17.04.2013 Views

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

vezes risonho, às vezes ácido, às vezes amargurado, às<br />

vezes <strong>de</strong>sencantado, mas <strong>de</strong> qualquer modo i<strong>de</strong>ntificado<br />

com um não, embora nem sempre coinci<strong>de</strong>nte (a história<br />

veio confirmá-lo em relação a alguns) com o Não <strong>de</strong><br />

Aimé Césaire. Caliban, como se disse, eclipsa-se. Dos<br />

nomes mais recentes, dois ou três fixam a nossa<br />

atenção. Eugénio Lisboa, crítico e ensaísta em evidência<br />

na cena moçambicana durante os últimos anos (Crónica<br />

dos anos da peste, I e II, 1973-1976), como poeta, porém,<br />

embora com um ou outro poema publicado em<br />

suplemento ou revista (e até com o pseudónimo <strong>de</strong> John<br />

Land), só agora se tornou mais evi<strong>de</strong>nte a sua presença e<br />

até porque anuncia um livro <strong>de</strong> poemas. A sua poesia<br />

grava-se no espaço da «crónica dos anos <strong>de</strong> peste». Mas<br />

aqui a crónica individual. A crónica do ente Eugénio<br />

Lisboa a contas consigo e com o mundo circundante.<br />

Poesia «felina», «nevrótica», <strong>de</strong>scarada, malcriada, um<br />

humor, um certo azedume, o tédio, um certo<br />

<strong>de</strong>sencanto («A coragem cansa»), mas logo a secreta<br />

esperança temperada no rito criador:<br />

Andamos visando o certo fogo<br />

o futuro é claro como a morte<br />

Para nós a vida não é um jogo<br />

clara inscrição é a nossa sorte 167<br />

Pedro Pitta publica Sílaba a sílaba (1974). Texto do<br />

<strong>de</strong>sencanto, silabado nos anos anteriores a 1974, numa<br />

cida<strong>de</strong> moçambicana. Discurso povoado da «aspereza<br />

ácida», do «pesa<strong>de</strong>lo», <strong>de</strong> «terrores nocturnos», «Medos<br />

antigos», <strong>de</strong> «fantasmas <strong>de</strong> outros tempos» no jogo<br />

alegórico do «peregrinar todos os dias/à procura <strong>de</strong><br />

coisa nenhuma». Também uma quase revelada<br />

esperança, uma <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhosa ironia e a palavra recorta o<br />

96

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!