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Violencia nas Escolas.pdf

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vamente seguros”. Somos informados de que, se comparadas às<br />

casas de família e aos bairros, – principalmente os bairros altamente<br />

conturbados – as escolas registram um número inferior<br />

de homicídios e de ferimentos fatais. Poder-se-ia pensar – pelo<br />

menos até tempos muito recentes – que essa conclusão é bastante<br />

óbvia. Uma das principais características das pesquisas tradicionais<br />

é sua obviedade.<br />

Os estudos aos quais me refiro insistem na necessidade de<br />

aplicar “os mais altos padrões científicos” e “métodos de investigação<br />

rigorosos”. Eles, portanto, privilegiam estudos experimentais<br />

e, num nível ligeiramente mais alto de abstração, metaanálises<br />

que fornecem métodos estatísticos para a avaliação das<br />

conclusões de um grande número de estudos. Coleta de dados<br />

em larga escala, estudos sobre a população em geral usando amostragens<br />

probabilísticas e estudos longitudinais com base em questionários<br />

são abordagens exigidas, para que as pesquisas venham<br />

a ser aceitas pela “comunidade científica” em geral. As verificações<br />

anteriores, dizem eles, têm que ser replicadas, de modo a<br />

comprovar sua objetividade. A comunidade das ciências sociais<br />

parece querer imitar a das “ciências pesadas”, ou até mesmo superá-la<br />

em termos de seu enfoque positivista. Dessa perspectiva<br />

exclusiva, os estudos qualitativos isolados e os estudos de caso<br />

de uma única escola, a etnografia e todo o campo da antropologia<br />

educacional se tornam altamente suspeitos.<br />

Tudo isso, é claro, é totalmente compreensível. A platéia a<br />

que, em última análise, esses estudos são dirigidos é a comunidade<br />

das políticas públicas – as repartições públicas, os parlamentares,<br />

os legisladores e os advogados de todos os níveis, que estão<br />

sempre prontos a abater argumentos com argumentos contrários.<br />

Daí a necessidade de “rigor” nos estudos científicos, de<br />

refutação de pontos de vista contrários e de certeza científica.<br />

Em minha própria área, que é a antropologia, esse discurso teórico<br />

positivista, há mais de duas décadas, vem sendo contestado<br />

por perspectivas mais hermenêuticas, mais interpretativas, mais<br />

fenomenológicas, com raízes na filosofia da Europa continental.<br />

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