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Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

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Por muito estranho que pareça vão ser necessários<br />

cerca <strong>de</strong> quarenta anos para que renasça o caminho<br />

encetado no século XIX. A um hiato <strong>de</strong> quase vinte<br />

anos suce<strong>de</strong> o renascimento da literatura colonial que, a<br />

partir dos alvores da década <strong>de</strong> 20, vai dominar o<br />

panorama literário. Na área da narrativa cabe ao mestiço<br />

A. Assis Júnior dar o primeiro abanão na literatura<br />

colonial com o seu romance O segredo da morta, (1936) <strong>de</strong><br />

que nos ocuparemos mais adiante. Antes mesmo da<br />

publicação do romance <strong>de</strong> Assis Júnior, Tomaz Vieira<br />

da Cruz (1900-1960), português radicado, com o seu<br />

livro <strong>de</strong> poemas Quissange-sauda<strong>de</strong> negra (1932), a que se<br />

seguiram Tatuagem (1941), Cazumbi (1951), retoma, sem<br />

talvez tomar consciência disso, algumas das fugazes<br />

experiências poéticas oitocentistas. O projecto <strong>de</strong> uma<br />

semântica angolana é, em certa medida, alcançado.<br />

Poesia, a sua, exaltada na época, e mais tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>fendida<br />

e também combatida, naturalmente que hoje ela exige<br />

uma reflexão crítica para que possa ser reposta no seu<br />

<strong>de</strong>vido lugar. Parece evi<strong>de</strong>nte que a novida<strong>de</strong> vem do<br />

facto <strong>de</strong> Tomaz Vieira da Cruz tentar uma<br />

«<strong>de</strong>scolonização» <strong>de</strong> si próprio, procurando a a<strong>de</strong>são ao<br />

universo africano. Temas como «Kiôca» («És negra,<br />

andas <strong>de</strong> luto/por tua raça infeliz!») 7; «Bailundos»<br />

(«Haveis <strong>de</strong> caminhar, sem caminhar,/que nunca terá<br />

fim o vosso inferno!») 8; «N’gola-flor <strong>de</strong> bronze», são<br />

apenas alguns exemplos. Com relevância o seu verbo se<br />

tece no «Amor mulato» e será essa sua «lira mulata» («A<br />

minha lira mulata») que vai condicionar a visão e<br />

explicar todo o seu mecanismo criador, que vê no<br />

«colono» o herói mítico; «Foi o primeiro em tudo/na<br />

Dor e no Amor» 9. Ponto <strong>de</strong> vista limitado, mas que<br />

<strong>de</strong>verá ser compensado pelo tempo <strong>de</strong> inserção e pelo<br />

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