são na Biblioteca Pública do Estado<br />

com palestras, informações, músi-<br />

ca e outras diversões. Tudo isso<br />

com o objetivo de valorizar o defici-<br />

ente visual lévando-o a participar<br />

do que existe de bom na sociedade.<br />

Morro da Conceição<br />

Vamos ler<br />

Está funcionando no horário das<br />

8às12hs,edas14às22hs, aSalade<br />

Leitura da Casa Paroquial da Matriz<br />

de N. Sra. da Conceição. A Sala foi<br />

inaugurada a 15 de julho passado,<br />

idéia do Pe. Reginaldo, pertencente<br />

a essa paróquia. A Sala dispõe de<br />

livrosdidáticos, literatura, romance<br />

e está à disposição de to<strong>dos</strong> que<br />

estão querendo aprender e se pre-<br />

parar melhor a vida.<br />

Camarajibe<br />

Cadê a luz?<br />

No loteamento Jardim Tabatin-<br />

ga em Camaragibe, tem uma rua<br />

que há mais de dez anos quando<br />

passou a rede elétrica esta rua ficou<br />

sem energia. Não sabemos porque.<br />

Já fizemos abaixo-assinado para o<br />

Prefeito e nada foi resolvido. Tem<br />

casa com instalação há mais de um<br />

ano esperando pela vontade <strong>dos</strong><br />

políticos que quando estão para se<br />

eleger,prometem tudo ao povo, -<br />

mas depois esquecem.<br />

Em nome do povo do loteamento<br />

Problemas na rua<br />

A rua Eliza Cabral de Souza não<br />

tem nenhuma assistência da Prefei-<br />

tura nem parece ser a rua principal<br />

de Camaragibe, pois, além da gran-<br />

de quantidade de lixo ali existente,<br />

os canos estão com entupimentos,<br />

provoca<strong>dos</strong> pelo lixo, que só é reti-<br />

rado por quinzena. Como resulta-<br />

do, durante as chuvas, as nossas<br />

casas são atingidas pelas águas. Já<br />

fomosa prefeitura, pedimosajudae<br />

não foi tomada nenhuma providên-<br />

cia. Maria Guedes da Silva-<br />

A BR 408 que liga São Lourenço a<br />

Recife, é considerada a estrada da<br />

M orte, devido a tantosacidentes de<br />

veículos que ocorrem na mesma;<br />

no começo da estrada está uma<br />

ponte, que é conhecida como ponte<br />

de Dondon, só dá para passar um<br />

veiculo, esta ponte já é conhecida<br />

como o cemitério de tanta morte<br />

que se dá por ali. Quatro ocupantes<br />

de um Volks morreram ali é tanta<br />

morte que já perdemos a conta, a<br />

estrada é muito estreita e não tem<br />

acostamento, vamos numerar os<br />

acidentes que vêm acontecendo ul-<br />

timamente nesta estrada. Em fren-<br />

te a oficina da Construtora Leão,<br />

um taxi chocou-se com um ônibus<br />

da Brasília, e morreu o motorista do<br />

taxi. No antigo posto fiscal, um<br />

caminhão atropelou e matou uma<br />

criança. Em frente ao Mercado Pú-<br />

blico de Camaragibe um motoci-<br />

clista bateu em um ônibus da Brasí-<br />

lia e faleceu no local. Em frente ao<br />

posto médico da Prefeitura um ca-<br />

minhão atropelou e matou um ra-<br />

Tabatinga<br />

Transporte difícil<br />

Segundo a leitora M ária J osé de<br />

Uma, a situação <strong>dos</strong> ônibus tá ruim<br />

em Tabatinga. Os ônibus passam<br />

duas horas e meia prá chegar, e<br />

quando chegam cheios demais não<br />

param nas paradas onde os passa-<br />

geiros estão precisnado chegar. No<br />

terminal, todo mundo fica esperan-<br />

do duas horas que o fiscal mande<br />

abrir a porta do ônibus pro povo<br />

subir. Chega-se no terminal de 6,30<br />

da manhã e na cidade de 9 horas.<br />

Quase todo mundo perde a hora do<br />

trabalho por causa <strong>dos</strong> motoristas e<br />

fiscais. A estrada tem buracos para<br />

esconder caminhão. O DETERPE<br />

dev ia tomar providências junto aos<br />

fiscaisque não estão se importando<br />

em controlar o horário <strong>dos</strong> ônibus.<br />

E o prefeito de São Lourenço que<br />

ligue em asfaltar a avenida Lulza<br />

Medeiros em Tabatinga.<br />

Alto Sta. Terezinha<br />

União faz a força<br />

Um grupo de moradores do Al-<br />

to, descobriu mais uma vez que a<br />

união faz a força. Precisavam colo-<br />

car um novo poste de luz diante da<br />

casa de D. Maria da cocada, como<br />

ela não tinha condições, juntaram-<br />

se e conseguiram resolver o proble-<br />

ma: fizeram uma quota, usaram o<br />

dinheiro da caixinha do grupo (cada<br />

um contribui com alguma coisa),<br />

uns foram tratar da compra do pos-<br />

te, outros de cavar o buraco, enfim<br />

izeram a instalação elétrica. To<strong>dos</strong><br />

untos festejaram o término do tra-<br />

salho numa reunião muito animada<br />

unto com um representante do<br />

Jornal <strong>dos</strong> Bairros.<br />

São Lourenço<br />

Estrada da Morte<br />

paz, no mesmo local, um outro<br />

carro atropelou e matou outra pes-<br />

soa em frente ao loteamento P.S.<br />

Francisco. Um outro carro atrope-<br />

lou e matou uma senhora. No cruza-<br />

mento da linha Fenia com a referida<br />

estrada, um caminhão bateu no<br />

trem e o motorista ficou em baga-<br />

ços. Em outro cruzamento da linha<br />

com a estrada; uma Kombi bateu no<br />

trem e feriu to<strong>dos</strong> que ocupavam a<br />

mesma e matou um fotografo mui-<br />

to conhecido em Camaragibe. A<br />

parte mais perigosa da estrada é a<br />

parte entre o mercado de Camaragi-<br />

be e o Hospital Alberto Mala, isto<br />

porque é muito estreito e não tem<br />

sinalização, enfim são inúmeros os<br />

acidentes ocorri<strong>dos</strong> nesta estrada,<br />

se andar na estrada 408, é andar<br />

com a morte como companhia, por<br />

isso é que batizamos a referida es-<br />

trada como "A estrada da Morte".<br />

Nós apelamos para as autorizadas<br />

tomarem providências no sentido<br />

de acabar com esta situação.

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