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Violencia nas Escolas.pdf

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por meio de mediação etc. Longe de nos encontrarmos numa<br />

situação de seguir opiniões estabelecidas, vemo-nos na presença<br />

de uma real revolução metodológica, uma maneira de estabelecer<br />

a distância necessária para a construção do objeto, enquanto<br />

os dados empíricos se acumulam e se ampliam as discussões<br />

sobre modelos.<br />

De fato, mais que meramente uma forma alternativa de<br />

quantificar o noticiário, colocando-o em perspectiva de curto e<br />

de longo prazo, esses levantamentos mostram que a violência<br />

tem uma história, que ela não foi simplesmente uma explosão<br />

inesperada: ela é previsível, pois foi construída socialmente. Portanto,<br />

são as estratégias de prevenção, e não as estratégias de<br />

repressão, que encontram justificativa na pesquisa científica, não<br />

ape<strong>nas</strong> por razões ideológicas, mas por puro pragmatismo. Os<br />

levantamentos de vitimização mostram (ver nossa síntese em<br />

Blaya e Debarbieux, 2000) como o stress acumulado da microviolência<br />

pode ter um efeito tão desestabilizador quanto um único<br />

ataque grave, e que a violência é tanto uma questão de opressão<br />

diária quanto de atos brutais e espetaculares. Os levantamentos<br />

sobre a intimidação por colegas ganham significado com as pesquisas<br />

sobre as causas do suicídio entre adolescentes, e a correlação<br />

entre as taxas de suicídio e a ocorrência de intimidação há<br />

muito já ficou demonstrada (Besag, 1989). A violência não se<br />

limita a um único elemento traumático e inesperado – embora,<br />

por vezes, isso de fato aconteça. A violência, tanto para quem a<br />

comete quanto para quem é submetido a ela, é, no mais das vezes,<br />

uma questão de violência repetida, às vezes tênue e dificilmente<br />

perceptível, mas que, quando acumulada, pode levar a graves<br />

danos eatraumas profundos <strong>nas</strong> vítimas, e a um sentimento<br />

de impunidade no perpetrador 17 (embora devamos ter sempre<br />

17 O que vem mostrar a prevenção implica uma certa dose de repressão (como reparação,<br />

entre outras coisas): microviolência, micropenalidades, bem-formuladas, adaptadas,<br />

de forma que não representem uma tentativa de vingança e contem com uma base<br />

reguladora (sobre esse ponto, ver nossa pesquisa em Meuret, 2000).<br />

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