17.04.2013 Views

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

essonâncias, obtidas muitas vezes pela acumulação <strong>de</strong><br />

significantes sonoros, a enumeração, a <strong>expressão</strong> directa,<br />

a marca obtida através <strong>de</strong> certos signos intencionais, e<br />

mais sugerindo do que significando, característica <strong>de</strong><br />

muita poesia anterior, dão lugar a uma escrita <strong>de</strong><br />

tratamento mais exigente através dos recursos à imagem,<br />

à metáfora, à metonímia, a uma contenção que<br />

exemplifica uma consciência estética mais apurada. Não<br />

significa isto que pretendamos minimizar a poesia<br />

anterior, mas tão só chamar a atenção para uma<br />

evolução estilística que aliás se ramifica, no menos, num<br />

Arnaldo Santos, num Luandino Vieira, num Costa<br />

Andra<strong>de</strong>. Queremos dizer que o corpus poético se<br />

alargou e enriqueceu. Manuel Rui, Jofre Rocha, David<br />

Mestre, João-Maria Vilanova, Ruy <strong>de</strong> Carvalho,<br />

Monteiro dos Santos, Arlindo Barbeitos são, na verda<strong>de</strong>,<br />

o quadro vivo <strong>de</strong> uma poesia, perceptiva a uma<br />

qualida<strong>de</strong>, e que baseia no universo angolano o<br />

fundamento irrecusável da sua substância. Manuel Rui<br />

(Poesia sem notícia, 1966 [?], Onda, 1973; onze poemas em<br />

novembro, 1976). Onda, fluxo e refluxo do homem<br />

angolano vivendo o seu tempo, e com o seu tempo, na<br />

Europa, os olhos, no entanto, postos na sua pátria: um<br />

certo complexo <strong>de</strong> culpa, mas também a afirmação <strong>de</strong><br />

uma fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> nacionalista, e a ânsia <strong>de</strong> ela se<br />

concretizar.<br />

Amar-te é isto<br />

com o teu perdão<br />

não agarrar a onda<br />

e mastigar-lhe o sal<br />

que apenas sei<br />

ter beijado<br />

a tua praia 79<br />

38

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!