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Violencia nas Escolas.pdf

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Tudo isso nos leva de volta ao problema da definição, ao<br />

problema de o quê, precisamente, queremos dizer por “violência”.<br />

É importante que nos demos conta de que as pesquisas e os<br />

programas de intervenção direcionados à redução imediata dos<br />

níveis de violência juvenil quase sempre enfocam a violência interpessoal<br />

direta que, tradicionalmente, é definida como “os atos<br />

deliberados, por parte de crianças, adolescentes ou jovens adultos,<br />

que representam ameaça ou que vêm a resultar em danos<br />

corporais graves ou morte”. A limitação dessa definição é que<br />

ela situa o locus da violência precisamente no nível individual.<br />

A violência estrutural, pelo contrário, um conceito popularizado<br />

pelo sociólogo norueguês Johan Galtung (1995) implica<br />

uma interpretação mais ampla da violência, visando a mostrar<br />

que a ameaça está presente <strong>nas</strong> instituições, mesmo quando não<br />

há violência literal, ou violência tal como estrita ou tradicionalmente<br />

definida. A literatura especializada sobre a violência e a<br />

prevenção da violência atravessa muitas fronteiras disciplinares e<br />

baseia-se na suposição de que a pobreza, o racismo, o desemprego,<br />

a deficiência da assistência à saúde, as ideologias que discriminam<br />

os papéis sexuaiseamádistribuição de renda são fatores<br />

“estruturais” e causas arraigadas. Um exemplo de fator estrutural<br />

que tem raízes profundas –eédiretamente relacionado aos<br />

altos níveis de violência nos Estados Unidos de hoje –é a força<br />

política da Associação Nacional dos Rifles e do “lobby das armas<br />

de fogo”, que, literalmente, ditam as políticas relativas a essas<br />

armas no Congresso americano.<br />

Mas nem todos os fatores estruturais situam-se no nível da<br />

materialidade, da economia e da tecnologia. Até este ponto, venho<br />

focando minha atenção nos trabalhos dos demógrafos e dos<br />

sociólogos americanos de tendência mais quantitativa. Deve-se<br />

observar que vem despontando um outro grupo de acadêmicos,<br />

aos quais se poderia denominar “interacionistas sociais” – antropólogos<br />

e psicólogos que adotam uma abordagem mais fenomenológica<br />

e interpretativa e enfocam o contexto social da violência<br />

como um dos fatores “estruturais”.<br />

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