17.04.2013 Views

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Em A. dos Santos Abranches, apesar <strong>de</strong> tudo, a<br />

significação dinâmica <strong>de</strong> um real específico, por vezes<br />

está lá. Mas também este cabe nos compêndios da<br />

literatura <strong>portuguesa</strong>. Alberto Lacerda, que já citámos, é<br />

o caso típico <strong>de</strong> poeta <strong>de</strong> origem europeia, nascido em<br />

África, inteiramente solicitado pelos apelos<br />

condicionados por uma sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cultura<br />

europeia.<br />

Assim, dos poetas ainda não consi<strong>de</strong>rados (excepção<br />

para Domingos <strong>de</strong> Azevedo, <strong>de</strong> origem angolana, que<br />

passou meteoricamente pela poesia), ficam-nos Ruy<br />

Guerra e Duarte Galvão. Ruy Guerra já por esse tempo<br />

se revelava um jovem inserido no mundo da mudança e<br />

da esperança. Em 1955 no Itinerário, sarcasticamente<br />

zombava da civilização cristã, pelo menos em África:<br />

«20 séculos <strong>de</strong> cultura em cada litro <strong>de</strong> ar» 130. No<br />

entanto, mais tar<strong>de</strong>, exilando-se, vai no Brasil tornar-se<br />

no cineasta prestigioso <strong>de</strong> raiz brasileira. Duarte Galvão<br />

[i. e. Virgílio <strong>de</strong> Lemos], que viria a ser preso e julgado<br />

em Tribunal por uma anedótica acusação contra o seu<br />

livro Poemas do tempo presente (1960), já então seria dos<br />

que, juntamente com Noémia <strong>de</strong> Sousa, apontava para<br />

um enunciado africano. Mas, concretamente explicitada<br />

a sua mensagem <strong>de</strong> negritu<strong>de</strong>, vamos encontrá-la, em<br />

gran<strong>de</strong> parte, na poesia reunida no citado livro, como no<br />

poema «Cantemos com os poetas do Haiti»:<br />

Uma canção amarga que não se perca<br />

Cantemos em uníssono, porque lá ou aqui,<br />

Os segredos iguais, fundos <strong>de</strong> angústia,<br />

E os poemas verticais, também <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero. 131<br />

De facto, em Moçambique, tal como em Angola,<br />

estava-se no limiar <strong>de</strong> uma nova poesia, <strong>de</strong> uma nova<br />

75

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!