Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
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adicado): «Da viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma literatura<br />
moçambicana».<br />
Significativo é também o suplemento do Notícias,<br />
intitulado «Moçambique 58/panorama literário e<br />
artístico moçambicano», que se prolongaria até 1959<br />
[«Moçambique 59»] 191, <strong>de</strong> que se publicariam, cremos,<br />
<strong>de</strong>zasseis números. Aí se pretendia «antes <strong>de</strong> tudo,<br />
reunir, numa só voz, as vozes <strong>de</strong> todos os<br />
moçambicanos, firmes nos seus passos ou hesitantes em<br />
cada encruzilhada do caminho». Os responsáveis<br />
parecem acentuar um facto notório, e vem a ser o não<br />
ter havido um gran<strong>de</strong> avanço no sentido <strong>de</strong> se obter<br />
uma predominância moçambicana na literatura, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
Msaho, quando então se tinha a consciência <strong>de</strong> que não<br />
era ainda possível encontrar uma «corrente distinta e<br />
diferenciada com raízes vincadamente moçambicanas.»<br />
Porque estas são palavras <strong>de</strong> «Moçambique 58»: «O<br />
panorama literário e artístico moçambicano,<br />
<strong>de</strong>snecessário se torna repeti-lo, não se reveste, por<br />
enquanto, <strong>de</strong> características <strong>de</strong>finidas que permitam, a<br />
quem o observe pela primeira vez, como tal». Alguém<br />
que redigia estas lúcidas notas tinha presente que a<br />
consciência literária, que não é mais do que o reflexo <strong>de</strong><br />
uma consciência política, andava, em muito, arredia dos<br />
gran<strong>de</strong>s caminhos que uma realida<strong>de</strong> tão complexa,<br />
exigia dos intelectuais e, no caso concreto, dos<br />
escritores, porque a certo passo adiantava: «[...] o<br />
imenso, pungente e silencioso drama <strong>de</strong> uma terra que<br />
se nega aos mais urgentes apelos, tudo isso reclama a<br />
atenção <strong>de</strong> pintores, dos poetas e prosadores<br />
moçambicanos, que se vão <strong>de</strong>ixando envolver, aos<br />
poucos, pelos problemas <strong>de</strong> cor exclusivamente local.»<br />
Mas «fundamentalmente à base <strong>de</strong> uma preocupação<br />
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