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QUADRILHA<br />

Edição e Pesquisa de Lenise Resende<br />

Conhecida também como dança caipira, a quadrilha é dançada em todo o<br />

país. Tem suas raízes em um bailado palaciano praticado nas cortes européias<br />

desde o início do século XIX. Chamado na Inglaterra de country dance, chegou até a<br />

França e Portugal e, dali, ao Brasil. Apesar de ter modificado-se bastante no<br />

decorrer do tempo, sua essência permanece.<br />

A quadrilha é dançada por um número par de casais que varia muito. O<br />

tamanho do local da dança é que costuma determinar a quantidade de participantes.<br />

A quadrilha tradicional, porém, exige o mínimo de 16 pares. O primeiro par de cada<br />

grupo representa o guia, através do qual os demais se orientam. A pessoa que<br />

comanda a quadrilha é o marcador. Ele fica dizendo os passos da dança a serem<br />

executados pelos participantes e costuma usar palavras portuguesas e<br />

afrancesadas. Os passos são batizados com nomes que remetem às origens<br />

européias e cada marcador tem uma maneira própria de dizer o mesmo comando.<br />

Ex: Damas, saudação!; Cumprimento de damas! ou Travessê de damas!<br />

A música vem de sanfona e de instrumentos de percussão, como a zabumba<br />

e o triângulo. As versões mais modernas da festa utilizam música gravada ou até<br />

mesmo instrumentos eletrônicos.<br />

Exemplo de marcação para a quadrilha:<br />

1.ª Parte: Caminho da festa! Aos seus lugares! Damas para um lado e cavalheiros<br />

para o outro! Balancê! Balancê com seu par! Balancê vis-à-vis! Balancê! Ao centro!<br />

Beija-flor! Voa andorinha! Voa gavião! Aos seus lugares! Balancê! Cavalheiros,<br />

saudação! Damas, saudação! Saudação geral! Damas e cavalheiros, trocar de lado!<br />

Primeiras marcas ao centro! Balancê! Giro! Aos seus lugares! Segundas marcas ao<br />

centro! Balancê! Giro! Aos seus lugares!<br />

2.ª Parte: Passeio! Trocar de dama! Mais uma vez! Mais uma vez! Passar três!<br />

Passar uma! Mais uma vez! Trocar de cavalheiro! Mais uma vez! Mais uma vez!<br />

Passar três! Passar um! Mais uma vez! Dança da vassoura! Trocar de dama!<br />

Destrocar de dama! Anavan tur! Mais uma vez! Passar dois! Passar um! Mais uma<br />

vez! Mais uma vez! Grande passeio! Damas à direita, cavalheiros à esquerda!<br />

Passeio dos namorados!<br />

3.ª Parte: Caminho da roça! Olha a cobra! É mentira! Segue caminho da roça! Olha a<br />

chuva! Já passou! Segue caminho da roça! Olha o buraco! Já consertou! Segue<br />

caminho da roça! Caracol! Enrolar! Desvirar! Segue caminho da roça! Cestinha de<br />

flores! Desfazer cestinha de flores! Preparar o changê! Changê! Preparar o<br />

caranchê! Caranchê! Desfazer o caranchê! Preparar para o túnel! Olha o túnel! Aos<br />

seus lugares!<br />

4.ª Parte: Primeiras marcas ao centro! Primeiras marcas pra direita! Segundas<br />

marcas, preparar! Segundas marcas pra esquerda! Preparar estrela! Estrela pra<br />

direita! Estrela pra esquerda! Desfazer estrela! Aos seus lugares! Grande roda! Pra<br />

direita! Pra esquerda! Damas ao centro! Damas e cavalheiros pra direita! Damas e<br />

cavalheiros pra esquerda! Arco-íris! Damas pra direita, cavalheiros pra esquerda!<br />

Damas pra esquerda, cavalheiros pra direita! Coroa de rosas! Descoroar!<br />

1


Cavalheiros ao centro! Arco-íris! Damas pra direita, cavalheiros pra esquerda!<br />

Damas pra esquerda, cavalheiros pra direita! Coroa de espinhos! Descoroar!<br />

Esquisito! Reformar a grande roda! Direita! Galope! Despedida!<br />

<strong>Quadrilha</strong> – Histórico<br />

2<br />

por Domingos Demasi<br />

De origem francesa, a quadrilha era dançada, na Europa, por várias dezenas<br />

de pares. No tempo do Império, em nosso país, era executada nos grandes bailes<br />

realizados na corte. Com o tempo, tornou-se uma dança folclórica. O comando é<br />

dado com palavras afrancesadas como "balancê" (balancer) e "otrefoá" (autrefois).<br />

Ela é um dos pontos altos da festa provocando risos e brincadeiras. Na época das<br />

festas juninas, uma das diversões mais tradicionais é a quadrilha. Mas nem sempre<br />

foi assim.<br />

A quadrilha não era uma dança de São João, mas teve origem nobre nos<br />

salões reais e acabou popularizando-se de tal maneira, que acabou nos terreiros.<br />

