Violencia nas Escolas.pdf
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pecialmente a intimidação por colegas, segundo Olweus; (1993)<br />
não dependem especialmente das variáveis sociais tradicionais 20 .<br />
No entanto, muitos trabalhos mostram que a violência não tem<br />
uma origem única, e que vale a pena examinar as abordagens sociológicas<br />
e psicológicas. Nas escolas de elite ou de classe média, os<br />
comportamentos de risco (uso abusivo de drogas, etc.) e as fases<br />
depressivas parecem ser mais comuns (Ballion, 1998; Pommereau,<br />
2000), enquanto o comportamento agressivo e a violência física<br />
são mais freqüentes <strong>nas</strong> escolas das classes trabalhadoras, e o mesmo<br />
acontece com os ataques contra adultos 21 . A maior parte dos<br />
sociólogos franceses (por exemplo, Dubet, 1994; Payet, 1995) considera<br />
a exclusão social como uma das grandes causas da violência<br />
<strong>nas</strong> escolas. De forma semelhante, o impacto da exclusão social<br />
no clima escolar, na intimidação por colegas e no comportamento<br />
foi descrito em muitos estudos anglo-saxônicos (Blaya, 2001; Cohen<br />
et al., 1994; Gottfredson, 2001; Lacerda e Niel, 1997; Mortimore<br />
e Whitty, 1999; Room, 1995). Em particular, as pesquisas<br />
destacam que as crianças de grupos étnicos minoritários apresentam<br />
maior tendência a virem a se tornar vítimas e a desenvolver<br />
comportamentos reativos, ou comportamentos percebidos como<br />
tal pelos professores (Debarbieux, 1996, 1999; Gillborn, 1992;<br />
Mirza, 1998; Moran et al., 1993; Osler, 1997; Wright, 1992). Com<br />
isso, não pretendemos estigmatizar certas categorias sociais, nem<br />
fazer com que pessoas “pobres” ou estrangeiros se sintam culpados,<br />
senão mostrar que, para lidar com a violência, precisamos,<br />
antes de mais nada, lidar com a exclusão.<br />
Para Bourdieu, a forma suprema de violência simbólica se<br />
dá quando os “produtos dominados de uma ordem dominada<br />
20 Quanto aos trabalhos de Olweus, poderíamos questionar a relevância de seus<br />
primeiros exemplos, que, como ele mesmo admite, não incluem escolas de classes<br />
menos privilegiadas.<br />
21 O último levantamento de Roché (Roché, 2001) sobre a delinqüência “autorelatada”<br />
mostra que, embora a delinqüência seja um fenômeno muito difundido,<br />
a delinqüência com violência é mais alta <strong>nas</strong> áreas menos privilegiadas.<br />
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