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Violencia nas Escolas.pdf

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DEFINIR PARA AGIR<br />

As críticas epistemológicas e políticas mais fortes dizem<br />

respeito tanto à hiperampliação da definição do fenômeno da<br />

“violência <strong>nas</strong> escolas” quanto a seu exagero quantitativo. Nesta<br />

seção, gostaríamos de demonstrar que ape<strong>nas</strong> uma definição<br />

ampla pode avaliar de fato a violência <strong>nas</strong> escolas, colocando-a<br />

em perspectiva, e como essa definição ampla pode ir além de<br />

uma abordagem meramente repressiva. Ape<strong>nas</strong> uma definição<br />

desse tipo pode estabelecer tecnicamente a necessidade de prevenção.<br />

Não se trata de ser contra a repressão em si, nem de<br />

defender unicamente as medidas preventivas, o que provavelmente<br />

seria uma utopia! Mas se a violência é construída, então ela<br />

pode ser desconstruída. A repressão é sempre um estado trágico<br />

de temporalidade para a vítima. Quando a violência espetacular<br />

ou criminosa acontece, já é tarde demais, e a repressão não passa<br />

de um efeito retardado. Porém o mais significativo, e o que nos<br />

permite avaliar as políticas públicas que tratam da violência, é,<br />

acima de tudo, a redução do número de vítimas e do grau de<br />

vitimização, e não quantas pessoas foram presas. Na França, já é<br />

hora de levar em conta o efeito a longo prazo, na formulação das<br />

políticas públicas de combate à violência. De fato, já é hora de<br />

examinarmos a microviolência eaformacomo ela tem influência<br />

na vida das vítimas e dos criminosos.<br />

Estatísticas paradoxais: a contagem do crime<br />

Uma das acusações mais comuns levantadas contra os pesquisadores<br />

que trabalham com a violência <strong>nas</strong> escolas e com a<br />

delinqüência juvenil em geral, é que eles “fazem com que o fenômeno<br />

exista, ao falarem sobre ele”, contribuindo para o exagero<br />

público, ao identificá-lo como uma questão científica. Nós vimos<br />

até que ponto chegaram os comentários de Wacquant sobre<br />

a questão, chegando a postular a existência de uma conspiração<br />

mundial, que envolveria a “mão negra” da manipulação. Deve-se<br />

dizer que os argumentos desse autor são especialmente simplistas,<br />

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