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Violencia nas Escolas.pdf

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O enfoque individualizado que venho discutindo – e criticando<br />

– neste artigo muitas vezes é citado como “a abordagem<br />

de saúde pública” à prevenção da violência. Ela é prima distante<br />

das campanhas de combate ao fumo da década de 70 e de inícios<br />

da década de 80. Se os estudantes (e outros) aprenderem que a<br />

violência é ruim para sua saúde, eles deixarão de praticá-la. A<br />

quase totalidade dos teóricos que escrevem sobre a prevenção da<br />

violência escolar, inclusive as altas autoridades do Departamento<br />

de Educação, concordam que a tecnologia, por si só, não irá<br />

resolver o problema, nem bastará para promover essa abordagem<br />

da “saúde pública”, aparentemente mais progressista, que<br />

venho até aqui descrevendo. Certamente que não tenho a intenção<br />

de sugerir que conceituar o problema da violência juvenil<br />

como um problema de saúde pública seja totalmente errado. O<br />

Instituto Nacional de Saúde está intensificando seu apoio a estudos<br />

comportamentais sobre crianças e adolescentes em risco de<br />

se tornar violentos. Esses estudos vêm desenvolvendo maneiras<br />

melhores de evitar que crianças recebam cuidados insuficientes,<br />

de tratar os distúrbios de déficit de atenção, de combater a depressão<br />

e as idéias suicidas e de avaliar modelos de um programa de<br />

educação social chamado “cuidados adotivos terapêuticos” como<br />

alternativa à cadeia, para alguns jovens delinqüentes. É certo que o<br />

modelo da saúde pública representa um avanço sobre o modelo<br />

adotado pelos legisladores que recorrem simplesmente à cadeia e<br />

punição, leis mais duras para as drogas, pe<strong>nas</strong> mais longas e campos<br />

de recuperação para adolescentes. Assim, deixar de pensar em<br />

termos de punição – e deixar de pesquisar ape<strong>nas</strong> os fatores puramente<br />

biológicos –, passando a tratar dos fatores sociais, já representa<br />

um avanço realmente encorajador. Mas, muitas vezes, o pressuposto<br />

básico por trás da abordagem de saúde pública é que a<br />

violência é uma doença contagiosa, que encontra terreno fértil em<br />

indivíduos vulneráveis e em bairros dotados de poucos recursos –<br />

o que, aliás, parece ser verdade. Mas o átomo sob investigação<br />

continua sendo o indivíduo, e não a violência inerente ao sistema<br />

social ou às instituições sociais que estão na raiz do problema.<br />

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