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Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

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Benguela, ali traça o seu <strong>de</strong>stino como angolano, e o seu<br />

i<strong>de</strong>ário transcreve a experiência vivida no quotidiano, lá<br />

on<strong>de</strong> a vida é quase apenas sofrimento: «bairros<br />

pobres», «Dona Margarida», «Mamã Chica», «Manuel<br />

Capitão», «Velha Bumba», com relevo especial para as<br />

velhas figuras femininas. Ganharia a sua poesia se fosse<br />

travada a tendência verbalista, que o tom coloquial, <strong>de</strong><br />

alguns momentos, ressalva: «Coitada da Antónia/que<br />

está grávida <strong>de</strong> seis meses/e o bandido do homem/diz<br />

que o filho não é <strong>de</strong>le» 78. Dos não citados, com alguma<br />

assiduida<strong>de</strong> sobretudo no suplemento d’A Província <strong>de</strong><br />

Angola, são Manuela <strong>de</strong> Abreu, Francisco Lâmina,<br />

embora <strong>de</strong>ste tenhamos um conhecimento precário, e<br />

João Serra, que, inclusive, se associa a Kuzuela n.º 2.<br />

Neste uma forma indirecta <strong>de</strong> inserção no tempo real<br />

angolano, com o pendor para uma subtil ironia, até nos<br />

poemas <strong>de</strong> amor visivelmente organizados numa<br />

intenção <strong>de</strong> raiz dialéctica: «Meu amor <strong>de</strong> ser um braço<br />

armado/contra tudo na construção do tempo<br />

imaginado» («Artes e Letras» d’A Província <strong>de</strong> Angola, 10-<br />

10-1973), inserção agora apontada ao centro da<br />

Revolução («sou um trabalhador comunista») no folheto<br />

Venho das teses <strong>de</strong> Outubro (1977).<br />

No entanto, a década <strong>de</strong> setenta, e ainda mesmo antes<br />

da in<strong>de</strong>pendência, preenche-se com um grupo <strong>de</strong> poetas<br />

quase todos revelados recentemente ou, num ou outro<br />

caso, foi recentemente que se impuseram, em <strong>de</strong>finitivo.<br />

Leque variado, eles são os directos continuadores <strong>de</strong><br />

uma poesia nascida nos duros anos <strong>de</strong> cinquenta. Este<br />

grupo, <strong>de</strong> um modo geral, renovando o espaço<br />

estilístico, e revelando um convívio com as conquistas<br />

da poesia actual, integram a poesia angolana no plano <strong>de</strong><br />

uma mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> que a valoriza e actualiza. As<br />

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