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Violencia nas Escolas.pdf

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William Pollack, em seu best-seller Real Boys: Rescuing our<br />

Sons from the Myths of Boyhood (Meninos de Verdade: Salvando<br />

nossos Filhos do Mito do que é ser um Menino), identifica a<br />

existência de um código não-verbal, o “código dos meninos”<br />

que, em sua opinião, permeia o processo de socialização dos<br />

adolescentes de sexo masculino. Esse ethos é parte do rito de<br />

passagem adolescente tradicional, sendo portanto transmitido<br />

pelos pais (especialmente pelo pai) de maneiras basicamente<br />

inconscientes e não-intencionais. Os meninos entrevistados por<br />

Pollack são solitários e deprimidos. Eles lutam com questões de<br />

auto-estima e correm grave risco. Eles têm uma enorme necessidade<br />

de ser ouvidos e um desejo de compartilhar seus sentimentos,<br />

mas, numa sociedade onde existe um “código dos meninos”<br />

implícito, eles têm que esconder suas emoções e jamais mostrar<br />

seus verdadeiros sentimentos. Eles têm que estar prontos para<br />

defender seus direitos, reais ou supostos, mesmo que até o ponto<br />

do conflito. As penalidades para as violações desse código<br />

muitas vezes disfarçado são severas: os meninos são ridicularizados,<br />

intimidados e até mesmo submetidos a violência.<br />

Minhas próprias pesquisas (Devine, 1996) e as de antropólogos<br />

como Bourgois (1996) confirmam o trabalho de Pollack. A<br />

“cultura da violência” à qual estão sujeitos os jovens das áreas<br />

centrais das grandes cidades – e, de maneira mais ampla, os jovens<br />

americanos em geral – tem como resultado a construção de<br />

uma persona “durona”, que tem como objetivo a sobrevivência e<br />

a conquista do respeito alheio. Nas escolas em que todas as funções<br />

disciplinares foram entregues à polícia e aos seguranças, a<br />

distância emocional entre o professor e os alunos se vê ampliada.<br />

Quando os professores se furtam ao contato íntimo com a<br />

cultura da juventude, eles deixam de estar em condições de ouvir<br />

os alunos, quando estes expressam seus problemas e medos pessoais,<br />

ou, então, traçam as fronteiras comportamentais que não<br />

devem ser ultrapassadas pelos alunos. Os professores passam a<br />

estar “por fora”, em relação à cultura dos jovens. E os educado-<br />

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