17.04.2013 Views

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

seu livro XX canções do Zambeze continue inédito pois é aí<br />

que ele se encontra com o nível profundo do universo<br />

moçambicano: «Um cântico novo/Um cântico<br />

novo/Também cresce/Em nossas bocas». 144 Guilherme<br />

<strong>de</strong> Melo, com algumas poesias dispersas, a ele<br />

voltaremos, a propósito da sua obra ficcional. Nuno<br />

Bermu<strong>de</strong>s (O poeta e o tempo, 1951; Exílio voluntário, 1966)<br />

euro-moçambicano, também ficcionista, é, sem dúvida,<br />

um bem dotado poeta <strong>de</strong> Moçambique. A vibração do<br />

seu verbo percorre o mundo <strong>de</strong>sencantado <strong>de</strong> uma certa<br />

solidão, compensado no exercício <strong>de</strong> uma lírica vasada<br />

na <strong>expressão</strong> do amor feito «carne incendiada». Mas<br />

nele, porém, a hesitação ou a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se dar ao<br />

mundo real circundante: «Falo dos homens e dóime/Esta<br />

minha condição/De ser capaz <strong>de</strong> heroísmos/E<br />

não ser <strong>de</strong>ste chão» 145. Ou o confessado <strong>de</strong>sdém que<br />

explica a assumida condição <strong>de</strong> «exilado»:<br />

É África! – dizem-me<br />

e eu faço por acreditar,<br />

porque é mais cómodo<br />

e tira-me a insónia 146<br />

A gran<strong>de</strong> revelação <strong>de</strong>ste período vem com Rui<br />

Knopfli (O país dos outros, 1959; Reino submarino, 1962;<br />

Máquina <strong>de</strong> areia, 1964; Mangas ver<strong>de</strong>s com sal, 1969; A ilha<br />

<strong>de</strong> Próspero, 1972). Poeta <strong>de</strong> largos recursos, acentuados<br />

<strong>de</strong> livro para livro, «no empe<strong>de</strong>rnido silêncio» «persiste a<br />

semente/na lenta metamorfose» e «<strong>de</strong>sabrocha [...] com<br />

a veemência/dum objecto fálico» 147. Ele próprio<br />

exprime a sua bipolarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> europeu e africano:<br />

«Europeu, me dizem./Eivam-me <strong>de</strong> literatura e<br />

doutrina/europeias/e europeu me chamam» 148. A uma<br />

fase inicial em que a influência neo-realista <strong>portuguesa</strong> é<br />

84

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!