Em qualquer país europeu no início do século XIX, principalmente na França, era a<br />

quadrilha que abria os bailes da aristocracia, e no Brasil, na época da regência, ela<br />

fez o maior sucesso ao ser introduzida por maestros franceses. Era tanta a<br />

preferência por esse tipo de música e dança que, em 1852, foram dançadas nada<br />

menos que 20 quadrilhas.<br />

Da mesma forma como viria a acontecer com o samba - de início um ritmo<br />

restrito aos morros e que acabou ganhando as ruas - a quadrilha, pelo seu ritmo<br />

sincopado e suas marcações dançantes, acabou perdendo o formalismo dos salões<br />

e virou uma mania popular que atingiu todos os recantos do país. Aos poucos, foi<br />

ganhando um tempero brasileiro e logo surgiram compositores dedicados a esse tipo<br />

de música, como o flautista carioca Joaquim Antônio da Silva Calado, que também<br />

ficou famoso por suas polcas e lundus.<br />

Com a popularização a quadrilha ganhou também, na forma de dançar e no<br />

acompanhamento musical, várias adaptações pelo País. O "saruê" do Brasil central,<br />

por exemplo, não esconde a sua origem francesa, pois a palavra é uma variação de<br />

"soirêe" e as marcações da dança são bastante semelhante às da quadrilha. Apesar<br />

de ser um outro tipo de dança o "fandango" do Rio Grande do Sul tem marcações<br />

nitidamente inspiradas na quadrilha. E o mesmo acontece com a "cana verde",<br />

bailado de origem portuguesa muito comum nas regiões centro e sul do Brasil. Mas<br />

é a "mana-chica", dança típica do Estado de Rio de Janeiro - mais especificamente<br />

da região de Campos - que mantém a tradição da quadrilha popular do século<br />

passado. Nela, os participantes se colocam em fila opostas e executam sete<br />

movimentos: o "balancê", o "chemin de dames", os "volteios", a "grande chaîne" e as<br />

repetições dos volteios, do "chemin de dames" e novamente dos volteios,<br />

terminando tudo com marcações de sapateados. Tradicionalmente, o<br />

acompanhamento é feito apenas com violas e pandeiros, e os nomes que recebe<br />

variam de acordo com a região. A "mana-chica" também é conhecida por<br />

"andorinha", "marreca", "mana-joana" etc.<br />

Os trajes típicos também sofreram a influência das roupas usadas pelos<br />

camponeses brasileiros. O tipo de música tocado nas festas - quadrilha e forró -<br />

assim como os instrumentos utilizados - sanfona, zabumba, triângulo etc - são da<br />

mesma forma contribuições da cultura brasileira às festas de origem européia. Com


o crescimento das cidades, a quadrilha passou a ficar restrita ao campo ou aos<br />

bairros mais distantes. Entretanto, por causa de sua grande aceitação popular e<br />

coreografia, a quadrilha acabou fazendo parte também do universo cultural urbano,<br />

só que de maneira diferente. A quadrilha que conhecemos na cidade é mais um<br />

"casório na roça", uma encenação bem humorada em que as pessoas imitam os<br />

habitantes do campo, com seus costumes simples e vestimentas. (Fonte: Globinho<br />

Pesquisa)<br />

Fonte: www.lendorelendogabi.com (acesso em: 19/05/2010)<br />

3


Saiba os comandos mais tradicionais da quadrilha<br />

1. Balancê<br />

Forma-se uma fileira de damas e outra de cavalheiros. Uma, diante da outra,<br />

separadas por uma distância média de 2,5 m. Cada cavalheiro fica exatamente em<br />

frente à sua dama. Começa a música. Balancê é o primeiro comando, quando os<br />

casais começam a dançar forró.<br />

2. “Cumprimento às damas” ou "Cavalheiros cumprimentam suas damas"<br />

Os cavalheiros, balançando o corpo, caminham até as damas e cada um<br />

cumprimenta a sua parceira, retirando o chapéu e quase se ajoelhando em frente a<br />

ela.<br />

3. “Cumprimento aos cavalheiros” ou "Damas cumprimentam seus cavalheiros"<br />

As damas, balançando o corpo, caminham até os cavalheiros e cada uma<br />

cumprimenta o parceiro, levantando levemente a barra da saia.<br />

4. Damas e cavalheiros, trocar de lado<br />

Os cavalheiros, de mãos dadas, dirigem-se para o centro. As damas fazem o<br />

mesmo. Ao se aproximarem, todos se soltam. Com os braços levantados, giram pela<br />

direita. Soltam-se as mãos, dirigem-se ao lado oposto. Os cavalheiros, de mãos<br />

dadas, vão para o lugar antes ocupado pelas damas. E vice-versa.<br />

5. Primeiras marcas ao centro<br />

Antes do início da quadrilha, os pares são marcados pelos números 1 ou 2. Ao<br />

comando "Primeiras marcas ao centro", apenas os pares vão ao centro,<br />

cumprimentam-se, voltam. Estando no centro, ao ouvir o marcador pedir balanceio<br />

