Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
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levanta-te e vem<br />
que soam as marimbas e tambor<br />
do nosso povo! 152<br />
Com Jorge Rebelo dá-se o caso <strong>de</strong> apenas<br />
conhecermos <strong>de</strong>le escassos poemas e, por regra, em<br />
tradução francesa. Guerrilheiro-poeta, a sua mensagem<br />
é das que transitam no contexto da revolta e da acção:<br />
«Mãe;/eu tenho uma espingarda <strong>de</strong> ferro» e por isso «o<br />
teu filho já é livre, Mãe.» Livre porque empunha uma<br />
espingarda e com ela «vai abrir todas as prisões, vai<br />
matar todos os tiranos, vai restituir a terra ao nosso<br />
povo» («Poema <strong>de</strong> um militante»).<br />
Em 1963, no ano seguinte ao <strong>de</strong>saparecimento do<br />
«Despertar», esboça-se uma reacção <strong>de</strong> oposição (e<br />
complementar) ao projecto dos jovens responsáveis por<br />
aquela folha. Trata-se do Núcleo dos Estudantes<br />
Africanos <strong>de</strong> Moçambique integrado no <strong>Centro</strong><br />
Associativo dos Negros <strong>de</strong> Moçambique, que terminou<br />
por dominá-lo. Aí o Núcleo exerceu uma importante<br />
acção cultural na realização <strong>de</strong> um vasto programa que<br />
abrangia a concessão <strong>de</strong> bolsas aos estudantes negros,<br />
aulas diurnas e nocturnas, a criação <strong>de</strong> uma Biblioteca,<br />
exibição <strong>de</strong> filmes educativos e <strong>de</strong>bates públicos como<br />
os que ainda se chegaram a efectuar sobre «Curan<strong>de</strong>iros,<br />
feiticeiros e progresso» ou o «lobolo».<br />
«Qualquer <strong>de</strong>les prolongou-se por várias semanas com<br />
serões aos sábados e domingos. Desses <strong>de</strong>bates, <strong>de</strong>ram<br />
notícia os jornais <strong>de</strong> Lourenço Marques, nomeadamente<br />
A Tribuna, Notícias, O Brado Africano e A Voz <strong>de</strong><br />
Moçambique. Na leitura <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> José Craveirinha,<br />
Noémia <strong>de</strong> Sousa, Rui Nogar, Orlando Men<strong>de</strong>s e<br />
Kalungano [i. e. Marcelino dos Santos] colheram esses<br />
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