Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Cruéis e implacáveis como <strong>de</strong>núncia, as narrativas <strong>de</strong><br />
Castro Soromenho: Terra morta, 1949, Viragem, 1957 e<br />
Chaga (ed. póstuma, 1970) são uma viragem <strong>de</strong> 180º no<br />
romance africano <strong>de</strong> <strong>expressão</strong> <strong>portuguesa</strong>. A figura <strong>de</strong><br />
Castro Soromenho vai dominar os fins da década <strong>de</strong> 30<br />
(nessa altura já em Lisboa, como jornalista) e a década<br />
<strong>de</strong> 40, até que nas décadas <strong>de</strong> 50 e 60 outros se lhe vêm<br />
associar, mas poucos são os que atingiram o nível por<br />
ele alcançado, reconhecido internacionalmente através<br />
<strong>de</strong> traduções em várias línguas e alguns estudos que<br />
foram <strong>de</strong>dicados à sua obra e personalida<strong>de</strong> literária<br />
(Vi<strong>de</strong> Bibliografia no final <strong>de</strong>ste volume).<br />
Por essa época já Oscar Ribas, apesar <strong>de</strong> cego, mas<br />
ajudado por seu irmão, havia iniciado a sua longa<br />
carreira <strong>de</strong> escritor, que veio a bipartir-se na investigação<br />
etnográfica ou etnológica, que é das mais fecundas <strong>de</strong><br />
Angola, e na ficção (Nuvens que passam, 1927; O resgate <strong>de</strong><br />
uma falta, 1929; Flores e espinhos, 1948; Uanga – Feitiço,<br />
1951; Ecos da minha terra, 1952; Quilanduquilo, 1973).<br />
Suce<strong>de</strong> que, no entanto, toda a sua obra romanesca é<br />
repassada pela intervenção <strong>de</strong> etnógrafo, facto que, do<br />
ponto <strong>de</strong> vista das exigências da estrutura literária, não<br />
favorece muitos dos seus textos ficcionais dada a<br />
marcada e persistente intenção <strong>de</strong> explicar um<br />
<strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> comportamentos sociais, <strong>de</strong><br />
carácter profano ou mítico. Seja como for, a sua obra<br />
literária, como Uanga, não <strong>de</strong>ve ser ignorada.<br />
Lília da Fonseca, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma primeira experiência<br />
em Panguila (1944), mais tar<strong>de</strong> publica um conto, Filha <strong>de</strong><br />
branco (1960), alegoria hoje passível <strong>de</strong> larga<br />
controvérsia. Cochat Osório (Capim Ver<strong>de</strong>, 1957; O<br />
homem <strong>de</strong> chapéu, 1962) verte em algumas das suas<br />
histórias a <strong>de</strong>morada experiência da sua estadia em<br />
52