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Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

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na análise das relações entre colonizados e<br />

colonizadores.<br />

Por sua vez, A. Bobela-Motta, uma vida inteira<br />

trabalhando em África, integrando-se em Angola,<br />

tornada agora pátria sua, acaba <strong>de</strong> publicar a colectânea<br />

<strong>de</strong> contos Não adianta chorar (1977). «Contos coloniais» é<br />

o subtítulo. Contos da era colonial. Ao contrário,<br />

porém, do que suce<strong>de</strong> em obras lançadas na dignificação<br />

do esforço do branco, aqui se perspectiva uma análise<br />

crítica e objectiva das relações colono/colonizado.<br />

Nestas histórias a dominante é a coisificação do homem<br />

negro. Discurso cruel, que traz à evidência o <strong>de</strong>sumano<br />

comportamento do europeu regido pelos seus interesses<br />

materiais, sua razão <strong>de</strong> ser em África. Deste modo o<br />

enunciado <strong>de</strong> Bobela-Motta, em vários aspectos,<br />

contraria o <strong>de</strong> Raul David, através <strong>de</strong> um texto<br />

implacável. Finalmente <strong>de</strong>stacamos uma outra<br />

contribuição: a <strong>de</strong> Manuel Rui (O regresso adiado, 1974).<br />

Contos <strong>de</strong> <strong>expressão</strong> bipartida: África e Europa. No<br />

entanto a área <strong>de</strong> análise é sempre o negro ou, antes, o<br />

mulato. Ainda mesmo quando o branco entra na cena é<br />

para, num movimento <strong>de</strong> bomerangue, nos remeter para<br />

o homem angolano humilhado ou alienado, via <strong>de</strong> regra.<br />

As experiências da luta armada estão a vir à superfície.<br />

A prová-lo citaríamos já um livrinho publicado na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, em 1974, pela África Editora, intitulado<br />

Coringe e os 3 irmãos, texto e coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Emílío<br />

Filipe, composto <strong>de</strong> duas histórias: «A estória <strong>de</strong><br />

Coringe», contada por Francisco António Monteiro e «A<br />

estória <strong>de</strong> os 3 irmãos» por Firmino Lopes Tomaz.<br />

Emílio Filipe, o coor<strong>de</strong>nador, diz na abertura do texto:<br />

«Leitor: Vamos contar-te duas estórias dramáticas quase<br />

irreais – muito embora idênticas a milhares <strong>de</strong> outras<br />

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