17.04.2013 Views

Violencia nas Escolas.pdf

Violencia nas Escolas.pdf

Violencia nas Escolas.pdf

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

questão de determinismo por meio de deficiência “socioviolenta”.<br />

Nossa avaliação recente do plano interministerial de combate à violência<br />

escolar (Debarbieux-Montoya, 1999) mostra que as escolas<br />

de classes trabalhadoras por vezes tendem a expressar violência de<br />

uma forma mais forte, principalmente em situações que envolvem a<br />

chamada delinqüência de exclusão, e que o “conflito de civilidade” e<br />

a violência antiescolar tendem mais a se espalhar nessas escolas. Mas<br />

essa avaliação também mostra a importância dos efeitos escolares e<br />

dos efeitos zonais. A estabilidade dos professores e os cortes de<br />

funcionários têm um papel importante. Esse levantamento revela<br />

uma redução do fenômeno no Sul da França, onde a equipe de professores<br />

é mais estável, e uma piora nos subúrbios de Paris, onde a<br />

rotatividade <strong>nas</strong> equipes chega a atingir 80%, o que torna impossível<br />

construir uma “cultura escolar”, sem a qual nada é possível.<br />

De fato, essa pesquisa mostra que as causas da violência são<br />

múltiplas, complexas, densas, mas não fatais. Ela mostra a importância<br />

da mobilização nessa área, e também a necessidade de um<br />

Estado que seja capaz de implementar o desejo político de neutralizar<br />

a desigualdade. Não é politicamente correto, nem teria fundamento,<br />

considerar o problema em termos de um populismo<br />

maniqueísta, que afirma que as deficiências do Estado são responsáveis<br />

pela violência na escola (e que, na verdade, condena toda<br />

essa área à impotência), ou de um transcendentalismo repressivo,<br />

que tem como objetivo a simples remoção dos elementos indesejáveis<br />

10 . As pesquisas na área demonstram que a violência <strong>nas</strong> escolas<br />

deve ser analisada macro e microssociologicamente, enfatizando<br />

que suas causas são tanto exóge<strong>nas</strong> – relacionadas ao bairro,<br />

ao sistema econômico, a falhas familiares ou das políticas públicas<br />

– quanto endóge<strong>nas</strong> – associadas a graus de organização ou<br />

de desorganização local, nos quais os atores não são ape<strong>nas</strong> agentes<br />

impotentes, manipulados por forças políticas exter<strong>nas</strong>, nem<br />

tampouco populações que, em si mesmas, representam um perigo.<br />

10 Ver nosso artigo sobre a fabricação dos “linha-duras”, nos Cahiers de la sécurité<br />

intérieure, 2001.<br />

74

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!