17.04.2013 Views

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Época <strong>de</strong> transição, tempo histórico e cultural pejado<br />

<strong>de</strong> contradições, em que uma literatura <strong>de</strong> raiz mal se<br />

entrevia, é natural que as hesitações tenham limitado o<br />

campo semântico preferido. Parece fora <strong>de</strong> dúvida,<br />

porém, que Rui <strong>de</strong> Noronha, personalida<strong>de</strong> introvertida<br />

e amargurada («A cruel ilusão <strong>de</strong> quanto existe...»), é<br />

sensível aos valores africanos, como vimos, e também<br />

ao sofrimento e à injustiça dos negros que labutam na<br />

<strong>de</strong>sgraça: «Ó negros! Que penoso é viver/A vida inteira<br />

aos fardos <strong>de</strong> quem quer/E na velhice ao pão da<br />

carida<strong>de</strong>...» 105. Contemporâneo <strong>de</strong> Rui <strong>de</strong> Noronha foi<br />

Caetano Campo, português falecido em Maputo, autor<br />

<strong>de</strong> várias obras, mas no caso presente interessa apenas<br />

Nyaka (1942), reflexo da consciência <strong>de</strong> uma a<strong>de</strong>são ao<br />

mundo africano, e que po<strong>de</strong> aceitar-se também como<br />

precursor naquilo que há <strong>de</strong> chamamento sentimental<br />

para uma realida<strong>de</strong> esquecida: «Ó ÁFRICA profunda,<br />

extensa, enorme/[...] Apronta a alma em fontes <strong>de</strong><br />

energia,/abre ao Futuro o seio <strong>de</strong>slumbrado:/do feito<br />

fecundo do Passado,/darás ao Mundo, a luz <strong>de</strong> um<br />

outro Dia» 106.<br />

É um sentimento <strong>de</strong>ste teor que, mais tar<strong>de</strong>, vamos<br />

encontrar no esforçado, mas dificilmente logrado,<br />

Albuquerque Freire (entre o mais, Canção negra e outros<br />

poemas (1950-1960): «Quanta ânsia contida nos teus<br />

músculos <strong>de</strong> aço adormecidos/E amarrados por<br />

traiçoeiras serpentes <strong>de</strong> ódio!» 107<br />

Em 1941 inicia a sua publicação Itinerário (1941-1955)<br />

que tinha como projecto a «divulgação do<br />

conhecimento do saber humano, o “<strong>de</strong>senvolvimento”<br />

do sentido crítico nas suas mais elevadas expressões e o<br />

enriquecimento no campo das Letras, pela conjugação<br />

<strong>de</strong> valores novos que possam vir a afirmar-se.» Quinze<br />

65

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!