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Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

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«prisões», o «exílio», a «exploração», a «condição<br />

moribunda», a «escravidão», o «chicote». Eles, estes<br />

signos, preenchem a porção irada do enunciado poético<br />

<strong>de</strong> Agostinho Neto (e <strong>de</strong> tantos outros), mas bebida na<br />

nascente do universo colonizado. Antiteticamente a<br />

outra face do enunciado se vivifica na «liberda<strong>de</strong>» <strong>de</strong><br />

«braços erguidos», na «sagrada esperança», na «certeza»,<br />

no «amanhecer vital» alimentado na «melodia quente das<br />

marimbas», no «coqueiro ver<strong>de</strong> das palmeiras<br />

queimadas», na «sinfonia adocicada dos coqueiros», no<br />

«florir aromatizado da floresta», na «agilida<strong>de</strong> da gazela».<br />

Em resumo, a antinomia se estabelece entre «o choro <strong>de</strong><br />

África», o «povo martirizado durante cinco séculos» e o<br />

«amanhecer vital sobre a nossa esperança» 22 que<br />

conduzirá ao «estilo africano da vida» «no conceito<br />

harmonioso do universal» 23.<br />

Em Viriato da Cruz (1928-1973), Poemas (1971),<br />

também fundador do M.P.L.A., emerge muito vivo o<br />

sentimento da pátria <strong>de</strong> que falávamos, há momentos<br />

(«Oh Terra, oh Terra; Oh minha mãe Terra!!) 24 que<br />

exalta, nobilita no recurso à função expressiva, e da<br />

angolanida<strong>de</strong> transita para a negritu<strong>de</strong> ou, melhor, fun<strong>de</strong><br />

estes dois pontos <strong>de</strong> vista num só, glorificando, com<br />

veemência, o hornem africano disseminado pelo<br />

planeta, erguendo a sua voz libertadora, como é visível<br />

no poema «Mamãe Negra (Canto <strong>de</strong> esperança)»:<br />

Pela tua voz<br />

Vozes vindas dos canaviais dos arrozais dos cafezais<br />

[dos seringais dos algodais...<br />

vozes das plantações da Virgínia<br />

dos campos das Carolinas<br />

Alabama<br />

Cuba<br />

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