da Boa Vista - Jornal de Leiria

SUPLEMENTO
IV Festival do Leitão
d a B o a V i s t a
4 th Boa Vista’s Sucking-Pig Festival
07 - 10 Julho | July
2 0 0 5
L E I R I A
EDIÇÃO
Este Suplemento faz parte integrante da edição 1094, de 30 de Junho de 2005 do Jornal de Leiria e não pode ser vendido separadamente

IV Festival do Leitão
da Boa Vista
Boa Vista organiza IV Festival
Milhares de visitantes esperados
para saborear o leitão assado
Programa
do IV Festival
do Leitão da
Boa Vista
07 de Julho | Quinta-feira
19 HORAS – Inauguração
do Festival com a presença
de entidades oficiais
21 HORAS – Actuação do
grupo musical “Big Banda”
24 HORAS – Encerramento
08 de Julho | Sexta-feira
19 HORAS – Abertura dos
restaurantes
21 HORAS – Actuação do
grupo musical “Arco Íris”
24 HORAS – Encerramento
09 de Julho | Sábado
19 HORAS – Abertura dos
restaurantes
21 HORAS – Actuação do
organista Rui Ferreira
24 HORAS – Encerramento
10 Julho | Domingo
12 HORAS - Abertura dos
restaurantes
16:30 HORAS – Tarde de
folclore com a participação
dos ranchos:
Rancho Folclórico de
Pinheiros (Monção)
Rancho Folclórico “As vendedeiras
saloias” de Sintra
Rancho Folclórico da Charneca
(Pombal)
Rancho Típico da Boa Vista
21 HORAS – Actuação do
grupo musical “Ar e Vento”
24 HORAS – Encerramento
do Festival
Entre os dias 7 e 10 de Julho a pequena
localidade de Boa Vista, Leiria, vai
ser, pela quarta vez consecutiva a capital
nacional do leitão assado. O festival
é recente, mas promete, ano após
ano, conquistar cada vez mais apreciadores
da gastronomia local e, em
especial, desta iguaria.
A organização espera vender centenas
de leitões assados ao longo dos dias
do Festival, em sandes ou no prato,
aberto ou fechado, acompanhado de
batatas fritas ou assadas, migas ou arroz
de miúdos, e salada, muita salada. O
acontecimento tem o apoio da Câmara
Municipal de Leiria e da Região de
Turismo de Leiria/Fátima, que fez a
divulgação desta edição em formato
bilingue (Português e Inglês), e tem-se
tornado num dos eventos marcantes do
início do Verão da região.
Depois de, no ano passado, ter passado
pelo Marachão, na cidade de Leiria,
a propósito do Campeonato Europeu
de Futebol, o leitão assado regressa
uma vez mais ao recinto da antiga fábrica
de Rações Veríssimo na Boa Vista,
junto ao IC2. Um regresso a casa que,
espera a Junta de Freguesia da Boa Vis-
ta, responsável pela organização, vai
continuar a trazer muitos visitantes ao
certame.
2 Jornal de Leiria | 30.06.2005
Para além das mostras de gastronomia,
o IV Festival do Leitão é rico em
animação cultural e musical.

IV Festival do Leitão
da Boa Vista
Receita sem segredos
Conseguir o tom dourado
e o aroma correcto
Conseguir um leitão
assado saboroso, estaladiço e dourado
é uma arte que depende mais do olhar
e do paladar do assador do que de um
qualquer segredo de culinária. O modo
de preparação é conhecido por quase
todos os boa vistenses, que não se inibem
de o transmitir, passo-a-passo, a
quem o solicitar.
É preciso atenção, no entanto, para
um detalhe. O leitão “à Boa Vista”, aberto
e espalmado como um frango tem
uma maneira ligeiramente diferente de
ser preparado.
LEITÃO NO ESPETO
INGREDIENTES:
1 leitão até 4 kg
Banha de porco
2 dentes de alho
150 gr de pimento em grão
1 copo de vinho branco
Sal q.b.
CONFECÇÃO:
O animal a ser assado deve ser o mais
claro possível, de modo a, depois de confeccionado,
adquirir o tom dourado característico
do leitão assado. Deve ser escaldado
e esfregado com um esfregão para
lhe tirar o máximo possível de pele solta.
Deixa-se escorrer e secar para, de
seguida, untar o leitão, por dentro e por
fora com pasta de tempero. Finalmente,
com o auxílio de agulha e linha cose-se
a barriga. Coloca-se no espeto (há quem
prefira um espeto de madeira de loureiro,
uma vez que aviva o aroma e melhora
o tempero) e, ao longo de cerca de
uma hora e meia, vai-se rodando para
dourar uniformemente.
