Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
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activida<strong>de</strong>s culturais e literárias nos Serviços Culturais da<br />
Frelimo, como, por exemplo, a publicação <strong>de</strong> Bulletin du<br />
Frelimo, Breve antologia <strong>de</strong> literatura moçambicana (1967),<br />
Poesia <strong>de</strong> combate (s/d), Poemas from Mozambique, 1970 [?],<br />
etc., on<strong>de</strong> aparecem poemas <strong>de</strong> guerrilheiros até aí<br />
<strong>de</strong>sconhecidos como poetas e poetas já conhecidos,<br />
guerrilheiros ou não: Armando Guebuza, Marcelino dos<br />
Santos, Noémia <strong>de</strong> Sousa, Jorge Rebelo, Sérgio Vieira.<br />
Tanto Sérgio Vieira como Fernando Ganhão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
cedo, em Lisboa, assumiram o compromisso da<br />
i<strong>de</strong>ntificação total com o <strong>de</strong>stino histórico do homem<br />
moçambicano. Fernando Ganhão, por exemplo, em<br />
«Ronda da infância» faz como que um acto <strong>de</strong> contrição<br />
e propõe o regresso para junto<br />
dos meninos sujos da Malanga ao Bairro<br />
que morreram, sofreram<br />
durante centenas <strong>de</strong> anos<br />
brincando com coisas sujas<br />
raras estrangeiras. 150<br />
Com efeito, Fernando Ganhão, branco nascido em<br />
Moçambique, é um dos exemplos acabados da<br />
apropriação cultural ambiente e <strong>de</strong> uma opção integrada<br />
coerente. Daí que o campo significativo da sua poesia<br />
seja, já nessa época, lá on<strong>de</strong> a África se gera e pulsa. E é<br />
também aí que Sérgio Vieira vai jogar os seus recursos<br />
poéticos, com exemplar <strong>de</strong>voção e na consciente certeza<br />
<strong>de</strong> que a libertação chegaria um dia. Num poema,<br />
<strong>de</strong>dicado a Vinícius <strong>de</strong> Morais, «Poema para Eurídice<br />
Negra» em cujos «[...] seios negros/nasceram os rios do<br />
povo negro» 151, exorta-a a regressar à terra africana.<br />
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