17.04.2013 Views

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

organizadores como que se sentem <strong>de</strong> algum modo<br />

gorados. E porquê? Nesse primeiro número (e afinal o<br />

único) há o registo <strong>de</strong> oito poetas: Alberto Lacerda,<br />

Domingos <strong>de</strong> Azevedo, Duarte Galvão, Noémia <strong>de</strong><br />

Sousa, Ruy Guerra, Augusto dos Santos Abranches,<br />

Cor<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Brito, Reinaldo Ferreira. Todos eles, ou<br />

pelo menos alguns <strong>de</strong>les poetas <strong>de</strong> nível estético<br />

indiscutível. Simplesmente acontece que, por exemplo,<br />

os três últimos eram portugueses radicados e, com<br />

excepção <strong>de</strong> A. dos Santos Abranches, não estavam<br />

empenhados na construção <strong>de</strong> uma poesia <strong>de</strong><br />

características específicas. Cor<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Brito era um<br />

homem da Presença (Coimbra). Reinaldo Ferreira (1922-<br />

1959), Poesia (1959), embora tivesse terminado por<br />

falecer no Maputo, como que viveu um tanto à margem<br />

dos gran<strong>de</strong>s problemas <strong>de</strong> Moçambique. E se algumas<br />

ressonâncias moçambicanas a sua poesia haveria <strong>de</strong><br />

exprimir só mais tar<strong>de</strong> isso seria possível. O seu campo<br />

semântico é, em gran<strong>de</strong> parte, o <strong>de</strong> uma certa angústia<br />

existencial, a dor <strong>de</strong> viver num mundo incoerente e<br />

fechado: «Dispersa entre os átomos dispersos,/se<br />

acumula a tristeza <strong>de</strong>ste dia/e a razão <strong>de</strong>stes versos» 127;<br />

ou: «Apenas sei a vibração e o <strong>de</strong>sânimo/(o sol<br />

excessivo e a sombra opaca),/Olho-te no<br />

<strong>de</strong>slumbramento /De quem se banha/E se<br />

<strong>de</strong>slumbra/Em penumbra» 128. A vida uma cruelda<strong>de</strong> e a<br />

existência uma fatalida<strong>de</strong> «infernal»: «Já me não basta<br />

morrer,/tanto me falta a certeza/que páro todo <strong>de</strong><br />

ser/Na vida sem mim ilesa» 29. Exaltado em<br />

Moçambique: «Um gran<strong>de</strong> Poeta» (Eugénio Lisboa) e<br />

festejado em Portugal, sobretudo por Régio, que país irá<br />

reclamar a paternida<strong>de</strong> da obra <strong>de</strong> Reinaldo Ferreira?<br />

Moçambique ou Portugal?<br />

74

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!