Violencia nas Escolas.pdf
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outros – a seu corpo, a seu território, a seu ego afetivo. O que faz<br />
dela um fenômeno tão intolerável é que ela nega a aspiração individual<br />
e coletiva à inviolabilidade, à integridade, à proteção, ao<br />
respeito e à justiça. Quando unido à palavra escola, o termo violência<br />
indica uma grave falha por parte da instituição e de seus<br />
planos futuros. O medo da violência física direta provém da atenção<br />
dada pela mídia a toda uma série de situações tidas como<br />
insuportáveis, bem como a qualquer tipo de comportamento<br />
anômalo, muitas vezes aglutinados sob o termo genérico “incivilidade”.<br />
Esses dois termos parecem ser intercambiáveis na semiótica<br />
da mídia (Milburn, 2000). Mas a violência tem uma dimensão<br />
qualitativa, no dano causado por ela à integridade social, enquanto<br />
a incivilidade enfatiza o aspecto quantitativo, por meio<br />
da difusão invisível das várias transgressões que permeiam os<br />
poros do corpo social. A incivilidade recebe como resposta uma<br />
política de controlar os espaços e a exigência de maior responsabilidade<br />
civil e de punições mais severas. Quanto ao termo “escola”,<br />
aqui há também mais de um sentido. Na França, os primeiros<br />
anos da escola secundária parecem ser o elo mais fraco,<br />
ao passo que, nos Estados Unidos, a ênfase é colocada sobre o<br />
fato de que as perturbações começam na escola primária. Em<br />
ambos os países, os crimes e delitos ocorridos na própria escola<br />
são relativamente limitados. De acordo com William Modzeleski,<br />
Diretor do Programa de <strong>Escolas</strong> Seguras e Sem Drogas, do Departamento<br />
Federal de Educação, a escola é um dos lugares onde<br />
as crianças se encontram em maior segurança. Das 5.000 mortes<br />
de menores causadas por armas a cada ano, menos de 1% ocorrem<br />
<strong>nas</strong> escolas (Congressional Quarterly, 1998). O Instituto de<br />
Políticas Judiciárias acrescenta que os alunos têm chances quarenta<br />
vezes maiores de serem mortos fora da escola que dentro<br />
dela e, na maioria das vezes, por adultos. Na França, a simples<br />
menção de crimes de sangue já seria motivo para preocupação.<br />
De fato, mesmo com as melhoras que vêm acontecendo há vários<br />
anos, a situação americana ainda é infinitamente mais séria<br />
que a da Europa.<br />
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