Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Então a crença numa literatura africana, a partir do<br />
português, a vários níveis, já não é mera hipótese, mas<br />
uma realida<strong>de</strong> válida, multinacional, e <strong>de</strong> futuro radioso.<br />
Um espaço úbere <strong>de</strong> perspectivas que, alguns outros<br />
mais, vêm preenchendo com rara felicida<strong>de</strong>.<br />
Com Portagem (1965), Orlando Men<strong>de</strong>s publica o<br />
primeiro romance moçambicano. A acção <strong>de</strong>corre no<br />
Maputo e as personagens são brancas, negras e mestiças<br />
mas a tónica é da adaptação ou inadaptação do mestiço<br />
numa socieda<strong>de</strong> africana minada pela presença do<br />
europeu. Elemento perturbado, o mestiço balanceia<br />
entre o envolvimento <strong>de</strong> relações europeizadas e o apelo<br />
africano que nele resi<strong>de</strong>, se <strong>de</strong>senvolve, e termina,<br />
finalmente, por reencontrar-se, em <strong>de</strong>finitivo, no seu<br />
<strong>de</strong>stino histórico <strong>de</strong> africano. Orlando Men<strong>de</strong>s, já<br />
recentemente, e após a libertação, com País emerso, 1975<br />
(poesia, teatro e contos), volve ao registo do mundo da<br />
militância política que levou à libertação nacional. É<br />
assim importante a contribuição <strong>de</strong> Orlando Men<strong>de</strong>s e<br />
ela alarga a área <strong>de</strong> um João Dias e <strong>de</strong> um Luís Bernardo<br />
Honwana, quanto a nós os três autores que <strong>de</strong>ram a<br />
contribuição mais real e coerente para a narrativa<br />
moçambicana 172.<br />
Já neste período, G1ória <strong>de</strong> Sant’Ana, transita para a<br />
narrativa com a obra (... Do tempo inútil), 1975) crónicas<br />
escritas <strong>de</strong> 1960 a 1970. Linguagem repousada na<br />
transposição poética <strong>de</strong> um real perspectivado em lances<br />
<strong>de</strong> lirismo e insinuativa sensibilida<strong>de</strong>. Mas os dois<br />
últimos livros publicados que fazem da sua razão <strong>de</strong> ser<br />
a inserção real no universo moçambicano são os <strong>de</strong><br />
Afonso Ribeiro (África Colonial, 1975), «escrito antes <strong>de</strong><br />
60», como diz o autor, que adianta ainda: «Dou-o agora<br />
à luz da publicida<strong>de</strong> tal como o escrevi na sua primitiva<br />
103