17.04.2013 Views

Violencia nas Escolas.pdf

Violencia nas Escolas.pdf

Violencia nas Escolas.pdf

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

pediram para intervir na reação a um episódio dramático ocorrido<br />

no pátio de recreio da escola, onde dois alunos “grandes”, haviam<br />

emboscado e atacado um aluno de onze anos com chutes na cabeça.<br />

Fomos até à casa desse aluno para conhecê-lo. Seu crânio havia<br />

sido irremediavelmente esmagado, e a lesão cerebral era irreversível.<br />

O que seria mais normal do que os perpetradores do crime<br />

serem punidos? Mas isso em nada mudaria a situação daquela criança.<br />

O problema não é punir os agressores, mas sim evitar a existência<br />

de vítimas. Não se trata de vingança ou de retaliação, mas<br />

de redução do risco. Na época em que o projeto desta conferência<br />

mundial estava começando a sair do papel – no exato momento<br />

em que a pesquisa se torna difícil, e quando estamos exaustos de<br />

tanto encontrar resistência por parte de indivíduos e de instituições,<br />

quando nos sentimos tentados a desistir, o olhar daquela criança<br />

nos volta à memória como um choque, e aqueles que pensam<br />

que estamos sendo hipersensíveis não entendem absolutamente<br />

nada sobre o nosso projeto. Lembramo-nos também do que Korzjack<br />

tinha a dizer: “Nunca se esqueçam de o quão rápido bate o<br />

coração de uma criança quando ela sente medo”. Além disso, nem<br />

nessa cidade sul-americana nem na França, jamais encontramos<br />

pessoas que se sentissem resignadas, eacapacidade de reação e<br />

ação das equipes das escolas e da população como um todo sempre<br />

nos impressionou. Um exemplo: o músico notável, que, por<br />

anos a fio, vem organizando uma enorme orquestra de percussão,<br />

onde cente<strong>nas</strong> de crianças e adolescentes batem seus tambores.<br />

Assistimos a um de seus ensaios. Não havia espaço para praticar?<br />

Eles ensaiavam <strong>nas</strong> ruas, bem ao lado daqueles edifícios protegidos<br />

por portões de ferro, códigos de acesso, cães de guarda e guardas<br />

de segurança – duzentas crianças batucando em uníssono. Podem<br />

crer, sentimo-nos mais felizes de estar ali do que estaríamos<br />

num daqueles apartamentos blindados.<br />

De modo que, sim, é verdade que há um senso de revolta<br />

em nosso projeto, e temos plena consciência disso: o problema da<br />

violência <strong>nas</strong> escolas é de todos nós, mesmo que ele não seja o<br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!