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Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

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estrada real da poesia <strong>de</strong> Moçambique. Um número<br />

razoável <strong>de</strong> poetas já citados, entre eles Glória <strong>de</strong><br />

Sant’Ana, Virgílio <strong>de</strong> Lemos, Fonseca Amaral, Manuel<br />

Filipe <strong>de</strong> Moura Coutinho, Noémia <strong>de</strong> Sousa são a voz<br />

real <strong>de</strong> Moçambique. Mas além <strong>de</strong>sses, outros vêm, pela<br />

primeira vez, reforçar essa linha. Além <strong>de</strong> Gualter<br />

Soares, embora <strong>de</strong> passagem fugaz, e que termina por<br />

abandonar a prática poética, quatro nomes preenchem<br />

esse espaço importante. Carlos Maria (i. e. também<br />

autor <strong>de</strong> escassos contos), ainda hoje sem livro<br />

publicado, assíduo ao longo <strong>de</strong> vários números d’O<br />

Brado Africano, <strong>de</strong> uma lírica com laivos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>alismo<br />

fraterno evolue para uma <strong>expressão</strong> moçambicana<br />

servida <strong>de</strong> um simbolismo por vezes tecido <strong>de</strong> ironia: «E<br />

os homens aguçaram as catanas,/aguçaram as<br />

catanas...[...] E o rio<br />

cresceu,/cresceu/cresceu/cresceu.../E libertou-se. 133<br />

Marcelino dos Santos, que a militância política teria<br />

<strong>de</strong>slocado da produção poética, é uma das vozes que<br />

irrompe do substrato africano. Cingido ao conceito <strong>de</strong><br />

Mãe-Negra, a Mãe-África, <strong>de</strong>fine uma posição muito<br />

concreta: O «Mundo maravilhoso/On<strong>de</strong> o seu filho [da<br />

“Mãe-Negra”] po<strong>de</strong>rá viver». E posteriormente a sua<br />

poesia será, verso a verso, o reflexo <strong>de</strong> uma consciência<br />

política que amadurece numa prática real, mas que já<br />

estava anunciada em 1955 em «Oferenda», publicado O<br />

Brado Africano, <strong>de</strong> profunda radicação nacional:<br />

Eis-me agora aqui,<br />

Mãe!<br />

árvores, cobrindo-te nos teus braços<br />

e envolvendo-te na sombra<br />

do teu repouso impossível,<br />

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