O Delfim - hora absurda IV
O Delfim - hora absurda IV
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X.<br />
Desfazendo a mala e encontrando um número da revista Merkur dedicado a Hans<br />
Magnum Enzensberger:<br />
Se um dia isto, a Gafeira, resultasse num livro (o que depende da felicidade com<br />
que se interroga o aparo e do bom êxito da memória), se um dia a lagoa e a aldeia, os<br />
vivos e os espectros, viessem de novo até mim, mas então em espaços lineares 12-in-14<br />
e em graneis salpicados de outros símbolos (que são os do revisor), nessa altura não<br />
deixaria de meter meia dúzia de linhas tiradas de Enzensberger (Politique et Crime, ed<br />
Gallimard):<br />
«Os papéis das testemunhas tinham sido, no rigoroso sentido literal do termo,<br />
decorados e repetidos até à saciedade, de modo que nos debates quem comparecia<br />
não eram as pessoas reais, mas a representação que elas tinham construído de si<br />
mesmas e das teses por que se batiam; Anna Caglio não aparecia como ela<br />
própria, mas como alguém que interpretava o papel de Anna Caglio...»<br />
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