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Violencia nas Escolas.pdf

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ilusórias, pré-fabricadas, mas também fazer com que essas palavras<br />

sejam construídas com toda a sua singularidade e em sua<br />

significância social?<br />

AS CONSEQÜÊNCIAS DAS PALAVRAS:<br />

O PROBLEMA POLÍTICO<br />

Mas, por trás dessa conscientização sobre as vítimas, não<br />

existiria também a suspeita de um tipo pouco saudável de populismo,<br />

cuja conseqüência seria descrever qualquer mal feito a uma<br />

pessoa como um perigo grave, e qualquer “incivilidade” como<br />

uma abertura ao crime? Não existiria o risco de excessos do tipo<br />

“tolerância zero” que com tanta freqüência são denunciados<br />

como o fim da liberdade? Não seriam essas supostas “vítimas”<br />

ape<strong>nas</strong> desculpas úteis para a adoção de políticas repressivas, que<br />

representariam a contrapartida das sociedades democráticas dominantes,<br />

que tentariam encarcerar os pobres e os indesejáveis,<br />

por meio de uma “criminalização da pobreza”?<br />

A teoria da “conspiração mundial”<br />

O sucesso político alcançado pelo tema da insegurança tem<br />

como corolário o sucesso comparável de um vocabulário, que<br />

consiste na descrição de um mundo social e, ao mesmo tempo,<br />

numa interpretação dele: incivilidade, intimidação, violência, introversão<br />

de identidade, grupo étnico, comunitarismo, comportamentos<br />

não-cívicos etc. (cf. Bourdieu e Wacquant, 1998). O<br />

lugar central ocupado pela definição “ampla” de violência pode<br />

parecer suspeito, quando ela é usada para justificar políticas de<br />

supervisão excessivas. O desejo de conhecer, nesse caso, transforma-se<br />

numa máscara para o desejo de supervisionar, que é o<br />

alter-ego das sociedades liberais, na área da segurança. É esse o<br />

fundamento da crítica de Loïc Wacquant (1999) ao “novo sensocomum<br />

punitivo”, proveniente da América e que vem disseminando-se<br />

pela velha Europa, na forma de um neoconservadoris-<br />

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