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Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

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esforço sincero numa a<strong>de</strong>são, se discutível, pelo menos<br />

honestamente romantizada:<br />

Não sei, por estas noites tropicais,<br />

O que me encanta...<br />

Se é o luar que canta<br />

Ou a floresta aos ais. 10<br />

Quando um poeta africano se radica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo e por<br />

dilatado tempo numa cida<strong>de</strong> europeia, como Lisboa,<br />

corre vários riscos, sobretudo se se vive no tempo do<br />

fascismo. As suas vivências <strong>africanas</strong>, se lhe avivam a<br />

sauda<strong>de</strong>, mas porque se vão enfraquecendo, prejudicamlhe<br />

a resposta criadora. O poeta passa a viver <strong>de</strong><br />

rememorações, o seu gesto fica inacabado. Seria isso<br />

que teria acontecido a G. B. Victor. (Ecos dispersos, 1941;<br />

Ao som das marimbas, 1943; Debaixo do céu, 1949; A<br />

restauração <strong>de</strong> Angola, 1957; Cubata abandonada, 1958;<br />

Mucanda, 1965; Monan<strong>de</strong>ngue, 1973), enquanto poeta e<br />

contista? Pergunto-me: quando ele em «O tocador <strong>de</strong><br />

marimba» evoca e apela: «Ah! se eu tivesse o teu cantar<br />

profundo,/num Poema eterno cantaria a raça/por todo<br />

o mundo e para além do mundo!...» 11, haverá neste<br />

apelo a si próprio a força real da negritu<strong>de</strong> ou o sinal <strong>de</strong><br />

uma certa impossibilida<strong>de</strong> para cantar a «raça»? Ou<br />

ainda em «Ezuvi»: «Eu canto ao mundo, ao mundo<br />

inteiro, a graça/nativa do teu corpo <strong>de</strong> mulher» 12. Aqui<br />

há inserção ou distanciação? Em 1949 G. B. Victor, em<br />

Debaixo do Céu, no poema «Eis-me navegador...»<br />

glorificava-se: «Eu tenho a fé e o sonho <strong>de</strong> Cabral/em<br />

busca do Brasil do meu anseio!» 13. Debaixo do céu,<br />

porém, é anterior a Ao som das marimbas. Isto é<br />

importante. Posteriormente, teria resolvido, realmente, a<br />

ambiguida<strong>de</strong> ou a contradição? Em 1973, com<br />

13

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