O tempero é simples de fazer mas res-
Jornal de Leiria | 30.06.2005 3
ponsável pelo
sabor e cheiro inconfundíveis
do leitão assado. Num almofariz pisam-
-se duas cabeças de alho, um punhado
de sal, uma colher de sopa bem cheia de
pimenta, um pouco de salsa, 50 a 100
gramas de banha (ou manteiga) e uma
folha de louro
LEITÃO DA BOA VISTA
Preparar um genuíno leitão
à Boa Vista é mais moroso
e complexo, requerendo muita
mestria
INGREDIENTES:
1 leitão até 4 kg
Banha de porco
2 dentes de alho
1 folha de louro
150 gr de pimento em grão
1 copo de vinho branco
Sal q.b.
CONFECÇÃO:
Tempera-se o leitão com sal duas horas
antes de ir ao forno. Abre-se o leitão a meio
sem separar as metades que ficam unidas
só pela pele (como um frango de churrasco).
Unta-se a pele com a banha. Colocase
o leitão numa grelha com a pele virada
para baixo e barra-se o interior com a pasta
de tempero. Vai ao forno tendo o cuidado
de colocar um tabuleiro com água no
fundo do forno para a gordura pingar sem
provocar fumo e cheiros.
Forno a 400º durante hora e meia e
está pronto para ir para a mesa.
Antigamente, o leitão ia para a mesa
inteiro, numa travessa de madeira ou de
metal. Actualmente é trinchado e divido
em travessas, servido na companhia
de batata frita, salada de alface, laranja,
molho extraído da assadura e pão.
Além do imprescindível vinho espumante
bruto para cortar o excesso de gordura.
Restaurantes
presentes no IV
Festival do Leitão
da Boa Vista
DA BOA VISTA:
Restaurante Morgatões
Restaurante Fonte do Corvo
Restaurante Boa Vista
Restaurante-Café Centro
Restaurante A Tasquinha
Zé dos Leitões
DE COLMEIAS:
Restaurante O Pinto
DE MILAGRES:
Restaurante O Ganso

O leitão assado é um acepipe rico em gordura e
se não for devidamente acompanhado por um bom
vinho, devidamente escolhido, pode causar indigestão
até ao mais blindado dos estômagos. Os restaurantes
especializados neste prato das freguesias
Boa Vista, Colmeias e Milagres aconselham um
bom néctar dos deuses, ligeiramente gaseificado.
Nos tempos em que o leitão assado era encara-
IV Festival do Leitão
da Boa Vista
O que beber?
A companhia correcta
para o leitão
do como um petisco e não como um prato principal,
era a cerveja - a imperial - que fazia as honras
da casa e acompanhava as sandes de leitão. O
gás da bebida corta o efeito da gordura, desenjoando
os comensais.
“Actualmente, os restaurantes e as casas especializadas
neste tipo de produto aconselham vinhos
gaseificados brutos. É o caso dos frisantes da Bair-
4 Jornal de Leiria | 30.06.2005
rada”, conta António Nunes, responsável pela garrafeira
Leiribebe, de Leiria. A moda, explica, são
os espumantes tintos e os vinhos brancos, aconselhando,
entre os tintos, marcas como Aliança,
Marquês de Marialva e, de modo geral, todos os
espumantes tintos leves, e, entre os brancos, o Castiço
ou um branco da lezíria são os aconselhados.
Rua Nossa Sra. das Dores, 83 R/C . 2420-403 BOA VISTA
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Marrazes . 2401-902 Leiria

IV Festival do Leitão
da Boa Vista
“Zé dos Leitões”
O mestre dos assadores
Quando em 1959 José Vitório chegou,
vindo do Buçaco, à Boa Vista estava longe
de imaginar que iria ser o responsável por
colocar o nome da aldeia na boca dos apreciadores
da gastronomia local. Contratado
por José Ferreira Morgado para assar leitões
no espeto – à moda da Bairrada – no
restaurante de que era proprietário, foi na
sua terra natal que o então jovem de 19
anos tirou aquilo a que chama de “Universidade
dos Leitões”. “Com 13 anos, aprendi
a assar e a saber reconhecer os melhores
ingredientes e carnes. Aprendi ainda a equilibrar
o sabor dos leitões de acordo com o
seu tamanho e peso”, recorda. A mestria
nesse processo acabou por lhe valer o cognome
de “Zé dos Leitões” por que, hoje, é
conhecido.
