17.04.2013 Views

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O sol da minha terra<br />

Às vezes é também<br />

Num relâmpago <strong>de</strong> meio-dia<br />

E queimam as sombras dos homens 54<br />

São diferentes os recursos estilísticos <strong>de</strong> Ernesto Lara<br />

Filho (Picada do marimbomdo, 1961; Canto do martrindin<strong>de</strong>,<br />

1964; Seripipi na gaiola, 1970; Canto do martrindin<strong>de</strong>, 1975,<br />

que reúne os anteriores) em cujos textos há uma<br />

acentuada propensão discursiva. Sendo branco, afirma:<br />

«Sou sincero/Eu gostava <strong>de</strong> ser negro» 55 e daí uma área<br />

substancial da sua poética percorrida por signos<br />

medularmente africanos: os «cazumbis», os<br />

«musseques», a «Mulata», etc., circuito que fecha com a<br />

ante-visão do «amanhã»: «Os nossos filhos/Negra/hão<strong>de</strong><br />

trazer a vida à flor da pele escura». 56 A inserção da<br />

sua africanida<strong>de</strong> constroe-se também na alegoria<br />

colectiva: «Nós iremos, nós também/Minha mãe/<br />

pisando o capim queimado/pisando a areia das<br />

praias/atravessando os <strong>de</strong>sertos/Caminhando pelas<br />

lavras/e <strong>de</strong>rrubando florestas:<br />

Nós iremos, nós também<br />

plantar mangueiras<br />

na Lua... 57<br />

Outro nome a <strong>de</strong>stacar: António Cardoso (Poemas <strong>de</strong><br />

circunstância, 1961). Catorze anos <strong>de</strong> prisão (companheiro<br />

<strong>de</strong> Luandino Vieira, António Jacinto, A. Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Carvalho, Manuel Pacavira) no campo <strong>de</strong> concentração<br />

do Tarrafal <strong>de</strong> Cabo-Ver<strong>de</strong>. António Cardoso procura<br />

na linguagem poética directa a correspondência imediata<br />

da linguagem <strong>de</strong> acção: «É inútil mesmo chorar/Se<br />

choramos aceitamos, é preciso não aceitar”/por todos<br />

29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!