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Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...

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A gran<strong>de</strong> revelação, porém, viria em 1964 com Nós<br />

matámos o cão tinhoso <strong>de</strong> Luís Bernardo Honwana. Po<strong>de</strong><br />

dizer-se que, com ele, se retoma a estrada real da<br />

narrativa moçambicana <strong>de</strong>ntro da proposta <strong>de</strong> João<br />

Dias. Excelente narrador, experiência pessoal vivida na<br />

sua própria condição <strong>de</strong> negro, Luís Bernardo<br />

Honwana, apesar da sua juventu<strong>de</strong> (as narrativas foram<br />

redigidas algumas, cremos, por volta <strong>de</strong> 18 anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>) faz do universo moçambicano o centro da análise<br />

das suas narrativas. A relação dialética<br />

colonizado/colonizador é dada, pelas formas mais<br />

subtis, através <strong>de</strong> várias personagens e situações.<br />

Situações <strong>de</strong> exploração, <strong>de</strong> incompreensão, <strong>de</strong> injustiça,<br />

<strong>de</strong> alienação, <strong>de</strong>salienação, e do sonho e da esperança.<br />

Luandino Vieira em Angola, Luís Bernardo Honwana<br />

em Moçambique, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> voo criativo <strong>de</strong><br />

cada um, a comparação só é possível consi<strong>de</strong>rando a<br />

inserção em estruturas sociais violentadas, aí on<strong>de</strong> o<br />

branco que é ladrão diz que o negro não é um homem<br />

mas um cão (Manuel Filipe <strong>de</strong> Moura Coutinho).<br />

Porque, no resto, no domínio da linguagem, enquanto<br />

as experiências <strong>de</strong> Luandino são orientadas na<br />

construção <strong>de</strong> uma fala profundamente híbrida,<br />

sincrética, as <strong>de</strong> Honwana privilegiam o português<br />

fundamental enriquecido <strong>de</strong> aquisições linguísticas<br />

moçambicanas. Veja-se, contudo, a sua mais recente<br />

experiência – a da recriação da fala <strong>de</strong> características<br />

populares, em «Rosita, até morreu» (Vértice, vol. XXXI,<br />

n. os 331-332, agosto-setembro, 1971, pp. 634-635), que<br />

possivelmente aponta para uma nova fase do autor. Mas<br />

o valioso é que mesmo assim a gramática <strong>de</strong> L. B.<br />

Honwana é uma gramática moçambicanizada e<br />

ductilizada para o exercício superior da criação literária.<br />

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