O leitão assado aberto como se de um
frango se tratasse já era confeccionado antes
da chegada de José Vitório. Confeccionado
nos fornos do pão, tinha dois ou três
mestres no final da década de 50 mas, segundo
“Zé dos Leitões”, foi a introdução do leitão
assado à moda da Bairrada que permitiu
a popularização da iguaria, agora conhecida
como sendo da Boa Vista.
No ano seguinte à sua chegada, José
Vitório lembra-se de, durante a festa da
FUROS COM GARANTIA
. de grandes dimensões
. em qualquer terreno
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. estudos geológicos
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Tel.: 244 722 348 . Fax: 244 723 744
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padroeira da localidade, ter assado mais de
60 leitões para vender no restaurante Morgado.
“Era uma grande festa com romeiros,
uma das maiores da região. As pessoas sentiam
o cheiro no ar e não resistiam. Ficavam
com água na boca a pensar no leitão
e acabavam por deixar os farnéis de lado
para experimentarem a iguaria”, conta,
adiantando que ficou com o “pulso aberto
de trinchar tantos leitões”.
José Ferreira Morgado ficou tão satisfeito
com o jovem que o promoveu a responsável
do restaurante. Ao longo dos anos,
com o negócio a crescer a olhos vistos, o
empresário sempre preferiu assadores naturais
da Mealhada. Ou pelo menos
os mestres assadores sempre
foram daí originários.
“Assar leitões não tem
nenhum segredo especial.
Depende apenas do olho e
arte do assador, do brio profissional,
algum saber e bons
ingredientes”, assegura.
Já o leitão assado aberto corresponde
apenas a cerca de cinco por cento do leitão
consumido em todo o País. O processo de
preparação é mais moroso e difícil de fazer
realçar o sabor. Incorrectamente assado, fica
A boutique do “Zé dos Leitões”
De uma maneira ou de outra, José Vitório passou a vida inteira ligado ao prato que lhe deu a alcunha. Hoje, a
sua aposta é numa cadeia de “boutiques do leitão”, onde este é vendido ao prato, ao quilo ou à sandes,
sempre confeccionado diariamente. A primeira já abriu em Leiria, na rua Álvaro Pires Miranda,
junto à Quinta de Santo António. “Massificar a produção é errado. Fazer uma coisa dessas é
perder a arte e a exclusividade do prato”, diz, assegurando que nos estabelecimentos que
pretende abrir na Marinha Grande e junto a Lisboa a quantidade será sempre
preterida em relação à qualidade.
Jornal de Leiria | 30.06.2005 5
com o vulgar sabor de lentrisca assada. “Não
há segredos. Passa-se a carne por sal e um
pouco de louro”, conta José Vitório.
Mas, com ou sem segredos, o leitão continua
a conquistar adeptos que continuam
a ir à Boa Vista experimentar a iguaria, não
só durante o “Festival do leitão”, mas ao
longo de todo o ano. “O festival é um evento
em que deposito muitas esperanças. Estive
presente no primeiro e este ano voltarei
a estar. Já tenho o lugar marcado”,
revela o assador.
DR

Quais as expectativas para esta quarta
edição do Festival do Leitão?
Na linha do que aconteceu com os três
anteriores, espero que seja mais um êxito.
Temos visitantes de todos os pontos do
País. O evento já extravasou as fronteiras
do concelho e do distrito. O apoio da Região
de Turismo de Leiria/Fátima (RTL/F) permite
uma maior divulgação em roteiros e
numa revista sobre turismo.
Faz ideia do número de visitantes da
edição do ano passado?
Não sei um número certo, mas foram
dezenas de milhar de pessoas. A transferência
para próximo do recinto do Euro
2004 foi uma aposta ganha. Foi algo que
nos custou muito, mas os ganhos ao nível
da divulgação foram enormes. Sabemos
que em França, houve jornais que noticiaram
o nosso festival com referências
bastante elogiosas.
O espaço actual é condigno para receber
o festival?
É um local privilegiado. O piso é alcatroado
e tem acessos directos a partir do
IC2 e da estrada principal da Boa Vista e
tem estacionamentos suficientes. No entanto,
a nossa ambição é ter um espaço próprio
para realização deste evento e outros.
Este ano o festival realiza-se na antiga
fábrica de Rações Veríssimo e deve salientar-se
a total colaboração do proprietário.
