Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
vencer o imperialismo/O meu sangue/mais o teu<br />
sangue/vão regar a vitória.»<br />
Surgem, assim, no período que <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> 1962 a<br />
1963, dois grupos. O primeiro, protestatário, mas<br />
cingido à corrente da cultura europeia. O segundo,<br />
militante, emergindo da sedimentação africana. Aquele,<br />
na sua maioria etnicamente branco. Este, na totalida<strong>de</strong><br />
etnicamente negro ou mestiço. Pelo menos na acção<br />
cultural prática a ditocomia dos grupos dir-se-ia manterse<br />
no Maputo ou, seja, a tradição <strong>de</strong> dois vectores<br />
paralelos aproximando-se, afastando-se, aproximandose,<br />
sem terem convergido inteiramente. Mas é legítimo<br />
acreditar que no Núcleo se encontravam reunidas as<br />
condições necessárias para reactualizar, aprofundar, a<br />
gran<strong>de</strong> linha retintamente moçambicana que se havia<br />
<strong>de</strong>senhado na década <strong>de</strong> cinquenta em «O Brado<br />
“Literário”». Simplesmente as autorida<strong>de</strong>s repressivas<br />
estavam atentas e quizeram evitá-lo. E conseguiram-no<br />
<strong>de</strong> certo modo.<br />
Vão surgir nas páginas literárias <strong>de</strong> alguns jornais,<br />
inclusive no suplemento do Notícias da Beira, n’A Voz <strong>de</strong><br />
Moçambique, poetas novos como o euro-moçambicano<br />
Cipriano Justo que, em 1969, publica Ghetto, logo<br />
apreendido, e sucessivamente, Nesta cida<strong>de</strong> em que o poeta é<br />
agora focinho <strong>de</strong> leitão, 1971; Em lugar <strong>de</strong> estar, 1976, estes<br />
dois últimos publicados em Lisboa, on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong> <strong>de</strong> há<br />
alguns anos. E se em Ghetto, Cipriano Justo, num<br />
discurso feroz e, por vezes, surrealizante <strong>de</strong>safia a<br />
máquina oficial papagueante («encasulados/nos ghettos<br />
<strong>de</strong> zinco e mataca/o riso subalimentado do menino/que<br />
conta as moedas <strong>de</strong> cobre/atiradas ao homem da<br />
concertina/em frente ao gran<strong>de</strong> armazém estrangeiro»)<br />
154, no seu último livro, texto <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> acção, na<br />
91