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Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

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<strong>de</strong> há um quarto <strong>de</strong> século como neste excerto do<br />

«A<strong>de</strong>us à hora da largada» <strong>de</strong> Agostinho Neto (Quatro<br />

poemas <strong>de</strong> Agostinho Neto, 1957; Poemas, 1961, Sagrada<br />

esperança, 1974).<br />

Minha mãe<br />

(todas as mães negras<br />

cujos filhos partiram)<br />

tu me ensinaste a esperar<br />

como esperaste nas horas difíceis<br />

Mas a vida<br />

matou em mim essa mística esperança<br />

Eu já não espero<br />

sou aquele por quem se espera<br />

Sou eu minha mãe<br />

a esperança somos nós<br />

os teus filhos<br />

partidos para uma fé que alimenta a vida<br />

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...<br />

Amanhã<br />

entoaremos hinos à liberda<strong>de</strong><br />

quando comemorarmos<br />

a data da abolição <strong>de</strong>sta escravatura 20<br />

Esta é uma das poéticas on<strong>de</strong> os signos da «certeza»<br />

(título <strong>de</strong> um dos poemas <strong>de</strong> Agostinho Neto) andam<br />

semeados. Por certo não se escon<strong>de</strong> a ênfase dada aos<br />

signos da «violência», tão sentida e sofrida que, numa<br />

estrofe <strong>de</strong> quatro versos, A. Neto enumera três vezes:<br />

«na violência/na violência/na violência» 21. Porque é <strong>de</strong>la<br />

que <strong>de</strong>flue a «servidão», «os corpos cadaverizados», as<br />

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