Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
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Ora então<br />
bom dia minha gente<br />
sadia<br />
Aqui vai o meu bom dia enorme<br />
polvilhado em toda a dimensão<br />
da hora verda<strong>de</strong>ira em que nós somos gente 49<br />
Essencialmente lírico, emotivo, ao tom reivindicativo<br />
ou protestativo prefere o uso <strong>de</strong> formas mais discretas<br />
ou alegóricas na construção <strong>de</strong> uma poética <strong>de</strong><br />
inspiração e intenção sociais, sendo visível nos seus dois<br />
livros, recentemente publicados, o esforço (logrado)<br />
contra o pendor discursivo.<br />
Um dos segmentos importantes da poesia angolana é<br />
o mulatismo. Quase todos, poetas vivendo em Luanda<br />
ou outras cida<strong>de</strong>s, Benguela, Sá da Ban<strong>de</strong>ira, Lobito, e<br />
num país on<strong>de</strong> nos centros urbanos se formou, ao longo<br />
dos séculos, uma mestiçagem, ao mesmo tempo étnica e<br />
cultural, natural seria que se mostrassem sensíveis a esse<br />
universo tocado <strong>de</strong> uma sensibilida<strong>de</strong> específica: tipos,<br />
figuras populares, contadores <strong>de</strong> histórias do<br />
antigamente, as vovôs, uma encruzilhada viva e álacre.<br />
Poucos são os poetas angolanos que se furtaram à<br />
<strong>expressão</strong> <strong>de</strong>ste mundo. Mas por outro lado, e já o<br />
dissemos, é corrente a referência a uma<br />
multirracialida<strong>de</strong>, que em Tomás Jorge (Areal, 1961),<br />
filho do poeta Tomaz Vieira da Cruz e mãe angolana,<br />
po<strong>de</strong> ser um exemplo, mas não é incompatível com a<br />
exigência que ele faz aos outros e, no fundo, a si<br />
próprio, <strong>de</strong> uma firmeza moral, em pleno período <strong>de</strong><br />
luta armada (1963): «Tu/Filho da nossa mesma Mãe/Sê<br />
inteiro e vertical/Em qualquer tempesta<strong>de</strong>!» 50 Em 1972<br />
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