Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
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Colaboradores daquelas e outras revistas foram<br />
também M. António, Luandino Vieira, Arnaldo Santos e<br />
Henrique Abranches, que terminaram por ter obra<br />
publicada em volume. Os três últimos na Colecção<br />
Autores Ultramarinos da C.E.I. Henrique Abranches,<br />
em Diálogo (1963), revela um conhecimento invulgar do<br />
largo mundo do sul <strong>de</strong> Angola, das gentes <strong>de</strong>sprotegidas<br />
e cujos anseios se <strong>de</strong>sligam da sua situação como<br />
homens explorados, mas o narrador traz à superfície o<br />
que potencialmente subjaz na vida e na mente <strong>de</strong>ssa<br />
humanida<strong>de</strong> em luta com a natureza e a organização<br />
social agora imposta. M. António (Farra no fim da semana,<br />
1961; Gente para romance, 1961; Crónica da cida<strong>de</strong> estranha,<br />
1964) embora só em 1961 venha a publicar o seu<br />
primeiro livro <strong>de</strong> ficção, po<strong>de</strong> dizer-se, no entanto, que<br />
se revelou como contista (e poeta) em Mensagem (n.º<br />
2/4, 1952). Se se reconhece, <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong>pois, uma<br />
elaborada tessitura do texto, também certo é que o<br />
tecido semântico privilegia agora níveis sociais<br />
diferentes dos anunciados em 1952 ou, então, dir-se-á<br />
que a sua visão preferencia outro enquadramento. E,<br />
assim, sensível ao mundo inscrito nomeadamente nos<br />
meios caracterizados pelo mulatismo, através da<br />
rememoração, faz a crónica da «cida<strong>de</strong> estranha»<br />
[Luanda], mas fruste por vezes na sua trajectória,<br />
quotidiana e <strong>de</strong>sencantada no seu <strong>de</strong>stino vivencial.<br />
Também o quadro social <strong>de</strong> Arnaldo Santos<br />
(Quinaxixe, 1965; Tempo <strong>de</strong> munhungo, 1968) é o da cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Luanda, mas muito colado, não ao <strong>de</strong>sencanto, ao<br />
jogo ineficaz <strong>de</strong> um certo absurdo, antes ultrapassando<br />
o jogo das aparências, aviva criticamente o círculo das<br />
contradições sociais e raciais. As suas narrativas, <strong>de</strong> um<br />
modo geral, evi<strong>de</strong>nciam uma estrutura adulta e, embora<br />
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