Literaturas africanas de expressão portuguesa - Centro Virtual ...
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De uma maneira geral todos estes autores são<br />
prosadores dotados. E falam do que conhecem.<br />
Simplesmente o que conhecem (ou sentem) os limita<br />
para um aprofundamento da realida<strong>de</strong> complexa que os<br />
circunscreve. As narrativas <strong>de</strong> Ascênsio <strong>de</strong> Freitas a bem<br />
dizer são o fruto <strong>de</strong> uma experiência da realida<strong>de</strong><br />
<strong>portuguesa</strong>, e estava certo, já que português ele era,<br />
nessa data radicado em Moçambique. Almeida Santos<br />
em uma ou duas histórias, mas sobretudo em «A história<br />
<strong>de</strong> Sabão» é sensível aos problemas sociais e às injustiças<br />
relevadas do preconceito racial, mas ainda assim há<br />
como que uma in<strong>de</strong>finição na forma como o narrador<br />
equaciona o futuro, isto é, não está seguro <strong>de</strong> que as<br />
contradições possam um dia ser resolvidas facilmente.<br />
Nuno Bermu<strong>de</strong>s reúne uma virtu<strong>de</strong>: a do domínio <strong>de</strong><br />
uma linguagem <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> excelente. O que vai ganhar<br />
maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> em toda a sua obra são as histórias <strong>de</strong><br />
caça, certo que ultrapassando o mero jogo lúdico ou<br />
aventureiro, mas <strong>de</strong> qualquer jeito a situação do homem<br />
africano, enraizado <strong>de</strong>ntro ou no limite das áreas<br />
tribalizadas é perspectivada numa relação mítica<br />
homem-natureza e <strong>de</strong> lado ficam as circunstâncias que<br />
têm a ver, profundamente, com o espaço real <strong>de</strong> um<br />
universo colonial em acelerada mutação. A análise <strong>de</strong> E.<br />
Vieira Simões, (Vagabundo na cida<strong>de</strong>, 1959; Cida<strong>de</strong> dos<br />
confins, 1963) faz-se ao suporte <strong>de</strong> um certo humor, um<br />
certo humanitarismo do quotidiano <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
brancos, on<strong>de</strong>, aqui e ali, se dá pelo negro. Cida<strong>de</strong> dos<br />
confins <strong>de</strong>ntro da nossa perspectiva, tem um maior<br />
interesse. Dele releva uma atitu<strong>de</strong> crítica mais alertada,<br />
mas não se nos afigura que o coração da cida<strong>de</strong><br />
laurentina tivesse sido tocado, até porque, se bem<br />
elaborado, o texto pa<strong>de</strong>ce, porém, <strong>de</strong> estrutura orgânica<br />
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