Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
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<strong>de</strong> Jorge <strong>de</strong> Sena, Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Cortez e Eugénio<br />
Lisboa atrás, e a propósito, já referido.<br />
2. NARRATIVA<br />
Quando em 1950 vinha a lume, em Coimbra, o conto<br />
Godido ou, mais concretamente, quando a Secção <strong>de</strong><br />
Moçambique da Casa dos Estudantes do Império<br />
tomava a iniciativa <strong>de</strong> lançar, em 1952, Godido e outros<br />
contos, <strong>de</strong> João Dias, moçambicano negro, estudante<br />
universitário, prematuramente falecido em Portugal, não<br />
sabemos se os responsáveis pela iniciativa (Orlando <strong>de</strong><br />
Albuquerque e Vítor Evaristo) tinham a exacta<br />
consciência <strong>de</strong> que escreviam a primeira página da<br />
história da ficção moçambicana. De facto, para trás,<br />
além dos textos colonialistas, nada havia que pu<strong>de</strong>sse ser<br />
consi<strong>de</strong>rado ficção moçambicana, embora a experiência<br />
<strong>de</strong> João Albasini (O livro da dor, contos, 1925), com<br />
importância do ponto <strong>de</strong> vista histórico, cremos (e<br />
fazêmo-lo com todas as reservas) não adiantar para a<br />
formulação do que hoje se chama literatura africana <strong>de</strong><br />
língua <strong>portuguesa</strong> 170.<br />
E é elementar afirmar-se, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, que a experiência<br />
do malogrado João Dias não é uma experiência <strong>de</strong><br />
somenos. Porque se a qualida<strong>de</strong> literária das suas<br />
narrativas se ressente <strong>de</strong> imaturida<strong>de</strong>, própria <strong>de</strong><br />
juventu<strong>de</strong>, a verda<strong>de</strong> é que o ponto <strong>de</strong> vista do narrador<br />
é a <strong>de</strong> alguém consciente da sua condição <strong>de</strong> colonizado,<br />
e reage. Veementemente. A relação<br />
colonizado/colonizador é dada em termos críticos e<br />
<strong>de</strong>salienantes. Traz, assim, para a ficção, e pela primeira<br />
vez, o homem moçambicano, o negro moçambicano,<br />
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