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Violencia nas Escolas.pdf

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das vítimas deve ser levada em consideração na definição de violência,<br />

que diz respeito tanto a incidentes múltiplos e causadores<br />

de estresse que escapam à punição quanto à agressão brutal e<br />

caótica. Contra essa definição ampla, no entanto, podem-se levantar<br />

várias objeções fortes, tanto políticas quanto epistemológicas;<br />

e é deste último aspecto que trataremos de ini´icio, mesmo<br />

que não seja nossa intenção separar o aspecto científico do problema<br />

prático 3 .<br />

Delimitar para pensar?<br />

A primeira objeção contra uma definição ampla da violência<br />

pode ser resumida pelos comentários de um autor francês,<br />

Bonafé-Schmitt (1997) que denunciou “a visão inflacionista da<br />

violência”, conceito que reúne “agressão física, extorsão, vandalismo<br />

e aquilo que é conhecido como ‘incivilidade: xingamentos,<br />

linguagem rude, empurra-empurra, humilhação”. Esta primeira<br />

objeção afirma que a hiperampliação faz com que o conceito<br />

seja impensável, devido à confusão léxica e semântica. Desse<br />

modo, a primeira objeção é a seguinte: atribuir o termo “violência”<br />

a uma ampla gama de fenômenos é um mau uso do termo.<br />

Esse argumento pode ser encontrado num relatório recente<br />

(Prairat, 2001), que propõe a leitura crítica de meus próprios<br />

estudos, e questiona “o desejo louvável de levar em consideração<br />

a experiência dos protagonistas”, que contribuem, eles próprios,<br />

para a definição de violência. Para Prairat, “aqui encontramos<br />

o famoso ‘esse est percipi’ expresso pelo velho 4 Berkeley: ser é<br />

ser percebido”. Não é mais “usando o sujeito político, mas também<br />

– e principalmente – usando o sujeito psicológico, que Debarbieux<br />

pretende definir a violência. A partir daí, não há limites:<br />

violência objetiva, violência sentida, violência temida... o<br />

3 Os desenvolvimentos a seguir reexaminam e complementam alguns comentários feitos<br />

por mim em outros lugares. (Debarbieux, 2001).<br />

4 Minha reaçãoéadeumfilósofo: não vejo por que ser “velho” garanta o obsoletismo de<br />

um filósofo. O argumento aqui é mais ad hominem que epistemológico.<br />

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