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Violencia nas Escolas.pdf

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Campo semântico, campo de poder<br />

Em termos ainda mais concretos e muito simples, o fato<br />

de diferentes atos sociais poderem ser agrupados sob o termo<br />

genérico de “violência”, por parte de pessoas de dentro das escolas<br />

é, por si só, um ato social que merece ser pensado, e um<br />

dos pontos de vista possíveis. Isso porque a terceira dificuldade<br />

gerada pela definição restrita é que ela nega aos próprios participantes<br />

o poder de dar um nome a sua experiência. Por exemplo,<br />

uma observação simples nessa área, mencionada diversas vezes<br />

em nossos trabalhos, também foi notada há poucos anos por<br />

Dubet, que, em seu estudo sobre estudantes da sexta série, considerou<br />

que a violência é um “clima de indisciplina que é paradoxalmente<br />

mais tangível que os atos que o geram” (Dubet, 1990).<br />

Isso quer dizer que as pessoas, <strong>nas</strong> escolas, devem ser relegadas à<br />

detestável categoria de “fantasistas da insegurança”? Esse “clima”<br />

deve ser retirado do campo da violência?<br />

O campo semântico é um campo de poder, no qual a questão<br />

da legitimidade da nomeação é um problema central. A própria<br />

idéia de uma definição “universal” é, por si mesma, uma<br />

forma de controlar esse campo – ainda mais se o código penal<br />

for a única forma de nomear a violência, uma vez que o risco<br />

óbvio seria o de só ser capaz de lidar com a violência escolar em<br />

termos penais. É uma contradição dizer que uma definição ampla<br />

da violência deva ser rejeitada por medo de estigmatização,<br />

ou, em outras palavras, numa perspectiva aberta pela psicologia<br />

da rotulação 8 , na qual se acaba por escolher o mais severo de<br />

todos os rótulos, o código penal. Mas, para nós, trata-se, acima<br />

de tudo, de uma recusa a ouvir o que as vítimas têm a dizer. A<br />

história da violência na escola (Debarbieux, 1998) – assim como<br />

muitas outras formas de violência –éahistória da descoberta<br />

gradual das vítimas, daquelas pessoas “esquecidas pela história”,<br />

como o diz tão bem Benoît Garnot (Garnot, 2000). É isso que<br />

vem ocorrendo na França, e o que vem ocorrendo também em<br />

termos internacionais, principalmente quando lemos os trabalhos<br />

que tratam da intimidação por colegas ou dos ataques de<br />

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