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Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

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evistas estrangeiras, sendo a primeira em Black Orpheus,<br />

n.º 10, Ibadan, 1961, fechamos este naipe com o nome<br />

<strong>de</strong> José Craveirinha. Poeta dos que mais enobreceram a<br />

poesia moçambicana e, tal como Noémia <strong>de</strong> Sousa, dos<br />

mais representativos. Autor <strong>de</strong> alguns livros (Chigubo,<br />

1964; Cântico a um diocatrame, edição bilingue italiana,<br />

1966; Karingana ua karingana, 1974), a sua influência e o<br />

seu prestígio cedo se exerceram na sua terra. A poesia<br />

<strong>de</strong> Craveirinha, sem concessões, grudada à África, ao<br />

homem africano, aos humilhados homens <strong>de</strong> cor, como<br />

que fecha o longo circuito do tópico da cor negra<br />

iniciado pelo são-tomente Costa Alegre («Todo eu sou<br />

um <strong>de</strong>feito»), retomado noutros termos por Francisco<br />

Tenreiro, Noémia <strong>de</strong> Sousa, etc., agora rematado por<br />

Craveirinha, na glorificação: «Oh!/Meus belos e curtos<br />

cabelos crespos/e meus olhos negros[...] E minha boca<br />

<strong>de</strong> lábios túmidos/cheios da bela virilida<strong>de</strong> ímpia <strong>de</strong><br />

negro [...] Oh! e meus <strong>de</strong>ntes brancos <strong>de</strong> marfim/puros<br />

brilhando na minha negra reincarnada face altiva». 138<br />

Vários são os campos semânticos <strong>de</strong> on<strong>de</strong> esta poesia<br />

reúne o seu sentido: do amor, da <strong>de</strong>núncia, da<br />

fraternida<strong>de</strong>, da exaltação, do sofrimento, do mito, da<br />

história, da rebeldia, mas todos estes e muitos mais<br />

enquanto tecido primeiro da «noite africana»,<br />

terminando o texto por ser escrito com o «sangue da<br />

minha mãe», o sangue da Mãe-África, e o significado<br />

profundo o «grito negro» emergindo do gran<strong>de</strong> rio<br />

emotivo <strong>de</strong> uma linguagem nervosa, luxuriosa e justa:<br />

E ergo no equinócio da minha terra<br />

o rubi do mais belo canto xi-ronga<br />

e na insólita brancura dos rins da plena madrugada<br />

a carícia dos meus <strong>de</strong>dos selvagens<br />

é como a tácita harmonia <strong>de</strong> azagaias no cio da raça<br />

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