17.04.2013 Views

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ios, correndo na planície do teu corpo,<br />

banhando as tuas mãos,<br />

dádiva à terra on<strong>de</strong> nasceste.<br />

Eis-me agora aqui,<br />

Mãe! 134<br />

Embora com dois livros traduzidos para o russo<br />

(Pesnya istinnoj l’yubgi, 1959) com o pseudónimo <strong>de</strong><br />

Lilinho Micaia, sendo o outro prefaciado por Nzim<br />

Hikmet (1962), é reduzida a sua produção em<br />

português.<br />

Neste grupo <strong>de</strong>stacam-se ainda dois nomes. Rui<br />

Nogar, também um dos que ainda não publicou<br />

nenhum livro, e com uma escassa produção literária<br />

conhecida, nem por isso <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> se impor, logo <strong>de</strong><br />

início, como um dos poetas mais representativos <strong>de</strong><br />

Moçambique, incluindo o facto <strong>de</strong> ter sido dos<br />

pouquíssimos a tentarem construir uma gramática<br />

poética pessoal que se fundamentava na fala dos<br />

subúrbios laurentinos ou <strong>de</strong> outras zonas urbanas: «eu<br />

bebeu suruma/dos teus ólho ana maria/eu bebeu<br />

suruma/e ficou mesmo maluco» e agora «ana maria<br />

minha amor» «é mulher <strong>de</strong> todo gente/é mulher <strong>de</strong> todo<br />

gente/todo gente todo gente/menos minha amor» 135.<br />

O campo semântico da sua poesia é o da <strong>de</strong>núncia<br />

possível num tempo incómodo, lá on<strong>de</strong> as «pombas<br />

brancas tingiram-se <strong>de</strong> vergonha». Preso na década <strong>de</strong><br />

sessenta na Ca<strong>de</strong>ia Central da Machava, em 1966, aí<br />

escreveu alguns poemas que supomos continuarem<br />

ainda inéditos e num <strong>de</strong>les: «Da última ceia» se afirma<br />

em <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro verso: «Porque nós dizemos<br />

não/Alimentaremos a revolução» 136. Outro poema<br />

78

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!