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Violencia nas Escolas.pdf

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A violência e o “politicamente correto”, sob o risco<br />

da reação comportamental<br />

Essas críticas não devem ser ignoradas, e algumas delas são<br />

subscritas por nós. De fato, não há dúvida de que o tema da<br />

violência escolar deva grande parte de sua proeminência às campanhas<br />

exageradas da mídia, na maior parte dos países europeus,<br />

e também <strong>nas</strong> Américas. Foi dado destaque a fatos espetaculares<br />

– e raros – para descrever explosões de barbarismo infantil, associadas<br />

a um discurso trôpego sobre o declínio dos padrões<br />

educacionais (tendo como alvo as famílias de pais solteiros), e<br />

com explicações simplistas sobre os efeitos da influência direta<br />

da violência na televisão ou nos videogames, e também sobre as<br />

mazelas da imigração. Foi o que aconteceu na Alemanha, onde a<br />

reunificação intensificou as tensões xenófobas (Krämer, 1995).<br />

Na Inglaterra, os assassinatos de Dunblane atuaram como catalisadores<br />

(Blaya, 2000), e sabemos também que, na Suécia (Lindström<br />

e Campart, 1998) e na Espanha (Moreno, 1998), a tensão<br />

provocada pela mídia não foi menor. Também eu analisei esse fenômeno<br />

no caso francês (Debarbieux, 1998), onde o assunto parece<br />

ter-se transformado numa inexaurível mina de ouro para a<br />

imprensa escrita e televisiva. Uma das principais tarefas dos cientistas<br />

vem sendo a de desconstruir esses discursos alarmistas, e<br />

mais adiante veremos como a pesquisa quantitativa pode ajudar.<br />

Por outro lado, existe uma forma de conceber ou de utilizar<br />

a abordagem de “fatores de risco” que pode ser muito perigosa<br />

e estigmatizante para uma boa parte da população descrita<br />

como “de risco”. A alternativa de rejeitar por completo as abordagens<br />

desse tipo seria tentadora, uma vez que elas permitem<br />

que toda uma população seja visada, usando padrões que são<br />

mais deterministas que probabilísticos, mais mecânicos que sistemáticos.<br />

Essas críticas devem servir de incentivo à vigilância.<br />

Em tempos recentes, essa questão foi debatida de forma brilhante<br />

por David Farrington. No entanto, acredito que alguns comentários<br />

sejam necessários; eles não contradizem o que foi dito<br />

por David, mas podem dar ênfase a certos aspectos do problema<br />

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