Há novidades sobre a região demarcada
do leitão?
O processo está parado. Por várias razões
práticas ainda não vou avançar com isso,
mas o registo da marca “Leitão assado à
Boa Vista” está feito em nome da Junta de
Freguesia. O processo de certificação é
demorado. Há cerca de um ano fizemos
uma reunião com o director regional de
Agricultura da Beira Litoral (DRABL) e com
o presidente da Associação de Suiniculto-
res do Concelho de Leiria, David Neves,
que também é parte interessada e ficaram
assentes vários pontos que têm de ser trabalhados.
Estamos a estudar três caminhos
diferentes para a concretização da região
demarcada.
Estão a pensar criar uma estrutura
semelhante à da Bairrada?
Em princípio não. A área abrangente
da freguesia é muito pequena. A área geográfica
da região do leitão seria delimitada
pelas freguesias de Boa Vista, Colmeias,
Milagres e Santa Eufémia. Estamos ainda
à espera que o director da DRABL nos envie
um dossiê com mais informação para podermos
avançar com essa medida.
Já alguma vez foi pensado um roteiro
gastronómico para o leitão, onde também
se fizesse referência a outros produtos
como o vinho?
Já começámos a fazer contactos com a
RTL/F para começar a tratar dessa questão.
Mas temos de ter em atenção que os
restaurantes também são partes interessadas
e devem ter uma parte activa neste
esforço. Mas por vezes não é muito fácil
conseguir que todos os empresários da restauração
trabalhem em conjunto. É complicado
conseguir consensos.
O leitão da Boa Vista é mesmo o melhor
de Portugal?
É claro que vou dizer que sim. Tem especificidades
muito próprias e, devido à forma
como é confeccionado – aberto -, fica
com outra textura. Não tem tanta gordura
e o sabor é diferente.
Qual é o peso da indústria do leitão
assado na freguesia?
Já é bastante grande e a tendência será
para aumentar. Existem muitos produtores
de leitões que trabalham em exclusivo
para esta indústria e depois há ainda casas
IV Festival do Leitão
da Boa Vista
Rui Ferreira, presidente da Junta de Freguesia da Boa Vista
Festival do Leitão extravasou
as fronteiras do distrito
O processo de criação
de uma “Região
demarcada do leitão da
Boa Vista” está parado,
mas isso não impede a
Junta de Freguesia de
organizar a quarta
edição do evento. O
presidente da Junta da
Boa Vista não se
esquece de elogiar a
iguaria e considerá-la
como a melhor de
Portugal JACINTO
SILVA DURO
6 Jornal de Leiria | 30.06.2005
que se especializaram na transformação e
comercialização do leitão assado. A Boa
Vista tem 11 restaurantes que comercializam
leitão e destes, oito vão participar no
Festival.
Que balanço faz dos últimos quatro
anos de mandato na Junta de Freguesia?
Têm sido anos de trabalho constante. A
freguesia era muito deficitária em termos
de infra-estruturas e equipamentos sociais.
Iniciámos vários projectos e tentámos fazer,
neste mandato, o que deveria ter sido feito
ao longo de muitos mandatos. Os projectos
realizados estão à vista.
Quais são os mais marcantes deste
mandato?
O parque verde do Vale da Moira, que
estará concluído dentro de três semanas e
que já tem muitos visitantes - alguns mal
intencionados que vandalizaram algumas
coisas. Há ainda a requalificação do largo
principal da localidade de Alqueidão e a
construção da praça principal de Machados.
Esta última obra envolveu a edificação
de raiz e a aquisição de um terreno.
Tenho de salientar a disponibilidade do
senhor José Monteiro – mais conhecido
por Zé Capador – que cedeu gratuitamente
o terreno para a construção daquele espaço
público. Aquele lugar não tinha um local
onde as pessoas pudessem reunir-se, conversar
ou fazer uma festa popular. As pessoas
não têm muito tempo, hoje em dia,
mas é algo que não podemos deixar de
parte.
Também estão a ultimar um edifício
para um ATL...
Essa obra não é da responsabilidade da
Junta, mas da Câmara Municipal. A Junta
fez todas as diligências possíveis e imaginárias
de modo a que a obra se concluísse
no mais curto espaço de tempo. Tínhamos
o ATL a funcionar no pavilhão da Junta
de Freguesia há vários anos em condições
provisórias. Esse pavilhão vai ser reformulado
e já temos um arquitecto a trabalhar
num projecto para um centro de dia.