ou giro, executar com o par da fileira oposta. Ouvindo "aos seus lugares", os pares<br />

de número 1 voltam à posição anterior. Ao comando de "Segundas marcas ao<br />

centro", os pares de número 2 fazem o mesmo.<br />

6. Grande passeio<br />

As filas giram pela direita e se emendam em um grande círculo. Cada cavalheiro dá<br />

a mão direita à sua parceira. Os casais passeiam em um grande círculo, balançando<br />

os braços soltos para baixo, no ritmo da música.<br />

7. Trocar de dama<br />

Cavalheiros à frente, ao lado da dama seguinte. O comando é repetido até que cada<br />

cavalheiro tenha passado por todas as damas e retornado para a sua parceira.<br />

8. Trocar de cavalheiro<br />

O mesmo procedimento. Cada dama vai passar por todos os cavalheiros até ficar ao<br />

lado do seu parceiro.<br />

9. O túnel<br />

Os casais, de mãos dadas, vão andando em fila. O casal da frente levanta os<br />

braços, voltados para dentro, formando um arco. O segundo casal passa por baixo e<br />

4


levanta os braços em arco. O terceiro casal passa pelos dois e faz o mesmo. O<br />

procedimento se repete até que todos tenham passado pela ponte.<br />

10. Anavantur<br />

A dama passa a dançar com o cavalheiro da frente. O comando é repetido até que<br />

cada dama tenha dançado com todos os cavalheiros e alcançado o seu parceiro.<br />

11. Caminho da roça<br />

Damas e cavalheiros formam uma só fila. Cada dama à frente do seu parceiro.<br />

Seguem na caminhada, braços livres, balançando. Fazem o balancê, andando<br />

sempre para a direita.<br />

12. Olha a cobra<br />

Damas e cavalheiros, que estavam andando para a direita, voltam-se e caminham<br />

em sentido contrário, evitando o perigo. Vários comandos são usados para este<br />

passo: “Olha a chuva”, "Olha a inflação", "Olha o (o que o marcador quiser)". A fileira<br />

deve ir deslizando como uma cobra pelo chão.<br />

13. É mentira<br />

Damas e cavalheiros voltam a caminhar para a direita. Já passou o perigo. Era<br />

alarme falso.<br />

14. Caracol<br />

Damas e cavalheiros estão em uma única fileira. Ao ouvir o comando, o primeiro da<br />

fila começa a enrolar a fileira, como um caracol.<br />

15. Desviar<br />

É a palavra-chave para que o guia procure executar o caracol, ao contrário, até<br />

todos estarem em linha reta.<br />

16. A grande roda<br />

A fila é única agora, saindo do caracol. Forma-se uma roda que se movimenta,<br />

sempre de mãos dadas, à direita e à esquerda, como for pedido. Neste passo,<br />

temos evoluções. Ouvindo “Duas rodas, damas para o centro”, as mulheres vão ao<br />

centro, dando as mãos.<br />

Na marcação "Duas rodas, cavalheiros para dentro”, acontece o inverso. As rodas<br />

obedecem ao comando, movimentando para a direita ou para esquerda. Se o pedido<br />

for “Damas à esquerda” e "Cavalheiros à direita” ou vice-versa, uma roda se desloca<br />

em sentido contrário à outra, seguindo o comando.<br />

17. Coroar damas<br />

Volta-se à formação inicial das duas rodas, ficando as damas ao centro. Os<br />

cavalheiros, de mãos dadas, erguem os braços sobre as cabeças das damas.<br />

Abaixam os braços, então, de mãos dadas, enlaçando as damas pela cintura. Nesta<br />

posição, se deslocam para o lado que o marcador pedir.<br />

18. Coroar cavalheiros<br />

Os cavalheiros erguem os braços e, ao abaixar, soltam as mãos. Passam a manter<br />

os braços balançando junto ao corpo. São as damas agora, que erguem os braços,<br />

de mãos dadas, sobre a cabeça dos cavalheiros. Abaixam os braços, com as mãos<br />

5


dadas, enlaçando os cavalheiros pela cintura. Deslocam-se para o lado que o<br />

marcador pedir.<br />

19. Duas rodas<br />

As damas levantam os braços, abaixando em seguida. Continuam de mãos dadas,<br />

sem enlaçar os cavalheiros, mantendo a roda. A roda dos cavalheiros é também<br />

mantida. São novamente duas rodas, movimentando, os dois, no mesmo sentido ou<br />

não, segundo o comando. Até a contra-ordem!<br />

20. Reformar a grande roda<br />

Os cavalheiros caminham de costas, se colocando entre as damas. Todos se dão as<br />

mãos. A roda gira para a direita ou para a esquerda segundo o comando.<br />

21. Despedida<br />

De um ponto escolhido da roda, os pares se formam novamente. Em fila, saem no<br />

galope, acenando para o público. A quadrilha está terminada.<br />

Fonte: www.jc.uol.com.br (acesso em: 19/05/2010)<br />

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