Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
consciência libertadora. Simplesmente, em Angola, a<br />
revista Mensagem era uma cicatriz profunda rasgada ao<br />
futuro, enquanto Msaho, apesar do esforço <strong>de</strong> alguns,<br />
apesar da sua significativa importância, ficou como que<br />
um projecto inacabado e um chamamento cujo eco<br />
havia <strong>de</strong> se repercutir sinuosamente. Mas fica ainda, é<br />
justo dizê-lo, como marco <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> poética – e,<br />
mercê <strong>de</strong> alguns poetas, marco <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> poética<br />
moçambicana.<br />
Virgílio <strong>de</strong> Lemos afirmava ainda na apresentação: «O<br />
que nesta primeira folha revela ainda o <strong>de</strong>sencontro<br />
estético, formal ou expressivo, numa segunda ou<br />
terceira folha po<strong>de</strong>rá tornar-se homogéneo e vir a<br />
<strong>de</strong>finir uma força resultante do contacto com os<br />
elementos nativos que ainda hoje formam uma massa<br />
disforme, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e incolor.» A verda<strong>de</strong> é que Msaho<br />
encerrou no primeiro número o círculo do seu projecto.<br />
As palavras <strong>de</strong> V. <strong>de</strong> Lemos reflectiam a existência <strong>de</strong><br />
uma in<strong>de</strong>finição da poesia moçambicana Ou melhor:<br />
reflectiam aquilo que haveria, afinal, <strong>de</strong> ser uma<br />
constante da poesia moçambicana: duas linhas<br />
fundamentais justapondo-se se não mesmo<br />
confrontando-se – uma <strong>de</strong> características europeias ou<br />
europeizadas, outra <strong>de</strong> raiz moçambicana. Aqui também<br />
em oposição ao fenómeno poético angolano (para não<br />
citarmos outros casos ainda mais coesos: os <strong>de</strong> S. Tomé<br />
e Príncipe e <strong>de</strong> Cabo Ver<strong>de</strong>) que, cedo, obteve uma<br />
predominância <strong>de</strong> <strong>expressão</strong> <strong>de</strong> angolanida<strong>de</strong>.<br />
A partir <strong>de</strong> 1955 O Brado Africano, não só no corpo<br />
normal do jornal, como através <strong>de</strong> folhas literárias 132 e<br />
ainda do suplemento feminino «Chez Elle», durante<br />
cerca <strong>de</strong> três anos, a referida «linha moçambicana» se<br />
acentua e tudo parece indicar que ela se transformava na<br />
76