Não será construído de raiz, mas tencionamos
utilizar parte desse pavilhão e de
um terreno anexo. Para gerir esse centro,
foi constituída uma associação de solidariedade
social. Temos muitas pessoas na
freguesia com mais de 65 anos e a nossa
população aumentou devido aos imigrantes,
principalmente brasileiros, e aos migrantes.
Mas também temos muitos jovens; o
jardim de infância e as escolas básicas do
1º ciclo têm cerca de 160 crianças.
Dado o número de empresas da instaladas
na Boa Vista, pode-se dizer que
esta é uma freguesia empreendedora?
Com certeza que sim. É uma das mais
enérgicas do concelho. É o caso da Promor
que é uma das maiores do distrito de
Leiria.
Que reflexo e retorno sente a freguesia
das empresas que cá se instalaram?
Não existem grandes reflexos. Se calhar
também por culpa da própria Junta de Freguesia
que não tem explorado muito essa
vertente. Pontualmente contribuem, mas
penso que se poderia e deveria ir mais além.
Estamos a começar a construção do centro
de dia, que nos vai custar cerca de 150
mil euros, e gostaríamos de pensar que as
empresas, ao abrigo da lei do mecenato,
estão interessadas em contribuir para o
bem comum.
Há algum projecto que gostaria de lançar
para um eventual próximo mandato?
O próximo mandato ainda não está clarificado,
mas o que gostaria de fazer, para
além do centro de dia, é um tanque de
aprendizagem de natação coberto. É um
projecto que envolve a Câmara Municipal,
que está a elaborar a carta concelhia dos
equipamentos desportivos. Penso que é
óbvio que não pode existir um pavilhão
gimnodesportivo e uma piscina em cada
uma das freguesias. Há um pavilhão em
Santa Eufémia, na fronteira entre as duas
freguesias e nós calhar-nos-ia uma piscina,
pensamos nós. Já transmitimos a nossa
ideia à presidente da Câmara que foi
sensível à nossa solicitação. Pensamos instalar
esse equipamento na zona desportiva.
Também há um projecto de criação de
uma piscina no parque ambiental...
Essa seria uma piscina descoberta e que
daria apoio ao parque. Este ano não vai
ser possível criar esse equipamento, mas
já pensámos, em opção, instalar uma piscina
temporária no local. Não é um investimento
muito grande e gostaríamos de a
colocar lá a curto prazo para que a população
pudesse usufruir do local durante
este Verão. ■

IV Festival do Leitão
da Boa Vista
Miguel Sousinha, presidente da Região de Turismo Leiria/Fátima
Certificação do Leitão
é um processo complexo
A promoção do Leitão
à Boa Vista e da
gastronomia da região
é, para o presidente da
região de Turismo
Leiria/Fátima uma mais-
-valia a ser explorada
no âmbito da
promoção da região.
Miguel Sousinha chama
a atenção das
especificidades deste
produto e para as suas
potencialidades
Como encara o processo da criação de
uma região demarcada do leitão?
A Região demarcada do leitão ou a sua
certificação de origem tem uma série de etapas
a percorrer para seja realidade. Do nas-
Qual a importância da certificação
do “Leitão da Boa Vista”?
A Região Demarcada do Leitão foi
um trabalho que a ASCL tentou, em certo
momento, desenvolver, mas a Junta
de Freguesia agarrou no processo e, para
nós, o importante não é quem faz, mas
que se faça. O assunto foi entregue à
Junta de Freguesia da Boa Vista, ape-
cimento ao abate, passando pelo transporte
e confecção, todo o processo tem de ser
certificado. É complexo, mas é óbvio que
qualquer símbolo de qualidade num produto
é uma mais-valia a ter em conta. É um
sar do Leitão não ser propriamente da
Boa Vista, mas da região envolvente.
Faz sentido que seja esta autarquia local
a liderar o processo. A Associação dos
Suinicultores do Concelho de Leiria
(ASCL) fez todos os contactos necessários
para conseguir uma “denominação
de origem” para este produto. Não é um
processo que se deva deixar arrastar, é
Jornal de Leiria | 30.06.2005 7
caminho que será percorrido em conjunto
com os produtores das rações para os animais,
suinicultores e com o sector da restauração.
Falta um esforço concertado entre estes
intervenientes ou um organismo para liderar
este movimento?
