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Violencia nas Escolas.pdf

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pelas forças da razão (como aqueles que atuam por meio das<br />

decisões da instituição escolar, ou dos ditames dos especialistas<br />

em economia) não podem senão aquiescer à arbitrariedade<br />

da força racionalizada” (Bourdieu, 1997). A violência adolescente,<br />

que poderia ser vista como ruptura da ordem social, principalmente<br />

com a escola, na verdade não passa de reprodução<br />

conformista da violência sofrida por eles próprios. Bourdieu<br />

propõe uma “lei da conservação da violência”, que consiste no<br />

“produto da ‘violência interna’ das estruturas econômicas e dos<br />

mecanismos sociais retransmitidos pela violência ativa das pessoas”.<br />

Isso não legitima a violência expressa pelos jovens ou<br />

pelos fracos, que não é nada além de uma reprodução social,<br />

que pára <strong>nas</strong> fronteiras de seu ambiente imediato, sem atacar as<br />

estruturas de dominação. Sob essa luz, os agressores não são<br />

“revolucionários”, e as vítimas são, antes de mais nada, pessoas<br />

próximas a eles. Nossos próprios trabalhos (Debarbieux, 1996)<br />

mostram que os que praticam extorsão, longe de serem “Robin<br />

Hoods pós-modernos, que redistribuem bens de consumo distribuídos<br />

de forma desigual”, atacam principalmente as crianças<br />

mais próximas a eles, das mesmas classes e, na maioria das<br />

vezes, do mesmo ambiente social, obedecendo a uma “lei da<br />

proximidade”. Bachmann (1994) descreve “o ódio da proximidade<br />

e os aprendizes de ladrões”, mostrando como algumas escolas<br />

se vêm atoladas numa violência que ape<strong>nas</strong> faz aumentar<br />

as disparidades sociais. A violência da exclusão sempre aumenta<br />

a exclusão.<br />

Portanto, para nós, se há legitimidade política no combate à<br />

violência e à delinqüência, é porque elas contribuem para a manutenção<br />

e a produção da desigualdade social: ao invés de romper<br />

com as injustiças do mundo, elas as reforçam. A opressão diária da<br />

violência é também uma forma de dominação, a menos que se<br />

acredite no romantismo neomarxista (Engels, Ed., 1971), que postula<br />

que a violência conduza a velha sociedade rumo a algum tipo<br />

de modelo social futuro ou alternativo. A violência representa um<br />

desafio às democracias: o desafio da guerra contra a exclusão e a<br />

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