17.04.2013 Views

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

mas, tendo nos claros olhos,<br />

o olhar mais límpido e puro! 4<br />

O conceito aristocratizante europeu é um veneno <strong>de</strong><br />

difícil excisão: «branca que ao mundo viesses,/serias das<br />

filhas d’Eva/em belleza, ó negra, a prima!...» 5 Também<br />

aqui, como se vê, a cor branca é condição necessária<br />

para a absolutização da beleza. Acentue-se, no entanto,<br />

que Joaquim Cor<strong>de</strong>iro da Mata, antes mesmo <strong>de</strong><br />

Eduardo Neves, se afoitou a dignificar a língua-mãe<br />

fazendo-a conviver com a língua <strong>portuguesa</strong> no poema<br />

«Kicôla!»: «- Nguàmi-âmi ngana – iame/“não quero, caro<br />

senhor”/disse sem mudar <strong>de</strong> côr» 6.<br />

Poesia <strong>de</strong> um certo rudimentarismo, mas outra não é<br />

fácil encontrar em Angola no século XIX. Ela fica<br />

sobretudo como sinal inequívoco do acordar <strong>de</strong> uma<br />

consciência para uma realida<strong>de</strong> a que se preten<strong>de</strong> dar a<br />

categoria <strong>de</strong> substância literária. Outros exemplos, mas<br />

<strong>de</strong> menor <strong>expressão</strong>, po<strong>de</strong>rão ser encontrados em Luz e<br />

Crença (1902-1903). Dirigida por Pedro da Paixão<br />

Franco, jornalista <strong>de</strong> nomeada, <strong>de</strong>la apenas se<br />

publicaram dois números, que reuniram a colaboração<br />

<strong>de</strong> alguns nomes em evidência na vida jornalística e<br />

intelectual da época, como Jorge Eduardo, Silvério<br />

Ferreira, Francisco Castelbranco, director dos Ensaios<br />

Literários. Nas «palavras indispensáveis» <strong>de</strong> abertura, o<br />

director da revista afirma que «n’uma terra on<strong>de</strong> se<br />

encontram dois males tenebrosos abraçados um do<br />

outro, – a falta <strong>de</strong> instrução e a venda profusa <strong>de</strong>sse<br />

veneno chamado álcool», – «se alguém espera graxa,<br />

manteiga, bajulação, per<strong>de</strong> o tempo, – que rasgue o nosso<br />

trabalho».<br />

11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!