Tem mesmo de ser concertado. A certificação
assim o exige. Em termos de área,
o leitão da Boa Vista tem características e
especificidades muito próprias. É a forma
de assar e as particularidades de venda que
o distinguem. Já há uma série de restaurantes
que, em complimentariedade com o
leitão no espeto, o têm no menu, para além
de o fazerem por encomenda. É curioso que
há cada vez mais encomendas de leitão à
Boa Vista.
Para quando a inclusão desta iguaria
nos folhetos da Região de Turismo?
Desde o início que ele consta dos nossos
folhetos. Temos incentivado muito o festival
e sempre que temos acções de divulgação
de gastronomia, o leitão da Boa Vista
tem estado presente. Temos feito tudo o que
nos tem sido possível. Não podemos pen-
muito importante avançar com ele, pela
importância que o leitão dos pontos de
vista gastronómico, económico, social
e mesmo ambiental. A exploração deste
produto permite a algumas pequenas
e médias explorações reconverterem-se
e encontrarem um nicho de mercado
rentável e, por essa via, reduzir o número
de efectivos nas explorações e da carga
poluente por eles libertada. A constituição
da região demarcada não é um
processo rápido e requer uma grande
concertação de vontades.
A Junta de Freguesia da Boa Vista
é o organismo aglutinador dessas vontades?
Não sei se será ou não. Mas está na
posição de o fazer. Têm-nos a nós como
parte activa e parceiros no processo,
pois percebemos a importância da medida.
Se não o fizer, a ASCL está na disposição
de continuar o trabalho. Atendendo
às transformações por que o sector
tem passado, é preciso dar alguma dinâmica
às pequenas explorações. Mas, volto
a sublinhar, o nosso empenho e disponibilidade
para com a Junta de
Freguesia é total.
A determinada ocasião falou-se em
utilizar o porco malhado de Alcobaça
como raça autóctone a ser aproveita-
sar que leitão da Boa Vista vai concorrer
com o leitão da Mealhada porque esse tem
anos de promoção e estou a falar da promoção
individual das pessoas. A verdade é
que quando se fala do leitão pensa-se logo
no da Mealhada. Poderemos ter esperanças
de marcar a diferença se apostarmos na qualidade
do Festival do Leitão da Boa Vista.
Que mais-valia traz o leitão para área
do turismo?
Toda a gastronomia é um complemento
do turismo. E os produtos locais de qualidade
são sempre mais-valias. Daí que toda
a gastronomia da região é um grande contributo
para a sua promoção.
Que mais acções de promoção se podem
fazer para potenciar este produto?
Ainda há algum tempo, num programa
da TVI, com Manuel Luís Goucha, levámos
o leitão à Boa Vista para a mesa. O
mesmo aconteceu num programa de Herman
José. Tem havido uma série de iniciativas
de mediatização e comunicação
onde esta iguaria está presente. Trazemse
muitas pessoas para a região através
deste tipo de acções. ■
David Neves, presidente da Associação de Suinicultores do Concelho de Leiria
O leitão é um nicho de mercado importante
A reconversão das
explorações e a adopção
do porco malhado de
Alcobaça, bem como a
urgência da criação de
uma denominação de
origem do “Leitão à Boa
Vista” são algumas das
medidas que o
presidente da
Associação de
Suinicultores do
Concelho de Leiria
(ASCL) considera
essenciais
JACINTO SILVA DURO
JACINTO SILVA DURO
da em exclusivo para o Leitão da Boa
Vista...
O malhado de Alcobaça foi reconhecido
como raça autóctone e por isso
faz todo o sentido desenvolver este processo.
O que a ASCL tem vindo a transmitir
é a ideia de aproveitamento dessa
raça cujas características são muito
interessantes para os assadores de leitão.
Mas esta medida carece da definição
de uma estratégia para atingir esse
objectivo.
O sector tem estado a passar por
uma crise com várias consequências.
É um fenómeno que dura há já
algum tempo. As pequenas explorações
têm dificuldade em tornarem-se
competitivas face à conjuntura do
mercado e é preciso criar alternativas
para que estas possam continuar
a operar durante mais alguns anos.
Está aqui subjacente uma componente
social muito importante. Muitas famílias
e suinicultores que têm uma idade
média acima dos 45 anos sobrevivem
dessas pequenas explorações, que
ainda por cima estão inseridas dentro
de aglomerados populacionais.
Esta é mais uma questão que tem de
ser equacionada durante o processo
de criação de uma região demarcada
do leitão. ■

ações
8 Jornal de Leiria | 30.06.2005
IV Festival do Leitão
da Boa Vista
SEDE
07 a 10 de Julho de 2005
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