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Violencia nas Escolas.pdf

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Mas nenhuma notícia sobre esses avanços parece ter chegado<br />

aos ouvidos dos cientistas sociais que têm influência sobre as<br />

políticas públicas, quanto mais dos próprios formuladores de<br />

políticas. Os enfoques mais etnográficos são rotulados de meramente<br />

“ilustrativos” ou subjetivos, e são totalmente marginalizados<br />

(Clifford e Marcus, 1986).<br />

Esse tipo de ciências sociais positivistas e alimentadas por<br />

estatísticas gerou – nos Estados Unidos, pelo menos – um “grande<br />

consenso” na área da prevenção da violência. Minha sugestão<br />

é que examinemos os principais pontos desse consenso teórico,<br />

submetendo-os à crítica dos estudos de natureza mais<br />

interpretativa, da etnografia que emana das práticas cotidia<strong>nas</strong><br />

e da experiência de baixo para cima” dos pais, dos professores<br />

e dos próprios alunos.<br />

É óbvio que a questão específica da violência escolar deva<br />

ser examinada dentro do contexto mais amplo da violência adolescente<br />

que hoje vem ocorrendo nos Estados Unidos. Nesse<br />

contexto, qual a principal tese do “grande consenso”? Um estudo<br />

sobre homicídios <strong>nas</strong> escolas, realizado pelas principais agências<br />

do governo federal (Centro de Controle de Doenças, Departamento<br />

de Educação e Departamento de Justiça) nos fornece<br />

uma pista. Esse estudo identificou 68 assassinatos de estudantes,<br />

ocorridos <strong>nas</strong> escolas ou em suas proximidades, no decorrer<br />

de um período de dois anos (1992-1994). A conclusão a que se<br />

chegou foi que esses assassinatos representavam menos de 1%<br />

dos homicídios cometidos por jovens em geral, em todo o país,<br />

durante aquele mesmo período. Um estudo de acompanhamento<br />

veio a atualizar esses dados até junho de 1999, tendo identificado<br />

177 assassinatos num período de cinco anos (a grande maioria<br />

deles com uso de armas de fogo), e continuando a insistir<br />

que os homicídios associados a escolas representavam ainda 1%<br />

do total dos homicídios cometidos por jovens. Desse modo, apesar<br />

dos muitos homicídios de vítimas múltiplas ocorridos <strong>nas</strong><br />

escolas america<strong>nas</strong> em fins da década de 90, vimos sendo constantemente<br />

assegurados de que os homicídios e as agressões não-<br />

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